- A mudança na política de preços pode demorar a chegar nas bombas
- A redução anunciada recentemente está relacionada à baixa do petróleo no mercado internacional, e não à medida do governo
- A nova política de preços da Petrobras pode ter efeitos sobre as compras futuras de combustível, mas os impactos não serão imediatos
Nesta terça-feira (16), a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou uma redução de R$ 0,40 no preço da gasolina, R$ 0,44 no diesel e R$ 0,69 do GLP (gás de cozinha) para as distribuidoras. A revisão passa a valer a partir de amanhã, dia 17, mas isso não significa que os descontos serão repassados para os consumidores.
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Em paralelo, a empresa também divulgou que vai substituir a atual política de reajuste de preços dos combustíveis. Chamada de Preço de Paridade de Importação (PPI), a medida foi criada durante o governo de Michel Temer e considera as cotações do petróleo no mercado internacional. Pela nova estratégia anunciada hoje, a ideia é os custos do mercado local também sejam levados em consideração.
Ainda assim, é importante ficar claro que os anúncios realizados pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não levam em consideração qualquer repasse direto aos clientes. “Destaca-se que o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda”, disse Prates. Ou seja, ainda que haja redução para as distribuidoras, o valor final pode não acompanhar a queda.
E os impactos da nova política?
Já a revisão de valores em razão da nova política de preços é vista como ainda mais incerta. O primeiro ponto observado é a falta de clareza sobre as novas diretrizes, faltando bases para projeções de quanto será as reduções. Além disso, ainda que os preços seja reduzidos para as distribuidoras, há a dúvida sobre o quanto isso pode alcançar o consumidor.
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“As distribuidoras farão uma média de 76% do preço Petrobras e 24% pelo preço dos importadores. Ao fazer esse mix, o preço médio não deve cair na mesma proporção. Ou seja, essa queda no preço que a Petrobras pretende fazer pode não chegar na bomba”, avalia Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero. Entenda aqui como o preço do combustível é calculado.
Brendon Rodrigues, head de inovação e portfólio da ValeCard, estima que haverá impactos, mas não imediatos. “A aquisição de combustível ainda deve ser disseminada com os preços anteriores e a nova política fará efeito sobre compras futuras”, afirma.
Longo prazo
A sustentabilidade da nova política na formação de preços é colocada em xeque por diversos analistas. A principal preocupação é justamente a mistura entre preços da parcela importada e da Petrobras. O temor é de que, diante de uma alta no mercado internacional, deve haver déficit para a estatal, o que poderia demandar recursos do Tesouro.
“Nesse primeiro momento fica fácil e tranquilo, mas vamos dizer que o preço dispare no exterior. Quem é que vai pagar essa conta? O que vai acontecer se os preços subirem é que o Tesouro Nacional vai arcar com a conta, ou seja, todos nós”, destaca William Eid Junior, professor titular da FGV de São Paulo.
O presidente da Petrobras disse, no entanto, que a empresa irá observar os preços internacionais como referência, não deixando o País deslocado da realidade externa. “Quando digo referência, não é paridade de importação. Portanto, quando o mercado lá fora estiver aquecido, com preços fora do comum e mais altos, isso será refletido no Brasil”, afirmou.