- Aos 31 anos, Alok acumula 4,9 bilhões de streams no Spotify e foi eleito o quarto melhor DJ do planeta pela DJ Mag, a revista mais conceituada do segmento
- "Eu nunca tive educação financeira na infância e gastava mais do que ganhava", diz o DJ
- Ele conta a sua relação com dinheiro e negócios e fala sobre uma parceria com a XP que não saiu do papel
Considerado um dos melhores DJs do mundo, Alok já deixou a sua marca na cena eletrônica. Aos 31 anos, ele acumula 4,9 bilhões de streams no Spotify e foi eleito o quarto melhor DJ do planeta pela DJ Mag, a revista mais conceituada do segmento. Nas redes sociais, há quase 28 milhões de seguidores no Instagram, 9 milhões no Facebook e quase 7 mi no YouTube.
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Fora dos palcos, ele administra diversas empresas que passam por projetos sociais, games, produção e shows, relacionamento com marcas, negócios ambientais e uma gravadora. Ele não abre o faturamento.
Para equilibrar os negócios ele conta com uma equipe para fazer a gestão individual de cada uma das frentes. Do lado pessoal, ele confessa que gosta de se aventurar em investimentos alternativos e que perdeu 30% na bolsa de valores ao tirar parte dos ativos da carteira.
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“Quando quero fazer uma movimentação não alinhada com as recomendações da companhia, faço como pessoa física”, disse o empresário durante uma conversa realizada no evento FIRE Festival, promovido pela Hotmart em Belo Horizonte (MG).
Na entrevista, Alok também confirma uma proposta que não avançou com a XP Inc. O documento que detalha o modelo de negócio, obtido pelo E-Investidor, aponta um ecossistema para inserir o DJ no ambiente financeiro e o eventual lançamento de NFTs e tokens alternativos associados à imagem do artista. Procurada pela reportagem, a XP não quis se posicionar.
“Eles trouxeram a proposta para o núcleo da Xtage [plataforma de criptos da XP]. As criptos despencaram, enxergamos outras instabilidades e entendemos que nos relacionarmos exclusivamente com esse universo não fazia parte dos nossos objetivos” afirma.
Essa não foi a primeira vez que ele negociou uma parceria no mercado financeiro. Em dezembro do ano passado, Alok foi contratado pelo TC às vésperas do IPO para reforçar a área de educação da plataforma. O contrato, que levou o DJ para inserções na TV aberta, não durou muito. Menos de seis meses depois a parceria foi desfeita. “No começo, a proposta realmente tinha muito a ver com o que eu acreditava. No entanto, ao caminhar das coisas, percebi que isso estava se desconectando”, afirma.
Procurado pelo E-Investidor, o TC afirmou: “Alok acreditou no TC desde o início e, por isso, seremos eternamente gratos. Continuamos fãs.”
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Durante a conversa, ele também falou sobre a sua relação com dinheiro, a importância da educação financeira no Brasil e o motivo de investir em pequenas e médias empresas. Veja os principais trechos:
E-investidor – Como o Alok investe?
Alok Achkar Peres Petrillo – Tenho duas frentes de investimentos. De um lado, o meu investimento pessoal e, do outro, a empresa. Algumas vezes é difícil fazer essa separação já que eu sou a empresa.
Quando eu quero fazer alguma movimentação não alinhada com as recomendações da companhia, faço como pessoa física. Já fiz algumas aplicações na bolsa de valores, por exemplo, e perdi. Neste ano eu perdi cerca de 30%. No fundo, percebi que prefiro investir muito mais nos meus projetos do que na bolsa.
No ano passado você fez uma campanha para o TC. Por que essa parceria foi desfeita?
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Alok – Antes do IPO, eles tinham a intenção de levar cursos de educação financeira para as pessoas. Uma vez que a gente vê um país que não tem educação financeira no ensino, vi essa janela como uma oportunidade interessante. No começo, a proposta realmente tinha muito a ver com o que eu acreditava. No entanto, ao caminhar das coisas, percebi que isso estava se desconectando. Encerramos a parceira alguns meses após a abertura de capital porque a ideia inicial não fazia o mesmo sentido.
Tive acesso a uma proposta entre você e a Xtage, plataforma cripto da XP. Essa negociação previa uma ação conjunta com a corretora para a sua inserção no mercado financeiro e um eventual lançamento de NFTs e tokens alternativos associados a sua imagem. Por que esse contrato não saiu do papel?
Alok – A XP é um banco muito ágil e uma instituição que vem ocupando um lugar diferente no mercado. As primeiras discussões começaram com uma aproximação voltada para games, educação financeira e abertura de contas. Havia um entendimento da minha imagem conectada à tecnologia.
