

As mulheres nunca foram tão ricas, em média, como são hoje. Em 2020, estimava-se que 32% da riqueza privada global já estava nas mãos delas. Atualmente, há 344 bilionárias no mundo, controlando US$ 1,7 trilhão, com seus ativos crescendo mais rápido do que os dos homens.
É o que mostra o estudo Gender-lens Investiment – The state of women in 2025, do banco de investimentos suíço UBS. Para as estrategistas Antonia Sariyska e Amantia Muhedini, responsáveis pelo estudo, fechar a lacuna de gênero na participação da força de trabalho e em cargos de gestão poderia adicionar US$ 7 trilhões ao PIB global.
Maior expectativa de vida e avanços na inclusão financeira indicam que essa tendência deve continuar. Nos EUA, espera-se que as mulheres administrem US$ 34 trilhões (38% da riqueza do país) até o final da década, um salto em relação aos US$ 10 trilhões de 2020.
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Além disso, cerca de US$ 9 trilhões serão transferidos entre cônjuges nos próximos 20 a 25 anos, e um valor semelhante será passado para a próxima geração, principalmente filhas e netas.
Investidoras estratégicas
Hoje, as gerações Z e Millennial estão recebendo uma fatia maior da transferência intergeracional de riqueza, ampliando sua influência no mercado financeiro. Com maior paridade econômica, elas poderão se tornar tomadoras de decisão estratégicas na alocação de ativos.
Pesquisas anteriores da UBS já mostravam que investidoras femininas tendem a pesquisar mais antes de tomar decisões, além de seguir um planejamento estruturado e evitar mudanças bruscas no perfil de risco diante da volatilidade. Elas se sentem mais confiantes quando seus investimentos geram impacto social positivo.
Além disso, são mais focadas em gestão de riscos, operando com menor frequência e acompanhando o desempenho da carteira com menos imediatismo do que os homens.
Mercado financeiro é machista
Apesar dessas vantagens competitivas, a diversidade de gênero segue limitada no mercado financeiro. Relatório de 2021 revela que apenas 4% dos diretores de family offices no mundo são mulheres, e apenas 3,5% dessas estruturas têm uma CEO feminina. Para efeito de comparação, 11% dos bilionários da Forbes e 7,5% das empresas da Fortune 500 eram lideradas por mulheres na época.
Nos EUA, maior centro financeiro do mundo, apenas 18% dos gestores de portfólio e 26% dos analistas financeiros são mulheres, tendência semelhante à observada na Europa. No venture capital, a presença feminina entre tomadores de decisão é de 19%, caindo para 17% em fundos que administram mais de US$ 50 milhões, segundo dados da PitchBook de 2023.
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Para as autoras do estudo da UBS, há inúmeras razões para este ripo de disparidade, já que muitas mulheres cresceram sem referências femininas como tomadoras de decisão, mentoras ou professoras de finanças. Além disso, questões como falta de confiança e barreiras educacionais e financeiras ainda limitam a participação feminina, exigindo mais investimentos em inclusão e capacitação.
Famílias também podem ajudar na mudança
Sariyska e Muhedini citam que, já nas famílias, é possível encontrar soluções para resolver o gap no mercado, incentivado as meninas a participar de reuniões com o gestor de investimentos, envolvendo-as nas decisões financeiras.
Movimentos como clubes de investimento femininos crescem globalmente e ajudam a promover trocas e aprendizado. No setor financeiro, estratégias de diversidade e apoio ao retorno após a maternidade podem fortalecer a presença feminina na gestão patrimonial.
Segundo o relatório, investir com foco na equidade de gênero não é só uma questão social, mas também uma oportunidade financeira.
Fechar a lacuna de gênero na participação da força de trabalho e em cargos de gestão poderia adicionar US$ 7 trilhões ao PIB global. Esse valor aumentaria para US$ 22 trilhões a 28 trilhões se a igualdade de gênero fosse plenamente alcançada.