- Nos EUA temos a constante preocupação com a inflação alta, persistente e que demanda do Banco Central uma atitude agressiva em aumentos de juros
- A Europa traz um cenário ainda mais assustador dado que além da inflação alta e juros subindo pela primeira vez em mais de 10 anos, há uma preocupação com a guerra
- Bom, e o Brasil? Temos ainda juros subindo mais forte do que o mercado esperava, com mais um possível aumento agora em setembro
Depois de uma primeira metade de ano com muita volatilidade e queda nos mercados, tivemos uma recuperação forte nas últimas semanas. Esse rally de alta não era esperado por ninguém, nem mesmo pelo Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset e um dos maiores nomes da história do nosso mercado.
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No último relatório de resultados dos fundos uma frase me marcou: “Não esperávamos um rally de tal magnitude, mas víamos oportunidade de alocar capital a preços bem interessantes.”
Gosto sempre de fazer aquele exercício de desenhar um ‘T’ em um caderno e listar de um lado coluna os riscos que enxergo no mercado, e do outro lado os drivers que podem trazer ganhos e melhora principalmente para o mercado de ações.
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Depois de ter participado do evento da XP Investimentos, a EXPERT 2022, sai de lá com a cabeça de que o cenário é muito mais complexo e de longa resolução do que a impressão de que tudo já está no preço.
Durante o fim de semana abri meu caderno de análises e comecei a minha auto terapia financeira, analisando minhas anotações durante o evento e combinando com o que eu estou lendo em cartas de gestoras, notícias, twitter e tudo o mais.
Dessa vez, temos praticamente riscos no mercado, que se resolvidos se tornarão imediatamente pontos positivos e que poderão trazer bons resultados. Do lado negativo, a não resolução desses pontos pode fazer o mercado ficar “barato” por muito tempo.
Nos Estados Unidos temos a constante preocupação com a inflação alta, persistente e que demanda do Banco Central uma atitude agressiva em aumentos de juros. A questão é se o aumento de juros será tão agressivo que pode causar uma recessão maior ainda nos mercados por lá. Parte da recuperação das últimas semanas foi motivada pelos resultados melhores que o esperado pelas empresas de capital aberto. O que pouca gente deu importância foi o alto nível de demissões dessas empresas, prevendo tempos difíceis à frente.
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A Europa traz um cenário ainda mais assustador visto que, além da inflação alta e juros subindo pela primeira vez em mais de 10 anos, há uma preocupação com a guerra, a falta de energia e agora o fim do verão europeu que traz grande receita com turismo. Vale lembrar que faz anos que o velho continente não consegue caminhar sozinho.
Tão importante quanto mas com menos informação, temos a China que apesar de continuar crescendo sempre e ainda injetando estímulos na economia diferente do resto do mundo, começa a revisar os números de crescimento para o futuro e principalmente para o mercado imobiliário que segue fraco e corresponde à quase 30% da economia.
Ah, não podemos esquecer das commodities que seguem com forte volatilidade e sem ninguém cravar um acerto. Para se ter uma noção do descompasso das projeções, teve analista falando que o petróleo iria para US$ 60 enquanto outro especialista projetava o preço em mais de US$ 130. Claramente há uma discussão bem grande para se fazer nesse ponto.
Mas e o Brasil? Temos ainda juros subindo mais forte do que o mercado esperava. Com mais um possível aumento no próximo mês de setembro, ainda temos a questão das eleições que vão adicionar um tempero a mais no mercado.
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Já ficou claro que há inúmeros riscos e não são pontos fáceis de resolver, ou ainda, que possamos traduzir para as projeções do mercado. A única certeza de fato é que teremos ainda muita volatilidade que aumentará com qualquer notícia positiva ou negativa ligadas a esses pontos.
Agora, voltando à carta de gestão do Fundo Verde, eles diminuíram a exposição em bolsas globais e por enquanto mantiveram as ações no Brasil.
Sobre valor de mercado, já falei algumas vezes das oportunidades e de análises de múltiplos em relação às ações, tanto no Brasil quanto lá fora. A questão é aguentar o movimento nem sempre racional e ter paciência para colher os frutos do longo prazo.
A frase que deixo para hoje e que sempre tenho anotado quando estou eufórico ou achando tudo de graça é que “o barato de hoje pode ser o caro de amanhã”.
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