- Agências reguladoras puniram bancos de Wall Street por não impedirem funcionários de usarem plataformas de mensagens não autorizadas
- Chefes de mesas de operações, equipes de negociação e executivos com responsabilidades nacionais e globais estão entre os piores infratores
- Além de pagar mais de US$ 2 bilhões em multas, as empresas prometeram contratar um consultor para analisar como as instituições monitoram comunicações de trabalho
Uma investigação nos Estados Unidos sobre mensagens de texto não autorizadas em Wall Street está obrigando muitos dos maiores bancos do mundo a criar uma nova função de compliance: o fiscal do WhatsApp.
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As empresas podem colocar a culpa nos chefes que violaram as regras.
Enquanto as agências reguladoras dos EUA puniam 11 bancos de Wall Street por não impedirem seus funcionários de usarem plataformas de mensagens não autorizadas, os investigadores reservaram um tempinho para descrever alguns dos piores infratores – entre eles estão chefes de mesas de operações, equipes de negociação e executivos com responsabilidades nacionais e globais.
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Em alguns casos, os gestores chegaram até mesmo a enviar mensagens de texto aos funcionários encarregados de garantir que os bancos cumprissem a lei.
Então, como parte da solução – além de pagar mais de US$ 2 bilhões em multas cobradas até agora –, uma lista de empresas que conta com nomes como Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley prometeram, cada uma, contratar um consultor de compliance para analisar como as instituições monitoram e arquivam quaisquer comunicações relacionadas ao trabalho, inclusive nos celulares dos funcionários ou outros dispositivos pessoais.
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) destacou falhas na supervisão no passado, mencionando pelo menos alguns gestores em cargos sênior em cada empresa envolvidos na troca de mensagens excessivas com colegas e clientes.
A agência disse anteriormente que estava particularmente frustrada com os executivos que deveriam ajudar a fazer cumprir as regras, mas, em vez disso, optaram por infringi-las.
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No Bank of America, que divulgou a maior parte das penalidades, um chefe de uma mesa de operações disse a corretores de outras empresas que excluíssem mensagens trocadas usando dispositivos pessoais e que passassem a utilizar o software de mensagens Signal, que é criptografado, de acordo com a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês). O executivo pediu demissão este ano.
A decisão da SEC de tirar satisfação com os executivos – com base em uma amostra de mensagens que os bancos foram solicitados a reunir para a investigação – talvez aumente a pressão sobre as empresas para garantir que certos gestores sejam responsabilizados. O JPMorgan Chase, o primeiro banco a concluir a averiguação no ano passado, demitiu alguns executivos após as investigações e puniu muitos outros, às vezes reduzindo seus bônus.
As autoridades não mencionaram nomes nos acordos. E uma pessoa próxima a um dos maiores bancos disse que os investigadores não especificaram obrigatoriamente para as empresas quais funcionários estavam envolvidos.
Dois executivos com relacionamento estreito com os bancos afirmaram que alguns dos funcionários envolvidos não trabalham mais nas empresas e que a saída deles não tem a ver necessariamente com a investigação.
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Uma porta-voz do Citigroup disse em comunicado que o credor está feliz por ter o caso resolvido. O Deutsche Bank “implantou de forma proativa plataformas de bate-papo e mensagens de texto totalmente úteis e adequadas [à norma] e continuará a expandir essas tecnologias para atender às expectativas de nossos reguladores e nossos clientes”, disse um porta-voz em um comunicado. Os representantes dos outros bancos não quiseram se pronunciar ou não enviaram seus comentários até a publicação desta matéria.
Veja a seguir alguns dos executivos mencionados nos documentos de acordos da SEC com grandes bancos de investimento por supostamente infringirem as regras:
– Bank of America: um diretor-geral do banco de investimento com atuação em todo os EUA enviou e recebeu milhares de mensagens, inclusive para colegas, clientes e funcionários de outras empresas. E o chefe de uma mesa de negociação de títulos enviou mensagens de texto a mais de 50 colegas e para várias pessoas de fora da empresa.
– Barclays: um diretor-geral do banco de investimento trocou milhares de mensagens relacionadas com as atividades da empresa. E o chefe de uma mesa de operações de renda fixa enviou mensagens de texto para mais de 29 colegas, assim como para pessoas de outras empresas.
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– Cantor Fitzgerald: um diretor-geral em um cargo de liderança no banco de investimento da empresa trocou cerca de três mil mensagens com colegas, clientes do banco de investimento e funcionários de outras empresas de serviços financeiros. Outro diretor-geral sênior com uma posição de liderança na negociação de ações trocou cerca de mil mensagens com colegas.
– Citigroup: um agora ex-diretor-geral com atuação global no banco de investimento enviou e recebeu milhares de mensagens. E o chefe de uma mesa de operações de renda fixa enviou mensagens para mais de 70 colegas.
– Credit Suisse Group: um diretor-geral com uma função de liderança no banco de investimento trocou milhares de mensagens. E um diretor-geral de negociação de ações trocou mais de mil mensagens com colegas.
– Deutsche Bank: um diretor-geral com uma função de liderança nos EUA no banco de investimento e um diretor-geral que supervisionava as equipes de renda fixa, negociações e financiamento enviaram ou receberam, cada um, centenas de mensagens.
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– Jefferies Financial Group: um diretor-geral em um cargo de liderança global no banco de investimento do Jefferies trocou milhares de mensagens com colegas, clientes do banco de investimento e funcionários de outras empresas de serviços financeiros. Outro diretor-geral e chefe de mesa de operações enviou mensagens para, no mínimo, 90 colegas usando plataformas de mensagens, entre elas WhatsApp e Signal.
– Morgan Stanley: um diretor-geral com atuação em todos os EUA na área de títulos institucionais enviou e recebeu mais de 1.400 mensagens. E um associado a uma mesa de operações de derivativos trocou mais de 2.500 mensagens com colegas.
– Nomura Holdings: um diretor-geral em uma posição de liderança nos EUA do banco de investimento da empresa trocou mais de mil mensagens com funcionários de outras instituições financeiras. Outro diretor-geral em um cargo de liderança global na negociação de renda fixa enviou e recebeu mais de mil mensagens de colegas.
– Grupo UBS: três diretores-gerais enviaram ou receberam mais de mil mensagens entre si, para outros diretores e funcionários sob sua supervisão. Um desses três e outro executivo comunicaram-se com suas equipes cujas responsabilidades incluíam garantir o cumprimento da lei pelo UBS./ Tradução de Romina Cácia
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