Comportamento

A história do trader suíço que vendia informação privilegiada

Ele admitiu ter participado de um esquema internacional de fraudes e chegou a um acordo com a SEC

A história do trader suíço que vendia informação privilegiada
Vários participantes do esquema foram processados. Foto: REUTERS/Brendan McDermid/File Photo
  • A cooperação de Demane Debih levou a ações contra pelo menos meia dúzia de pessoas ligadas ao esquema
  • O processo da SEC foi movido pouco depois de um israelense ligado ao esquema, Dov Malnik, ser condenado a 30 meses de prisão

(Chris Dolmetsch, Bob Van Voris, WP Bloomberg) – Um antigo trader que admitiu ter desempenhado um papel central em um esquema internacional de negociações com informações privilegiadas e cooperou com os promotores dos Estados Unidos chegou a um acordo em uma ação movida contra ele pela Comissão de Valores Mobiliários do país (SEC, na sigla em inglês).

Marc Demane Debih, 51 anos, concordou com uma ordem que o proíbe de violar as leis de combate à fraude de títulos dos EUA, disse a SEC em um comunicado no fim de novembro. Ele também estará sujeito a penalidades civis que serão decididas posteriormente por um juiz.

A ação movida pela SEC contra Demane Debih na Justiça Federal de Nova York alega que ele ganhou pelo menos US$ 49 milhões negociando informações privilegiadas e dando dicas a outras pessoas antes dos anúncios oficiais das empresas de 2011 até, no mínimo, 2017.

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Vários participantes do esquema, entre eles o ex-banqueiro do Goldman Sachs Group Inc. Bryan Cohen, foram processados e o próprio Demane Debih se declarou culpado das acusações criminais em outubro de 2019.

A SEC regularmente propõe ações em paralelo com processos civis contra pessoas acusadas de crimes de fraude de títulos, e o processo pode indicar que Demane Debih está encerrando sua cooperação. Os advogados que representam Demane Debih não responderam às solicitações de comentários sobre o processo enviadas por e-mail.

A cooperação de Demane Debih levou a ações contra pelo menos meia dúzia de pessoas ligadas ao esquema. O ex-trader que vive em Genebra foi a principal testemunha no julgamento de janeiro de 2020 de Telemaque Lavidas, filho do diretor de uma empresa farmacêutica.

Lavidas foi acusado de vazar segredos da empresa para um amigo que as repassou para Demane Debih. Ele foi condenado e teve como sentença um ano e um dia de prisão em julho de 2020.

O processo da SEC foi movido pouco depois de um israelense ligado ao esquema, Dov Malnik, ser condenado a 30 meses de prisão. Malnik e o parceiro de negócios Tomer Feingold, ambos cidadãos israelenses que viviam em Genebra, foram acusados em fevereiro de crimes como conspiração e fraude de títulos em uma denúncia federal anteriormente confidencial que se tornou conhecida em junho. Malnik se declarou culpado em junho e Feingold continua foragido.

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Demane Debih deu dicas a Feingold e Malnik em troca de milhões de dólares de propina, com base nas informações que conseguiu com Benjamin Taylor, ex-banqueiro do Moelis & Co., e Darina Windsor, anteriormente do Centerview Partners, de acordo com um depoimento e documentos do processo. Taylor e Darina, que moravam em Londres, foram acusados pelos EUA em outubro de 2019, mas ainda não responderam às acusações.

Cohen, o ex-banqueiro do Goldman, declarou-se culpado em janeiro de 2020 por passar dicas sobre negócios envolvendo o Buffalo Wild Wings e a Syngenta para Demane Debih e foi condenado a um ano de prisão domiciliar./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

 

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