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Comportamento

Saiba o que pensam mulheres que fazem a diferença no mercado financeiro

Evento reúne a primeira economista-chefe negra do País, vanguardista do ESG e gestora de fundos do mercado

Saiba o que pensam mulheres que fazem a diferença no mercado financeiro
"Tentei achar aliados nos lugares em que eu estava", disse Laiz. Foto: Divulgação/Brasilprev
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  • Young Women Summit, evento promovido pela Fin4She e Anbima, em parceria com o E-Investidor, reuniu três mulheres para falar sobre o mercado financeiro

Quem foi o primeiro homem branco economista-chefe do Brasil? Essa informação é bastante complexa de ser encontrada, até porque não é nenhuma novidade na Faria Lima ver um homem branco sentado em uma cadeira de liderança dentro do mercado financeiro. O pioneiro nessa posição, certamente, ocupou a posição há muitas décadas.

Já a primeira mulher negra economista-chefe do País estava nesta segunda-feira (27), na Arena B3 (SP), participando do Young Women Summit, evento promovido pela Fin4She e Anbima, em parceria com o E-Investidor. Na plateia, mais de 100 convidadas, entre profissionais seniores, juniores e estudantes de áreas correlatas ao mercado financeiro.

Laiz Carvalho rompeu esse jejum incômodo quando se tornou economista-chefe da BrasilPrev, em julho de 2020. Hoje, a especialista é economista-chefe do BNP Paribas e discursou sobre os desafios de ser a primeira mulher negra nesta posição no painel “Pioneirismo: a importância de ter coragem para impor a sua voz e mudar a realidade”, o primeiro do Young Women Summit.

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“Nesse mercado muito masculinizado e elitista, quando temos uma reunião e eu entro como economista-chefe, as reações são bem problemáticas. Sempre tenho que falar mais, dar mais dados, mostrar que eu sou melhor, porque eles estão esperando um homem branco, de cabelo branco”, afirma Carvalho, durante o evento.

Formada em economia pela Universidade de São Paulo (USP), Carvalho entrou no mercado em 2010 e ali já era pioneira dentro do seu núcleo familiar: a primeira a concluir a graduação e também a primeira a sair de um ciclo de violência familiar. Para subir até a liderança econômica, foi encontrando pessoas que poderiam encurtar o caminho.

“Quando chegava em um lugar, a primeira coisa que eu fazia era levantar a cabeça e olhar para os lados. Primeiro, para achar pessoas iguais a mim e depois para achar pessoas que estão onde eu gostaria de estar”, diz a economista. “Tentei achar aliados nos lugares em que estava, eu era muito sem timidez, chamava para tomar um café e falava: ‘olha, te admiro muito, tem um conselho?’.”

Junto com Carvalho, outras três pioneiras do mercado financeiro dividiam o microfone durante o painel: Marina Cançado, co-CEO da Future Carbon, Vivian Lee, sócia e CIO dos Fundos de Crédito da Ibiuna e Lucy Pamboukdjian, especialista de mercado de capitais, ESG e diversidade, que fez a mediação da conversa.

Inspirações

Cançado foi uma das primeiras executivas atuantes no mercado ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança), falou sobre a importância de olhar para um futuro sustentável e como foi estruturar essa agenda ainda em meados de 2010 quando fundou a Tellus, empresa que criava soluções para governos.

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Depois, ela ajudou a idealizar o programa de educação financeira do Bolsa Família, estruturou a área de sustainable wealth da XP e por fim, se tornou CEO da Future Carbon – empresa focada em direcionar capital para a geração de créditos de carbono.

“Minha trajetória não foi óbvia. Parti de um lugar de consciência de que gente precisa do capital para lidar com os desafios da sociedade e como fazer isso. Todos os passos na minha carreira se moldaram na direção de responder essa pergunta”, afirma Cançado. Para o futuro, a executiva pioneira do ESG propõe uma grande reflexão.

“Precisamos nos dar conta do momento histórico em que estamos. O mundo vai mudar mais nos próximos 10 anos do que nos últimos 100 anos. Tem muita coisa mudando e são peças estruturais. Tente formar sua visão sobre as coisas e entenda quais são as forças que estão moldando os próximos anos”, ressalta a co-CEO da Future Carbon.

Lee, por sua vez, está em uma das posições em que a quantidade de mulheres é muito mais rara, que é a gestão de investimentos. O conselho da gestora que iniciou no mercado em 2001 para as novas profissionais do segmento financeiro é nunca ficar na zona de conforto. Ela passou pela área de produtos, modelagem, até chegar na gestão de fundos de crédito na Itaú Asset. Em 2020, no mesmo ano em que perdeu a mãe, começou a empreender na Ibiúna.

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“Obviamente eu faço o que eu amo, gosto muito do que eu faço, mas no começo da minha carreira eu não tinha certeza do que eu queria. Mas eu era movida por desafio intelectual, nunca fiquei confortável”, afirma Lee.

De todas as três executivas, que possuem vivências e histórias diferentes, a dica comum para as novatas no mercado financeiro é não deixar o ambiente – que tende a ser bastante masculino – moldar o comportamento. Em outras palavras, não é preciso copiar o estilo de gestão dos homens para conseguir ser uma grande líder.

“É o clube do bolinha, tem o happy hour deles, que você não vai ficar sabendo, eles não vão te chamar”, afirma Carvalho. “Não se deixe levar pela caixinha que o mercado financeiro quer que você ocupe. Eu achava que eu tinha que me misturar ao ambiente, ser mais parecida possível com o ambiente. Deixei de ser eu por anos.”

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