- As faturas de cartão de crédito seguem como a principal causa para o endividamento das famílias brasileiras
- Os dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que a média da taxa de juros praticada pelo mercado é de 13,96% ao mês. No acumulado do ano, pode chegar a 379%
- 86,6% dos brasileiros endividados informaram que possuem alguma pendência financeira relacionada ao cartão de crédito
Uma parte significativa dos consumidores no Brasil tem uma percepção errada dos juros cobrados pelo cartão de crédito. É o que mostra uma pesquisa realizada pela fintech Pagaleve, enviada com exclusividade para o E-Investidor.
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De acordo com o levantamento que ouviu 360 pessoas de todas as regiões do Brasil nos meses de maio e junho deste ano, do total de consumidores que já atrasaram o pagamento do cartão de crédito ou pagaram parcialmente a fatura, 58% têm uma percepção dos encargos inferior à média cobrada no mercado.
Isso porque 22% dos consumidores informaram que acreditam a taxa de juros cobrada chega até 5%, enquanto outros 36% acham que fica em torno de 5% a 10% ao mês. Já os que não sabem qual o percentual adotado pelas operadores corresponderam a 13%.
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No entanto, os dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostram que a média da taxa de juros praticada pelo mercado é de 13,96% ao mês. No acumulado do ano, pode chegar a 379%.
Com isso, apenas 18% do total de entrevistados que já atrasaram alguma fatura de cartão de crédito têm uma percepção dos encargos dentro da realidade do mercado.
As faturas de cartão de crédito seguem como a principal causa para o endividamento das famílias brasileiras. De acordo com os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), referente a junho de 2022, 86,6% dos brasileiros endividados informaram que possuem alguma pendência financeira relacionada ao cartão de crédito.
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Para Henrique Weaver, CEO da Pagaleve, os resultados da pesquisa revelam a falta de conhecimento sobre os juros cobrados pelos cartões de crédito e a internalização da ideia de que o valor das taxas é pequeno e não faria diferença no fim das contas.
“Isso acontece principalmente em classes sociais menos escolarizadas. É cultural do brasileiro”, ressalta Weaver. “O brasileiro não olha para juros e não faz conta de juros. O brasileiro de classe média sai super prejudicado por não ter esse olhar de educação financeira básica de olhar os juros. Às vezes, é um fardo necessário, mas na maior parte dos casos é algo evitável”, acrescenta o CEO da fintech. Veja dicas de como utilizar o cartão de crédito ao seu favor.
A pesquisa da Pagaleve entrevistou 360 pessoas de todas as regiões do Brasil nos meses de maio e junho deste ano.
Use de forma consciente
O crédito disponível em cartões pode trazer a falsa sensação de que o consumidor tem renda superior ao que possui na conta bancária. Essa ilusão estimula o consumo, o que leva a pessoa em direção ao endividamento quando o uso acontece de forma desenfreada. Para Thiago Holanda, economista e professor universitário, as pessoas precisam ter em mente que o crédito disponível em cartão deve ser utilizado, principalmente, em casos emergenciais.
“O cartão de crédito deve ser utilizado somente em casos específicos, quando o consumidor necessita de um bem de valor elevado e que precisa adquiri-lo naquele momento”, explica.
Além do mau uso, outro erro comum entre os consumidores consiste no pagamento do valor mínimo da fatura de cartão de crédito. Tal recurso encarece ainda mais a dívida. “Quando você paga o valor mínimo da fatura é como se você estivesse fazendo um empréstimo com a operadora do cartão. Mas esse empréstimo tem juros altos e a multa pelo atraso”, acrescenta Holanda.
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No entanto, há formas de utilizar a modalidade de pagamento a seu favor. De acordo com Wandemberg Almeida, economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), atualmente as operadoras de cartão de crédito possuem programas, como os de milhas e de cashback, que podem ajudar o consumidor a economizar por meio das vantagens oferecidas.
Nessa reportagem, o E-Investidor dá dicas de especialistas para fazer a melhor escolha do cartão de crédito pelas vantagens que ele oferece.
“Tudo está na forma como você utiliza. Se você fizer uma compra, deixe o recurso separado para o pagamento. Adote um limite que você não extrapole nem o deixe empolgado para ir às compras”, alerta Almeida.
Por isso, o especialista sugere que o limite do cartão deve corresponder a até 30% do total da renda do consumidor. “Está aí o grande segredo: respeitar o seu orçamento”, acrescenta.