Comportamento

No litoral português, há um lugar paradisíaco para casas à beira-mar

Portugal tem sido uma opção para compradores de imóveis na Europa

No litoral português, há um lugar paradisíaco para casas à beira-mar
O Algarve, ao sul de Portugal, é o local mais popular do país quando se trata de casas de férias (Foto: Valéria Bretas)
  • O Algarve, ao sul de Portugal, é o local mais popular do país quando se trata de casas de férias
  • Mas os compradores de casas que querem evitar as multidões de que a região se tornou sinônimo estão voltando seus olhos um pouco mais ao norte, em outra praia, chamada Comporta
  • Uma imobiliária portuguesa, a Vanguard Properties, está por trás de mais um empreendimento da Comporta denominado Muda Reserve

(Shivani Vora, NYT) – Portugal não é avesso ao turismo – ou a uma boa quantidade de compradores de casas de férias de toda a Europa, dos Estados Unidos e de outros países.

Eles vêm para o clima temperado durante todo o ano, com dias de sol na maior parte; excelente comida fresca, alta qualidade de vida, uma diversidade de atrações, incluindo praias, locais históricos e atividades como golfe, surf, passeios de barco e caminhadas – e a preços acessíveis, em comparação com destinos semelhantes na Europa.

O Algarve, ao sul de Portugal, é o local mais popular do país quando se trata de casas de férias e é favorecido por suas muitas praias e dezenas de campos de golfe, diz Patrick Bonnet, diretor de marketing da Berkshire Hathaway HomeServices Portugal Property.

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Mas os compradores de casas que querem evitar as multidões de que a região se tornou sinônimo estão voltando seus olhos um pouco mais ao norte, em outra praia, chamada Comporta.

Parte do Alentejo, região vinícola do sul a cerca de uma hora de carro de Lisboa, a Comporta é uma área que inclui uma aldeia com o mesmo nome. A paisagem é plana e acidentada, quase selvagem, e emoldurada por uma praia que se estende por mais de 50 quilômetros. Campos de arroz, pinheiros, fazendas agrícolas e dunas de areia veem-se por toda parte.

Não faz muito tempo que a Comporta era relativamente desconhecida, mas hoje a região está passando por um surto de desenvolvimento com várias novas comunidades residenciais de empresas imobiliárias locais e internacionais, juntamente com casas recém-construídas para famílias.

Paulo Barreto, consultor imobiliário da Berkshire Hathaway HomeServices Portugal Property, que tem uma casa na Comporta, disse que grande parte das terras ali pertenceu aos Espírito Santos, importante família de banqueiros portugueses. Foi nacionalizada na década de 1970 durante a Revolução dos Cravos do país, mas privatizada novamente no final dos anos 1980.

Comporta conseguiu evitar os holofotes, disse Barreto, porque grande parte dela é uma reserva natural protegida onde as construções são limitadas pelo governo. A acessibilidade também tem sido um fator: uma autoestrada que ligou Lisboa parcialmente à Comporta e reduziu o tempo de viagem pela metade só foi construída no final dos anos 1990.

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“A Comporta era um lugar de pescadores e agricultores. As casas eram chalés simples, sem eletricidade e água encanada , disse Barreto. “E como construir muito perto do mar nunca foi permitido, eles geralmente ficavam bem no meio dos campos de arroz.”

Um pequeno grupo de proeminentes compradores de casas, incluindo o renomado designer francês Jacques Grange e o artista alemão Anselm Kiefer, ajudou a trazer a Comporta para os olhos internacionais quando compraram casas de férias lá, há mais de uma década. Grange descreveu a região como os Hamptons, no extremo leste de Long Island, antes de se desenvolver. “Não há muita coisa na Comporta por quilômetros e quilômetros, que é exatamente a razão de estar aqui”, disse ele.

De acordo com Julian Walker, diretor e especialista em Portugal da imobiliária Spot Blue International Property, com sede em Londres, esta parte do país só recentemente começou a atrair interesse maior de compradores de casas atraídos pelo estilo de vida português, não pelo cenário social agitado. “No fundo, a Comporta é algo exclusivo e rústico e muito privado”, disse.

