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- A plataforma funciona como um marketplace de vinhos, assim como um Mercado Livre ou uma Adega Pão de Açúcar – é possível achar rótulos a partir de R$ 99, no caso o Uggiano Prestige Vermentino di Toscana 2018
- Mas o destaque são os rótulos cobiçados. E lá estão exemplares como o Château Petrus 2002, por R$ 27,9 mil; o Grands Échéxeaux, da Domaine de La Romanée Conti 1997, por R$ 15 mil; ou uma vertical com as safras de 2009 2011 e 2013 do italiano Biondi-Santi, por R$ 12,8 mil, entre outros vinhos raros
(Suzana Barelli, especial para o E-Investidor) – Os marketplace de vinhos estão mudando a realidade do mercado, digamos, secundário de garrafas raras de champanhes, brancos e, principalmente tintos antigos. Este é um segmento que sempre existiu no mundo de Baco, mas que funcionava mais no boca-a-boca, muitas vezes intermediado por sommeliers dos grandes restaurantes, pela falta de canais de venda para estes rótulos.
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São pessoas físicas que querem comprar ou vender garrafas raras, de safras antigas, pelas mais diversas razões e que até agora tinham dificuldade em encontrar compradores.
A mais conhecida é a herança de adegas, algumas com boas relíquias, mas que o herdeiro não aprecia tanto o vinho como o seu antigo proprietário. Há também aqueles que se empolgam, compram uma caixa do mesmo vinho e, quando abrem a primeira garrafa, não gostam tanto assim da bebida. E têm aqueles que, por pressões financeiras, precisam transformar este patrimônio em dinheiro.
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Ao conectar compradores e vendedores de forma on-line, estes e-commerce encurtam o caminho entre as adegas, já que os leilões, uma das maneiras de vender estes vinhos, raramente acontecem por aqui.
“Tem uma procura grande por estes rótulos, uma demanda reprimida”, afirma o especialista Paulo César Alkimim de Oliveira. Amante de vinhos, Oliveira se associou a Anderson Lellis e Breno Arruda, também conhecedores dos bons brancos e tintos, e juntos lançaram a plataforma Winetrader, inspirada em sites estrangeiros que já atuam neste segmento.
A plataforma funciona como um marketplace de vinhos, assim como um Mercado Livre ou uma Adega Pão de Açúcar – é possível achar rótulos a partir de R$ 99, no caso o Uggiano Prestige Vermentino di Toscana 2018.
Mas o destaque da plataforma são os vinhos raros. “São garrafas que já chegam ao site praticamente vendidas”, conta Alkimim. E lá estão exemplares como o Château Petrus 2002, por R$ 27,9 mil; o Grands Échéxeaux, da Domaine de La Romanée Conti 1997, por R$ 15 mil; ou uma vertical com as safras de 2009 2011 e 2013 do italiano Biondi-Santi, por R$ 12,8 mil, entre outros rótulos cobiçados.
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O diferencial é a curadoria que os sócios fazem destas garrafas. Antes de colocar cada produto no site, eles analisam o estado da garrafa e pesquisam sobre a sua origem. Levantam a sua história, de quanto tempo a garrafa está na adega do vendedor, de onde veio, enfim, coletam a maior quantidade de informações possíveis sobre cada vinho. É uma maneira de evitar ao máximo problemas com a qualidade da bebida ou a sua falsificação, mas os sócios deixam claro que não é 100% garantido.
Em uma transação, conta Alkimim, o rótulo rasgou no seu transporte. Ele ligou imediatamente para o comprador, explicando o acontecido. O cliente confiou e manteve a compra. “Era um cliente que queria beber o vinho, e não colecioná-lo, assim um rótulo rasgado não era o maior problema”, explica. Normalmente, o comprador tem sete dias para devolver a garrafa, caso não se sinta seguro depois de recebê-la em sua casa.
Manoel Beato, principal sommelier do grupo Fasano, conta que o maior cuidado nestes vinhos está no nível de líquido. Este é o principal sinal de como a garrafa foi armazenada. “É esperada uma pequena evaporação ao longo dos anos. Assim, um vinho da década de 1980 pode estar com o líquido na altura do “ombro” da garrafa (onde começa o gargalo)”, explica ele. Rótulos perfeitos também indicam o cuidado com a guarda, mas Beato diz que já foram muitos os vinhos perfeitos que provou e que tinham rótulos avariados.
Cliente da Winetrader, um executivo da área financeira que prefere o anonimato já comprou mais de uma dezena de vinhos por este e-commerce para montar a sua nova adega, com capacidade para 1 mil garrafas. Entre as aquisições está um Château Margaux 1982, que pagou R$ 12 mil; e um Château Haut-brion 2007, por R$ 7,5 mil. “São vinhos difíceis de encontrar e o site faz uma boa pesquisa sobre a procedência da garrafa”, afirma.
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Outro cliente, que também pede o anonimato, chegou ao site para se desfazer de algumas garrafas de vinhos de Bordeaux, como o Château Palmer 1998, que ele vendeu por R$ 3,5 mil. “Eram vinhos que eu não queria mais, de estilos que deixei de apreciar”, conta ele, que mora em Belo Horizonte (MG). Seu foco agora são os italianos, que ele também está procurando e comprando no e-commerce.
O preço do vinho é definido pelo vendedor, e a Winetrader fica com uma porcentagem, não revelada, deste valor. Alkimim também dá conselhos nesta precificação. Ele lembra de uma pessoa que herdou seis garrafas do Château Margaux 1982, um grand cru de Bordeaux, de uma safra excepcional. Ele queria vender cada garrafa por R$ 18 mil. “Indicamos que o preço estava acima do mercado, mas colocamos no site por este valor”, diz ele. No final, o vendedor abaixou o preço e cada garrafa foi comercializada por R$ 12 mil.
Atualmente, há mais de 50 vendedores pessoa física cadastrados no site. No início do ano, eram 10 e a meta é chegar a mais de 150 até o final do ano. Um dos mais novos vendedores é um cliente de Curitiba (PR), que herdou uma adega com raridades como o Château Latour 1998 e diversas garrafas do Château Petrus do início dos anos 2000. Aos interessados, em breve elas estarão a venda.
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