- Quando as empresas mostram os números no trimestre, apenas que haja algo muito fora do comum o usual é que ela apresente aquilo já esperado pelo mercado
- Estamos em um cenário muito incerto em termos econômicos, como juros altos no mundo todo e uma nova guerra que impulsiona preços de petróleo e pode trazer impacto na inflação
- No geral, as dúvidas recaem mais sobre as projeções macro e micro para 2024 do que para resultados passados
Estamos começando novamente uma das épocas que eu mais gosto, a temporada de resultados trimestrais. Já na semana que vem vamos ver grandes empresas como Klabin (KLBN4), Santander (SANB11), Gol (GOLL4) e Weg (WEGE3) trazendo os resultados no papel, além das teleconferências que, para mim, se apresentarão como grandes destaques em todos os resultados.
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Quando as empresas mostram os números no trimestre o usual é que elas apresentem o que já é esperado pelo mercado, exceto em situações fora do comum. Há, óbvio, casos positivos e negativos com operações, dívidas menores ou furos financeiros – que começam a parecer prática aqui no Brasil. Mas é importante a gente lembrar que essa foto é um retrato de “retrovisor”, mostrando o que já aconteceu na empresa. Então, dali para frente é vida nova.
Gosto de usar o resultado da empresa do trimestre para avaliar a constância da operação e achar pechinchas e fugir de armadilhas. Inclusive, vou compartilhar no grupo do Whatsapp antes dos resultados uma planilha com a situação de cada companhia em relação aos principais indicadores, como dívida, patrimônio líquido, resultado dos últimos 12 meses e mais – clique aqui para entrar.
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Por outro lado, a teleconferência é quase uma sabatina em que analistas e investidores podem fazer perguntas para os CEOs (diretores executivos), CFOs (diretores financeiros) e outros executivos “C-Level” responsáveis pela empresa. Daqui podemos tirar preocupações com a economia, tanto macro quanto micro, dificuldades da própria empresa e projeções para os próximos meses.
Dado que estamos em um cenário muito incerto em termos econômicos com juros altos no mundo todo, uma nova guerra que impulsiona preços de petróleo e pode trazer impacto na inflação e o receio de uma recessão global, entre outros acontecimentos, acredito ser mais importante escutar sobre o que projetam a cúpula das companhias do que sobre o que já foi feito.
Destaques atuais
Quando falamos em consenso, alguns pontos se apresentam como destaques no mercado: cenário difícil para as varejistas, inflação alimentar atrapalhando empresas do setor, alta renda desacelerando e resiliência no setor farmacêutico. No setor de commodities podemos ver uma bela recuperação, já que houve uma recuperação dos preços além da alta do dólar, favorecendo empresas exportadoras.
No geral, as dúvidas recaem mais sobre as projeções macro e micro para 2024 do que para resultados passados. Quais empresas devem continuar sofrendo com juros altos no mundo todo? A inflação está caindo, mas e o consumo esperado? Quais impactos dessa guerra em termos de preços mundiais e no dólar, principalmente? As varejistas continuarão sofrendo com inflação e juros baixos?
No Brasil devemos fechar o ano com juros em 11,75%, como esperado conforme o relatório Focus. Mas isso é representativo? Ou melhor, essa queda dos 13,75% do começo do ano para agora realmente faz diferença quando falamos em consumo e, principalmente, dívidas?
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Podemos falar do cenário macro político-econômico também como a possível Reforma Tributária, a situação fiscal para 2024 e até mesmo uma mudança drástica no governo da Argentina.
Enfim, é muita coisa para avaliar. Então, foque menos na última linha do balanço que será divulgado e olhe para a frente, nunca apenas o retrovisor.