No começo, a ideia era voltada para um valor ‘x’ com uma contrapartida de abertura de contas. Era uma proposta de valor por CAC [custo de aquisição de clientes] e não quis me comprometer porque eu sabia que se conseguisse abrir esse determinado número de contas eu teria um valor agregado muito maior. A partir dai começamos a falar com fintechs, que têm um valuation muito maior, e entendemos que na fintech haveria essa questão de abertura de contas, mas não teria uma questão institucional de participar de diversos tipos de campanhas, como propaganda na TV, vídeos, e etc.
O inverno das criptomoedas contribuiu para essa decisão?
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Alok – Eles trouxeram a proposta para esse núcleo da Xtage. As criptos despencaram, enxergamos outras instabilidades e entendemos que nos relacionarmos exclusivamente com o universo cripto não fazia parte dos nossos objetivos.
Entendemos que, se fosse por esse caminho com a XP, limitaria. Optamos por outra instituição que estamos fechando.
Qual o critério para escolher novos parceiros?
Alok – Quando entramos em parceria com uma marca, é muito importante que ela também entre no nosso ecossistema e participe dos nossos patrocínios e projetos. Dificilmente você vai me ver como garoto propaganda dizendo “compre isso”. Se alguma marca quiser isso, já sabe que não é comigo.
Em dezembro do no passado você também fechou uma parceria com a empresa de aceleração PretaHub para investir R$ 400 mil em empreendedoras negras. Por que investir em pequenas e médias empresas faz sentido para você?
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Alok – Vi a necessidade de um investimento no terceiro setor focado em mulheres. Eles precisavam de recursos para conseguir viabilizar projetos. O interessante da PretaHub é que houve o aporte financeiro, mas a maior diferença foi ver o grupo de mulheres se sentindo motivadas porque alguém acreditava no projeto delas. Os pequenos e médios empresários são importantes porque o que falta, muitas vezes, é o recurso para viabilizar ideias incríveis.
Iniciativas socioambientais também estão no seu radar. Grandes gestores globais já afirmaram que as empresas que não se adaptarem ao ESG tendem a morrer. Você concorda?
Alok – Concordo 100%. Estamos em uma fase de virar sócios de projetos para criar uma estrutura ESG. Também fazemos algumas parcerias voltadas para o S. Lançamos uma linha de produtos de áudio com 30% das vendas revertidas para duas mil crianças em parceria com a SAS Brasil, por exemplo.
Vamos falar sobre educação financeira. O seu primeiro cachê foi aos 12 anos, quando você começou a tocar. Como era a sua relação com o dinheiro naquele momento?
Alok- Eu nunca tive educação financeira na infância e gastava mais do que ganhava, com certeza. Não guardava grana e sempre investia o dinheiro nos meus objetivos e projetos. A primeira vez que fiz uma reserva, deu tudo errado. Comprei um carro, levei um golpe e foi a primeira vez em que vi o meu dinheiro indo embora. Quando comecei a guardar de novo, fiz um evento e perdi tudo mais uma vez. A educação financeira ensina a se programar desde cedo para fazer uma gestão da nossa vida. Eu não tive isso e tudo sempre foi muito bagunçado. Só a partir do momento que alguém me chamou atenção que comecei a me organizar.
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E a administração das suas empresas, como é feita?
Alok – O dinheiro da empresa sempre teve uma gestão incrível. Há uma gestão individual para cada frente de negócio: a empresa de shows, a de games, marcas, o meu Instituo, projetos e a gravadora.
Em que momento você entendeu que o caixa estava engordando e precisava administrar melhor as finanças?
Alok- Esse foi um movimento coletivo. O meu faturamento estava alto, mas o meu gasto também. Aos poucos, fui entendendo e modulando os investimentos de acordo com as necessidades. Passei a montar reserva para aportes mais fortes, como a live no meu apartamento durante a pandemia, por exemplo.
Poderia ser diferente se a educação financeira tivesse começado mais cedo?
Alok- Esse não deveria ser um processo que temos que ir em busca depois do ensino médio, por exemplo. Ela deve ser inserida desde o início da formação de ensino.
A educação financeira está muito defasada no Brasil. Principalmente para quem ganha um salário mínimo. Sem informação, a tendência é do brasileiro fazer empréstimos, acumular dividas e ficar preso financeiramente. É muito importante para o desenvolvimento pessoal das pessoas.
Qual a principal lição que você tira da sua trajetória com dinheiro?
Alok – Não podemos contar com um cenário otimista e precisamos pensar que o mercado é instável. Principalmente do lado de bolsa, é importante investir em empresas boas e não em quem está em alta em um determinado momento. Eu não acredito em fórmula mágica. Desconfie das pessoas que vendem retornos com facilidade. Se você quer fazer um investimento que seja seguro, faça de forma bem diversificada. Infelizmente, eu aprendi da pior forma.