A relação com as apostas online, as bets, se tornou uma preocupação nacional. (Foto: Adobe Stock)
Ao menos 23 milhões de brasileiros apostaram em 2024, um número muito superior ao de investidores de boa parte dos produtos financeiros no País. Quase metade (47%) dessas pessoas estão endividadas e 10% delas têm alta tendência ao vício nas bets. Os dados integram o Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa anual da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgada nesta quinta-feira (8).
A pesquisa mostra que é a possibilidade de ganhar dinheiro rápido que está levando as pessoas a apostarem. E o perfil mais exposto às bets são homens e a geração Z, aqueles entre 16 e 28 anos. 4 milhões de apostadores acreditam que estão fazendo algum tipo de investimento ao apostar – coisa que não é verdade, como explicamos aqui.
Os dados de apostas não são uma novidade no estudo da Anbima, que já vinha monitorando a popularização da modalidade há alguns anos. Mas a 8ª edição trouxe uma novidade, com um índice desenvolvido pela instituição com base no indicador internacional Problem Gambling Severity Index (PGSI) para monitorar a tendência de vício dos apostadores. Entre os pontos, são avaliados se os brasileiros já apostaram mais dinheiro do que podiam perder, se já pegaram recursos emprestados ou venderam bens para conseguir jogar, se o jogo já causou algum problema financeiro à família.
E 3 milhões dos 24 mi de apostadores parecem estar nesse limiar mais perigoso. Quem tem maior tendência ao vício gastou em média R$ 683,64 com as apostas; sete de cada dez apostaram mais de uma vez por semana. 38% das pessoas com tendência a se viciar, segundo a Anbima, mora na região Sudeste; 64% delas são homens e 53% pertencem à classe C.
Os dados também mostram que mais da metade (52%) das pessoas que apostaram em 2024 tentaram recuperar o dinheiro perdido apostando mais. Uma ilusão de recuperação que pode ampliar o ciclo de perdas financeiras, destaca a Anbima.