

A desigualdade salarial entre homens e mulheres tem diversas origens, mas uma das mais persistentes é a chamada penalidade pela maternidade, mostra um relatório do banco de investimentos suíço UBS.
Citando um estudo acadêmico sobre a diferença de renda na Dinamarca, o documento aponta que ter filhos pode resultar em uma perda de 20% na remuneração das mulheres ao longo de sua vida profissional. Essa queda ocorre a partir do nascimento do primeiro filho e raramente é recuperada.
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O relatório do UBS aponta outros dados relativos aos EUA e Japão. Um estudo do Pew Research revela que, nos Estados Unidos, mulheres entre 25 e 34 anos em 2002 ganhavam, em média, 92% do salário de um homem de mesma idade. Ao longo dos anos, a diferença salarial se amplia, com mulheres na faixa de 45 a 54 anos, passando a ganhar 84%.
Carreira estagnada
Para as estrategistas Antonia Sariyska e Amantia Muhedini, responsáveis pelo estudo, os dados sugerem que a desigualdade salarial se acentua à medida que as mulheres passam pelos anos mais intensos da criação dos filhos. Isso não aconteceria porque elas abandonam o mercado de trabalho, mas porque acabam ficando estagnadas na carreira, recebendo menos promoções e reajustes salariais em relação aos pares masculinos.
No Japão, uma pesquisa mostra que a taxa de emprego das mulheres tende a se recuperar após o nascimento das crianças, mas seus salários e carga horária nunca voltam ao nível anterior.
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Mas não é apenas a maternidade que sustenta a desigualdade de gênero no mercado trabalho. Entre outros fatores estão a segregação ocupacional – com funções concentradas em setores historicamente mal remunerados – e a ausência de políticas públicas eficazes – como leis que garantam a igualdade salarial entre homens e mulheres.
A disparidade salarial de gênero não ocorre da mesma forma em todo o mundo. Segundo o relatório, em países ricos na América do Norte e Europa Ocidental, onde há maior participação feminina no mercado de trabalho e leis mais rigorosas sobre equidade, a diferença salarial é ligeiramente menor.
Em regiões como Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia, barreiras culturais e legais restringem a atuação feminina, acentuando ainda mais o gap salarial.
Como as empresas podem contribuir
Segundo o relatório do UBS, o setor privado pode contribuir na diminuição das diferenças com as empresas adotando políticas de licença maternidade e paternidade igualitárias, o que reduziria o impacto na carreira feminina. Além disso, transparência salarial e auditorias ajudariam a identificar desigualdades, garantindo remuneração justa. Empresas com maior diversidade tendem a ter melhores resultados financeiros, tornando esse critério um diferencial para investidores.
Segundo as especialistas, fechar a lacuna de gênero na participação da força de trabalho e em cargos de gestão poderia adicionar US$ 7 trilhões ao PIB global. Esse valor aumentaria para US$ 22 trilhões a 28 trilhões se a igualdade fosse plenamente alcançada. “Esses ganhos econômicos potenciais têm chamado a atenção de governos e economistas, que buscam novas estratégias para ampliar o papel das mulheres na sociedade”, observam as especialistas.
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Elas destacam números da Nielsen estimando que as mulheres gerenciam atualmente US$ 32 trilhões em gastos globais e, dentro de cinco anos, devem controlar 75% dos gastos discricionários das famílias em todo o mundo. “As mulheres representam mais da metade da base global de consumidores, tornando-se um segmento altamente atrativo para diversas empresas.”