Barreto acrescentou que a Comporta era diferente das outras localidades ribeirinhas pelas restrições de construção. “Muito poucas propriedades estão na praia ou mesmo de frente para ela”, disse ele. “Pode-se estar perto do oceano, mas não morar diretamente nele”.

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Um dos maiores e mais novos projetos residenciais da Comporta é o CostaTerra Golf & Ocean Club, da Discovery Land Company, sediada em Scottsdale, Arizona, que possui um portfólio de mais de uma dezena de clubes residenciais de alto padrão nos Estados Unidos e no Caribe.

Cobrindo mais de 400 hectares, 224 dos quais são áreas de preservação dedicadas, o CostaTerra possui quase um quilômetro de praia, embora suas casas não fiquem no oceano. Um restaurante e um bar no topo de uma casa numa árvore com vista para o mar já estão abertos, assim como um spa e vilas para acomodar compradores em potencial. A maior parte do clube será inaugurada em junho próximo, de acordo com seu diretor de vendas, Adrian Wadey.

Wadey disse que os preços das casas no CostaTerra começaram em US$ 4.6 milhões. Até agora, disse ele, foram vendidas 71 residências.

A famosa designer de interiores Alexandra Champalimaud, que supervisionou inúmeros projetos como a reforma do hotel Raffles em Cingapura, é a designer-chefe do CostaTerra. De nacionalidade portuguesa e com casa na Comporta, disse que a estética do clube reflete a região. “Estou optando por muitas cores neutras e brancas e usando ladrilhos de terracota feitos localmente”, disse ela.

O Atlantic Club Comporta é outro novo e notável condomínio residencial. Com inauguração programada para o final de 2023, ele incluirá 21 vilas térreas que variam em tamanho de 300 a 600 metros quadrados; os preços começam em US$3.5 milhões. As casas estão sendo construídas ao redor de um pátio com jardim paisagístico e terá piscinas, disse Dietrich E. Rogge, fundador e presidente-executivo da Rockstone Real Estate, a empresa com sede em Munique por trás do empreendimento.

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“A vida na Comporta gira em torno da casa das pessoas, que é onde elas passam o tempo e se reúnem com os amigos e familiares”, disse. “É por esta razão que o Atlantic Club não terá restaurante nem espaços públicos de convívio.”

Grange, o francês decorador de interiores que está projetando o Atlantic Club e tem uma casa de férias nas proximidades, diz: “É um lugar com o mesmo espírito da minha casa”, disse ele.

Uma imobiliária portuguesa, a Vanguard Properties, está por trás de mais um empreendimento da Comporta denominado Muda Reserve. Composto por 175 vilas com piscina privativa e 50 lotes maiores (os preços das vilas começam em US$ 1.3 milhão), o Muda está em construção e também incluirá um restaurante, igreja e espaço para coworking de acordo com o chefe de comunicações do Vanguard, Duarte Zoio. Todos os lotes foram vendidos, diz ele.

A Vanguard também está construindo mais duas propriedades próximas, que terão casas e quartos de hotel, bem como um campo de golfe em cada uma, disse ele.

Novas residências para uma família que não fazem parte de comunidades estão contribuindo para o crescimento da Comporta como destino de férias. Barreto disse que muitos compradores de imóveis estão comprando terrenos com casas antigas, demolindo-as e construindo novas. “Tudo isso fica no interior, geralmente em campos de arroz, e alguns têm mais de 3.000 hectares”, disse ele.

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Uma casa de 90 metros quadrados custa cerca de US$ 400.000 ou US$ 500.000, disse Barretto, e propriedades maiores podem custar até US$ 5 milhões.

Mas o apelo não está apenas nos preços. Proprietários de casas na Comporta, incluindo Barretto, Grange e Champalimaud, disseram que a região oferece um estilo de vida descontraído, onde as pessoas passam a maior parte dos dias durante o período mais quente na praia ou relaxando à beira de suas piscinas. Também se encontram nas casas uns dos outros para refeições – geralmente festas de frutos do mar com bastante vinho português – e que duram horas.

Comporta, Pego e Carvalhal são algumas das principais praias e raramente ficam lotadas. “Não é incomum eu ficar lá sozinha”, disse Champalimaud. /Tradução de Anna Maria Dalle Luche

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