- O desenvolvimento do real digital está na fase do laboratório, o Lift Challenge
- O primeiro teste do real digital será determinar o "nível de vazamento" de informações na rede blockchain
- O regulador vai avaliar como irão funcionar as trocas no ambiente que vai ser criado para registro, negociação e liquidação de ativos digitais
A principal meta do Banco Central no primeiro teste do real digital será determinar o “nível de vazamento” de informações na rede blockchain permissionada em que será negociada a versão brasileira da Moeda Digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) e verificar ela se obedece aos requerimentos prudenciais.
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Em entrevista ao Broadcast, o coordenador do projeto do real digital no BC, Fabio Araujo, contou que o primeiro piloto deve ser lançado com apenas um ativo para negociação, ainda a ser escolhido. A ideia é montar uma operação simplificada para que o regulador possa verificar o grau de segurança e privacidade do sistema durante a troca de informações entre os participantes.
O desenvolvimento do real digital está na fase do laboratório, o Lift Challenge, que se encerrou na última sexta-feira. O relatório final sobre os nove projetos estudados será divulgado no Lift Day, no dia 25 de abril, o que deve abrir caminho para o início dos testes.
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No laboratório, cada um dos casos de uso para o real digital é desenvolvido em protocolos fechados, sem possibilidade de interação. “Nesta segunda fase [piloto], vamos simplificar a operação, mas vamos colocar vários participantes para trocarem informação para ver o grau de segurança e privacidade que podemos trazer para o sistema”, explica Araujo. “O piloto é focado nisso. Vamos fazer infraestrutura básica, trazer participantes do mercado e fazer operações para que possamos determinar o nível de vazamento de informação e se está de acordo com os requerimentos regulatórios”, completou.
Na prática, o regulador vai avaliar como irão funcionar as trocas no ambiente que vai ser criado para registro, negociação e liquidação de ativos digitais, que provavelmente terá governança conjunta do BC e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Será observada a interação entre o real digital e os depósitos “tokenizados”, um tipo de moeda de bancos e instituições de pagamento lastreada na CBDC brasileira, que, quando do lançamento do real digital, será usada no varejo. O BC vai verificar ainda a conexão entre os tokens e o ativo a ser negociado.
Nessa fase, porém, os depósitos tokenizados só vão funcionar dentro do sistema do BC. Posteriormente, a intenção do órgão é abrir os testes para outros protocolos e participantes, mas só em 2024. Como mostrou o Broadcast, o desafio do BC com o real digital está em conciliar os benefícios trazidos pela tecnologia blockchain (espécie de livro de registro de transações) com a segurança exigida no mundo financeiro.
Para o órgão, a possibilidade de agrupar os serviços oferecidos por bancos e demais agentes regulados é a mudança fundamental que o real digital pode trazer para o sistema financeiro, a chamada composibilidade. “Poder ter uma fintech especializada em uma parte do contrato e outra instituição por uma outra. Compor um serviço financeiro para montar um contrato completo que atenda o cidadão”, ilustra.