- Júpiter é o primeiro tinto da coleção “Vinhos do outro mundo”, série exclusiva de nove rótulos, cada um com o nome de um planeta, criada pela Martins Wine Advisor
- Esse é o vinho tinto português com preço mais caro em seu lançamento – o ícone Barca Velha chega ao mercado custando ao redor de 400 euros a garrafa
- Valorização média é estimada em 15% ao ano
(Suzana Barelli*, Especial para o E-Investidor) – O enólogo português Pedro Ribeiro, sócio da Herdade do Rocim, vive o desafio de recriar um vinho alentejano, feito ao acaso, e que resultou em 800 garrafas, lançadas agora em junho com o preço de 1 mil euros cada uma. Batizado de Júpiter, é o primeiro tinto da coleção “Vinhos do outro mundo”, série exclusiva de nove rótulos, cada um com o nome de um planeta, criada pela Martins Wine Advisor (MWA), empresa que pretende abrir o mercado de vinhos de luxo tanto em Portugal como no Brasil.
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Enquanto Ribeiro não consegue repetir o blend do vinho, o Júpiter segue com vendas em alta, baseado no conceito de exclusividade. Primeiro é o vinho tinto português com preço mais caro em seu lançamento – o ícone Barca Velha chega ao mercado custando ao redor de 400 euros a garrafa. “É também o primeiro rótulo português a integrar o portfólio de uma empresa inglesa de investimento em vinhos, no caso a Oeno”, diz Cláudio Martins, CEO da MWA, empresa especializada no mercado de vinhos de luxo e que representa a Oeno, tanto em Portugal como no Brasil.
Duas semanas após seu lançamento, em um evento para seletos 20 colecionadores de vinho em Portugal, já foram vendidas 580 garrafas. “Nosso plano era vender 600 garrafas e guardar as 200 restantes para lançar num segundo momento. Agora, estamos pensando se vamos manter essa estratégia”, afirma Ribeiro. Desse total, 15 garrafas estão reservadas para os brasileiros e cinco já foram vendidas. Os nomes dos compradores não são revelados.
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No “Vinhos do outro mundo”, cada comprador recebe o vinho em uma caixa luxuosa, que traz
também um código de acesso para informações exclusivas, fotografias, vídeos e, principalmente,
uma agenda de eventos privados que acontecerão pelo mundo. “É o cartão de entrada para um clube
restrito em pequenos jantares, com membros e pessoas selecionadas, para quem aprecia bons
vinhos”, descreve Martins.
A história deste clube de vinhos começou a nascer em 2018, logo depois de Martins mudar seu escritório de Londres para Lisboa. Ele entrou em contato com produtores europeus e norte-americanos com a ideia de encontrar vinhos exclusivos para o projeto, voltado para colecionadores e investidores na bebida. Depois do alentejano Júpiter, serão mais oito rótulos, que devem ser lançados numa média de um vinho a cada um ano e meio. São elas Bordeaux e Champanhe, na França; Priorato, na Espanha; a italiana Toscana; o Napa Valley, nos Estados Unidos; Mosel na Alemanha, Geórgia, e Portugal novamente, com um vinho do Porto.
Alguns produtores estão desenvolvendo vinhos novos para o projeto, outros vão aproveitar lotes específicos que já estão em suas adegas. E o último da coleção será um vinho do Porto dos anos 1800, com preço estimado em 40 mil euros. “Os colecionadores farão com seus vinhos uma viagem pelas principais regiões vinícolas do mundo”, diz Martins. São sempre edição limitadas, entre 500 e 1.000 garrafas, criando vinhos que contam as histórias de onde são produzidos.
E para quem quiser apenas investir, Martins acredita que o Júpiter terá uma valorização média de 15% ao ano, pensando que Portugal ainda não ocupa um lugar de destaque entre os vinhos mais disputados pelos colecionadores. “Se eu tivesse comprado um Romanée Conti (o mais famoso vinho da Borgonha) do ano de 2000, este vinho teria valorizado 400%”. Já o vinho Liber Pater, projeto que nasceu em 2005 e atualmente é um dos Bordeaux mais caros do mundo, teve uma valorização de 33% entre novembro de 2019 e abril de 2020. “Portugal pode trilhar este caminho”, acredita Martins.
Para os compradores brasileiros e portugueses que quiserem aproveitar apenas essa valorização, a garrafa pode ficar armazenada na Oeno, enquanto ele participa do clube e de suas degustações.
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No caso do Júpiter, enquanto prospectava os produtores, Martins perguntou a Pedro Ribeiro se ele
poderia criar um vinho, sem saber que o enólogo se via às voltas com uma ânfora que precisava de um destino.
Explica-se: em 2015, a Herdade do Rocim tinha comprado 0,6 hectare de um vinhedo ao lado de sua
propriedade, no Alentejo. Logo na primeira safra, Ribeiro pediu para o responsável pelas vinhas fazer a colheita e colocá-la para fermentar em ânforas. Ribeiro é um dos entusiastas do vinho em ânfora, aqueles potes de terracota vinhos, no Alentejo, e tem mais de 20 ânforas por safra.
Terminada a colheita, ao provar as ânforas, o enólogo notou que uma delas se diferenciava e ganhava
complexidade a cada nova degustação. No ano seguinte, tentou repetir o vinho, mas a colheita deste
vinhedo tinha sido feita de maneira aleatória e não havia registros de quais parcelas tinha ido para cada ânfora. É um vinhedo de mais de 70 anos, cultivado com diversas variedades misturadas, entre elas as uvas moreto, trincadeira, tinta grossa e alicante bouschet.
Desde então, a cada safra, Ribeiro segue tentando repetir o feito, enquanto os clientes se beneficiam de um vinho exclusivo e, até agora, único.
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*Suzana Barelli é jornalista especializada em vinhos e colunista do Paladar, do Estadão.