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- A crença remete ao dia em que Jesus Cristo foi perseguido, uma sexta-feira, e a quantidade de participantes da santa ceia (12 apóstolos e Jesus), totalizando 13 pessoas
- No entanto, na Bolsa de Valores brasileira, o dia tem apresentado resultados variados. Nesta sexta-feira (13), o mercado abriu com ganhos
- A superstição é uma forma irracional de interferir em nossas decisões do dia a dia, inclusive financeiras, explicam os especialistas
No filme Outsider, de 2016, Jérôme Kerviel, um trader francês que, na vida real, foi formalmente acusado pelo banco Société Générale por uma fraude que causou perdas estimadas em cerca de 4,9 bilhões de euros, utiliza a superstição para encorajar as suas escolhas na bolsa.
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São várias as cenas em que Kerviel acredita que o seu comportamento define o sucesso do mercado. O trader chega a contar carros na rua para dar sorte. Em sua cabeça, se ele conseguir contar cinco carros brancos, a bolsa terá alta no dia seguinte.
Segundo Ana Paula Hornos, psicóloga, educadora financeira e colunista do E-investidor, o filme ilustra como as superstições podem ser levadas para as decisões dos investidores. Na sexta-feira 13, conhecida como “dia do azar”, essa crença pode ser ainda mais definidora.
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De acordo com Hornos, na psicologia comportamental, o comportamento supersticioso acontece quando a pessoa desenvolve atitudes acreditando que tem controle de alguma situação por conta de algo que aconteceu no passado. “A pessoa acredita que, se ela fizer novamente aquilo, a mesma coisa pode acontecer ou ela pode evitar que algo aconteça”, explica.
Apesar de ser uma data neutra, não existindo nenhuma relação comprovada com azar, Hornos explica que pode ocorrer um comportamento de manada: “se vários investidores juntos pensarem nisso e tomarem a mesma decisão, a teoria pode se realizar e a crença pode ser reforçada”, diz.
A psicanalista Márcia Tolloti, consultora psicofinanceira, conta que uma superstição é uma forma irracional de interferir em nossas decisões do dia a dia, inclusive financeiras.
“Essas crenças determinam o comportamento porque as pessoas introjetam esse pensamento e vivem como se fossem realidade. Por isso é necessário observar o aspecto emocional diante da tomada de decisão”, diz Tolloti.
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Segundo ela, muitas vezes o investidor pode relacionar uma má decisão com a crença do dia e isso pode reforçar a superstição. Depois, quando vem a confirmação de que a decisão foi errada, ele joga “a culpa” do mau resultado na data e isso reforça a teoria de que a sexta-feira 13 traria azar.
Sexta-feira 13 apresenta sinais variados no Ibovespa
No caso da sexta-feira 13, a crença remete ao dia em que Jesus Cristo foi perseguido, uma sexta-feira, e a quantidade de participantes da santa ceia (12 apóstolos e Jesus), totalizando 13 pessoas. “Isso foi reforçado por filmes, mantiveram uma cultura de que a sexta-feira e o 13 juntos dariam azar. Em Nova York tem prédios que não possuem o andar número 13 por isso”, conta Ana Paula Hornos.
No entanto, na Bolsa de Valores brasileira, o dia tem apresentado resultados variados. Nesta sexta-feira (13), o mercado abriu com ganhos. Nas últimas cinco, três foram de altas e duas de baixas. Na única do ano passado, o Ibovespa subiu 0,41%, mesmo em uma semana marcada por perdas.
Em 2020, a sexta-feira 13 de novembro foi de alta de 2,16%. No entanto, a de março foi de queda acentuada de 13,91%, com a Covid-19 começando a machucar o bolso dos investidores.
Já em 2019, no dia 13 de dezembro os investidores comemoraram o que, naquele momento, era a máxima histórica do índice, após o Ibovespa registrar alta de 0,33%. Em setembro do mesmo ano, o dia foi de queda de 0,83%.
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“O 13 é um número neutro, como todos os outros, e a sexta-feira é uma data neutra, assim como as outras da semana. Ao contrário, pode ser um bom dia para a bolsa e a data pode passar a ser considerada de sorte. Está relacionado à transmissão cultural”, brinca Ana Paula Hornos.