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- A performance da empresa foi a maior em comparação ao desempenho dos papéis entre os meses de janeiro a junho deste ano
- No entanto, segundo os analistas, os ganhos apresentados pela empresa não representam um movimento de recuperação e, sim, de um movimento pontual após fortes quedas
- No acumulado deste ano, as ações da Via amargam uma desvalorização superior a 50% devido ao aumento da inflação, o que compromete o poder de compra do consumidor
A Via (VIIA3) encerrou julho com a maior alta do Ibovespa ao fechar o período com ganhos de 25% no acumulado mensal. Esta foi a melhor performance da companhia ao longo deste ano. Segundo dados da Nord Research, apenas março (10%) e maio (5,7%) haviam sido meses positivos para a varejista.
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Além disso, o desempenho da companhia ficou bem acima do resultado das empresas similares, como Magazine Luiza e Americanas, que apresentaram altas de 10,26% e de 4,24%, respectivamente, durante o mesmo período.
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Apesar dos resultados expressivos, os analistas afirmam que ainda é cedo para avaliar um movimento de recuperação da empresa. Isso porque as altas foram impulsionadas, principalmente, por uma percepção de mercado de que o ciclo de alta de juros está próximo do fim no Brasil.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (1), a previsão do mercado é que a taxa de juros chegue no fim deste ano a 13,75% a.a. Caso as estimativas se concretizem, a próxima decisão do Copom, prevista para ser divulgada na próxima quarta-feira (3), poderá ser o último aumento da Selic do ano se a elevação for de 0,5%.
Desta forma, cria-se um ambiente otimista para as empresas classificadas de “crescimento” (por ter um retorno financeiro projetado no médio e longo prazo). “As ações de crescimento subiram mais de 10% no mês. A Via talvez se destacou das demais porque tinha caído mais (anteriormente)”, avalia Danniela Eiger, head de varejo e co-head de Equity Research da XP.
Além da perspectiva de um fim para o ciclo de aperto monetário no País, uma melhora nos indicadores da inflação referente ao mês de julho contribuiu para que as ações da Via e das outras varejistas ganhassem fôlego neste mês. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), a prévia da inflação desacelerou 0,13% em julho. O percentual representa 0,56 ponto porcentual abaixo da taxa de junho (0,69%).
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O anúncio do pagamento das parcelas do Auxílio Emergencial até o fim do ano, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Kamikaze, também contribuiu para os ganhos nos papéis. Com esse acréscimo na renda de parte da população, há uma perspectiva no aumento do consumo, o que pode trazer alguma melhora para os resultados operacionais da Via e de outras companhias do setor.
Por outro lado, os possíveis ganhos devem ser de curto prazo, justamente, porque o cenário macroeconômico que envolve o setor continua ruim, principalmente, com a proximidade das eleições. “O mercado não está vendo um comportamento de mudança de consumo dos brasileiros e que possa impulsionar os resultados. Pelo contrário, a tendência é que o cenário seja ainda pior. Temos um ano de eleição”, ressalta André Zonaro, analista da Nord Research.
Qual é a recomendação?
Embora as ações tenham apresentado altas, os analistas recomendam que o investidor tenha cautela antes de investir. Segundo Mário Goulart, analista da O2 Research, a empresa além de ter uma correlação forte com a economia brasileira também possui outros problemas, como o seu endividamento. Veja também como a briga dos Klein afeta ações da dona da Via.
“É uma empresa financeiramente muito complicada e que depende de uma melhora na economia brasileira para dar uma reagida boa no papel. A minha orientação é que o investidor seja cauteloso e que espere alguns trimestres para ver se a empresa começa a dar resultados”, aconselha Goulart.
Zonaro também recomenda cautela e que o investidor fique de fora do papel, no atual momento. Segundo ele, o cenário para os próximos meses deve continuar sendo desafiador e que a Via, assim como as outras varejistas (Magazine Luiza), seguem com múltiplos caros porque os resultados operacionais caíram mais do que a precificação dos papéis.
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“O momento atual não é para ficar posicionado em Varejo. A perspectiva para os próximos meses é de um cenário com margens extremamente apertadas”, ressalta. “É possível olhar para outros setores da bolsa com potenciais de crescimento e com perspectivas mais transparentes”, acrescenta Zonaro. Veja as principais recomendações para este mês de agosto, segundo 12 corretoras.
Já a XP tem recomendação neutra para os papéis da VIA com preço-alvo de R$ 3.