

A quantidade de bilionárias no mundo cresceu 81% em 10 anos, entre 2015 e 2024, saltando de 190 para 344. No total, elas controlam um patrimônio de cerca de US$ 1,7 trilhão. O avanço foi impulsionado por mulheres empreendedoras, embora apenas 24% delas atribuam a sua riqueza exclusivamente aos seus negócios.
Esse crescimento percentual é superior ao dos homens, que aumentaram 49% no mesmo período, chegando a 2.338 no ano passado. Já 65% dos homens dizem que sua fortuna advém do empreendedorismo, sem relacioná-la a herança.
Os números são da consultoria Altrata, líder em soluções de inteligência global sobre riqueza, compilados no estudo Gender-lens Investiment – The state of women in 2025 (na tradução, Investimento com perspectiva de gênero – A situação das mulheres em 2025), do banco de investimentos suíço UBS.
Para as autoras do relatório, a diferença numérica não surpreende, considerando que, globalmente, apenas 1/3 das empresas contam com participação feminina na propriedade, segundo dados do Banco Mundial.
Poucas apostas em empresas de mulheres
“Os desafios para a propriedade empresarial por mulheres são bem conhecidos e, frequentemente, começam com a falta de acesso a financiamento nas fases iniciais”, comentam as estrategistas Antonia Sariyska e Amantia Muhedini, responsáveis pelo estudo.
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Segundo elas, assim como outros indicadores de disparidade de gênero, o financiamento de venture capital para empresas fundadas por mulheres estagnou nos últimos 30 anos. Segundo dados da PitchBook, a participação do capital de risco destinado a equipes exclusivamente femininas nos EUA atingiu seu pico em 2019, com 2,5%, mas caiu para 2% em 2024.
A participação das empresas lideradas apenas por mulheres entre as startups financiadas atingiu 6,9% em 2023, indicando que, embora mais negócios femininos tenham recebido investimentos, os valores destinados a eles ainda são menores do que para empresas fundadas por homens.
As autoras destacam que cerca de 10% dos negócios de venture capital liderados por mulheres foram direcionados para setores de alto impacto, como femtech (tecnologias voltadas para a saúde reprodutiva feminina), fintechs e educação, segmentos menos representativos no mercado geral de investimentos. “Mulheres têm maior propensão a desenvolver produtos para outras mulheres e a atender demandas de públicos mais amplos”, observam.
Investimento privado pode mudar cenário
As autoras do estudo observam que políticas governamentais e marcos legais são importantes para superar as barreiras enfrentadas pelas mulheres, mas o investimento privado também tem o poder de acelerar esse processo. Para investidores, direcionar capital para startups fundadas por empreendedoras amplia o acesso feminino a recursos.
Já no mercado acionário, esse avanço pode ser concretizado com os acionistas procurando empresas com mais mulheres em cargos de liderança e com políticas de flexibilidade no trabalho. Esse tipo de companhia tende a promover maior inclusão e adaptações às mudanças no perfil da força de trabalho.
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Segundo o relatório, investir com foco na equidade de gênero não é só uma questão social, mas também uma oportunidade financeira.
Fechar a lacuna de gênero na participação da força de trabalho e em cargos de gestão poderia adicionar US$ 7 trilhões ao PIB global. Esse valor aumentaria para US$ 22 trilhões a 28 trilhões se a igualdade de gênero fosse plenamente alcançada.