Com o fim de ano e as férias de verão se aproximando, é comum aumentar o desejo de viajar e desbravar novos destinos. No entanto, assim como qualquer objetivo que demanda investimento financeiro, pagar a viagem exige organização e planejamento para evitar dívidas e dor de cabeça na volta para casa.
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Se você é do time que tem muita vontade de viajar, mas não sabe como pagar, o consórcio de viagem pode ser uma alternativa. A modalidade reúne um grupo de pessoas para formar uma poupança coletiva com o objetivo de financiar viagens, que podem ser para turismo, intercâmbio, trabalho e visitas a familiares.
- Redução de dívidas e aumento de patrimônio: consórcio cresce de forma não convencional
Thiago Savian, diretor comercial da Unifisa, empresa brasileira especializada neste produto financeiro, explica que o consórcio de viagens foi introduzido no portfólio em 2008, após a lei que regulamenta o produto, mas funciona de maneira similar à modalidade tradicional: a administradora, uma empresa autorizada pelo Banco Central (BC), faz o trabalho de reunir um grupo de pessoas com uma meta comum e a gestão do consórcio. “Após a formação desse grupo, todos os participantes contribuem mensalmente com seus valores e esse fundo é utilizado para realizar as contemplações”, explica.
Na prática, a administradora realiza sorteios periódicos e recebe os lances para contemplar os participantes com a quantia necessária para a viagem. Ao ser contemplado, o participante pode usar o valor para pagar passagens aéreas, hospedagens, pacotes turísticos, entre outros custos relacionados à viagem.
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Segundo Marcelo Lucindo, fundador e CEO da Evoy Consórcios, o consórcio de viagens torna o turismo mais acessível no Brasil. “Vamos imaginar que um pacote de viagem hoje custe R$ 10 mil para uma família. Essa família precisará utilizar o cartão de crédito, ter esse limite disponível e pagar em 10 vezes ou terá que gerar um boleto na agência de viagens e quitar o valor total antes da partida”, diz. Tais exigências podem comprometer o orçamento da família, assim como o limite do cartão.
Ao contrário do financiamento tradicional, o consórcio não cobra juros, apenas uma taxa administrativa. “Esta modalidade serve para quem planeja a viagem com antecedência. Seu outro diferencial é a flexibilidade, ao ser contemplado o consorciado recebe a carta de crédito, que permite negociar diretamente com fornecedores e escolher livremente o destino”, acrescenta Luís Toscano, vice-presidente de negócios da Embracon.
A tabela abaixo explica as etapas do consórcio:
Etapa | Descrição |
---|---|
Adesão | O cliente entra no consórcio e assume o compromisso de pagar parcelas mensais durante um determinado período; |
Contemplação | O consorciado pode ser contemplado por sorteio ou por lance (quando oferece um valor adicional para tentar antecipar a contemplação); |
Uso do Crédito | Após ser contemplado, o participante pode usar o crédito para financiar sua viagem (passagens aéreas, hospedagem, pacotes turísticos); |
Parcelamento | As parcelas podem variar conforme o plano escolhido e o valor a ser pago depende do destino ou do tipo de viagem que o participante deseja realizar. |
Qual a principal vantagem do consórcio de viagem?
Na avaliação dos especialistas, a maior vantagem do consórcio está no planejamento financeiro que ele proporciona, junto à possibilidade de obtenção de crédito de maneira antecipada e às vantagens em relação ao cartão de crédito. “Existem parcelamentos muito maiores do que 10 meses no consórcio: podem ser de 24, 36 ou até mesmo 48 meses”, completou Marcelo Lucindo.
Outra vantagem importante do consórcio, conforme destaca Savian, da Unifisa, diz respeito à taxa de administração cobrada pelo consórcio “inferior à taxa de juros cobrada no mercado”. Isso se traduz em uma economia para quem opta por essa modalidade, já que, em vez de arcar com altos encargos financeiros típicos de empréstimos ou financiamentos tradicionais, o consorciado paga apenas uma taxa administrativa, o que torna o custo final do crédito mais acessível.
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Além disso, os prazos flexíveis permitem que o consorciado escolha a viagem que mais se encaixa no seu perfil e orçamento: “O consórcio oferece segurança de que todos os participantes com os pagamentos em dia sejam contemplados, o que não acontece em financiamentos tradicionais, em que a aprovação para liberação do crédito pode ser mais burocrática e sujeita a análise”, afirma Toscano, da Embracon.
Para quem o consórcio de viagem é mais indicado?
Com base nas possibilidades oferecidas por um consórcio, Thiago Savian defende que não há um perfil específico mais indicado para o serviço, pois ele é “para todas as classes sociais que tenham o espírito de planejamento e sem urgência”.
Segundo ele, o consórcio está acessível a diferentes perfis financeiros, desde aqueles com uma renda mais baixa até os de classes sociais mais altas, desde que o interessado esteja disposto a se planejar a longo prazo. O consórcio, diz, serve para quem busca uma forma de adquirir bens ou serviços de forma programada.
O vice-presidente de negócios da Embracon segue uma linha de raciocínio parecida: “Ele atende especialmente aqueles que valorizam a organização financeira e preferem evitar dívidas, já que não há juros envolvidos”, afirma.
Quais os principais riscos de um consórcio?
Como todo serviço financeiro, o consórcio também envolve riscos, inclusive de golpes e fraudes envolvendo cotas já contempladas. Para aumentar a segurança, o cliente precisa verificar se a administradora do consórcio possui autorização do Banco Central e faz parte do quadro da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac). Marcelo Lucindo afirma que os riscos no consórcio são mínimos desde que a administradora esteja devidamente regularizada.
Para Luís Toscano, o principal desafio do consórcio de viagem diz respeito ao tempo de espera para a contemplação, o que pode gerar frustração para aqueles que têm urgência em viajar. No entanto, esse risco pode ser atenuado por meio da oferta de lances, que aumenta as chances de antecipar a contemplação. “Além disso, o consorciado precisa manter os pagamentos em dia para garantir a participação nos sorteios. Outro ponto crucial está em escolher uma administradora de confiança, para evitar problemas no andamento do grupo e garantir uma experiência tranquila”, orienta.
Ricardo Hiraki Maila, CEO da startup Plano Educação Financeira, explica que o consórcio estabelece um valor fixo para a carta de crédito, mas viagens, especialmente internacionais, estão sujeitas à flutuação cambial e à variação nos preços de passagens e hospedagens. Por isso, o cliente deve considerar uma margem de segurança ao planejar o valor da carta. “É preciso planejar os prazos para a possível contemplação e o momento desejado para realizar a viagem. Não é recomendado contar apenas com a sorte no consórcio, mas ter um plano concreto, seja por meio de lances ou aguardando o prazo final”, afirmou.
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O executivo ressalta uma última orientação para aqueles que buscam no consórcio uma forma de pagar a viagem para que se protejam de possíveis danos financeiros: “Verifique se a prestação cabe no orçamento, planeje cuidadosamente os prazos para a contemplação da carta de crédito e a data da viagem, conte com uma margem de segurança para imprevistos e avalie a reputação e o histórico da administradora”.