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Criptomoedas

“O BC não pode implementar regras rígidas a ponto de inibir a inovação”, diz Binance

O vice-presidente regional de uma das maiores corretoras cripto do mundo fala sobre as expectativas para o mercado em 2025

“O BC não pode implementar regras rígidas a ponto de inibir a inovação”, diz Binance
Guilherme Nazar é Vice Presidente da Binance na América Latina (Foto: Binance/Divulgação)
O que este conteúdo fez por você?
  • Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance para a América Latina, comenta sobre algumas discordâncias regulatórias propostas pelo Banco Central
  • Executivo fala sobre estimativas para governo Trump em relação ao bitcoin
  • Nazar fala sobre os planos da Binance para 2025; veja o que a corretora pretende fazer

O ano de 2024 foi animador para o bitcoin e o mercado cripto, com a sua principal moeda atingindo o patamar histórico de US$ 100 mil. Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance para a América Latina, vê a continuidade do otimismo global, mas com alguns desafios para as questões regulatórias no Brasil em 2025.

Segundo ele, o Banco Central está engajado e comprometido com o melhor para os brasileiros, mas que ainda existem pontos de discordância em relação às questões da consulta pública aberta pelo BC em novembro de 2024. A autoridade monetária afirma que, por similaridade de atividade, as exchanges de criptomoedas podem ser tratadas como casas de câmbio e de títulos e valores mobiliários em alguns momentos. Mas é nesse aspecto que a Binance discorda.

O executivo comenta que o mundo cripto se assemelha com o mercado de capitais tradicional, mas nem tudo que está no sistema tradicional vai funcionar no ramo das criptomoedas.  “Os criptoativos são uma nova tecnologia com conceitos disruptivos, com produto global e transfronteiriço. É interessante que não haja regras rígidas por parte do BC a ponto de inibir a inovação”, disse Nazar.

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Ainda durante a conversa, ele falou sobre as questões da reforma tributária sobre bitcoin, perspectivas para 2025 e os planos da exchange para o próximo ano. Confira os principais trechos da entrevista:

E-Investidor — A regulamentação da Reforma Tributária passou por várias modificações no Congresso. A proposta fará o investidor de cripto pagar mais ou menos impostos?

Guilherme Nazar — A alteração mais relevante, que vejo com bons olhos, é que no texto inicial da Câmara tínhamos um imposto semelhante à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). No entanto, houve uma mudança no Senado e o imposto agora não vai recair sobre cada transação e sim sobre as receitas das exchanges (corretoras cripto). Eu não diria que o investidor seria prejudicado por esse imposto que será cobrado, pelo menos não na Binance. Em empresas menores, pode ser que esse repasse aconteça.  De modo geral, a gente busca não impactar o investidor e não vamos trazer esse imposto para ele.

Como o Sr. avalia a atuação do Banco Central em regulamentar o mercado cripto?

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Vemos o Banco Central engajado e comprometido com as questões regulatórias no Brasil. Olhando para o caráter prudencial, de proteção ao cliente, a autarquia tem atuado como um entendimento muito profundo e permitindo uma consulta pública que vamos contribuir até o dia 7 de fevereiro. Todavia, o que seria importante para o regulador é não identificar um possível problema e relacionar essa necessidade de solução com algo já visto em outra indústria mais tradicional. O mundo cripto se assemelha com o mercado de capitais tradicional. Todavia, nem tudo que está no sistema tradicional vai funcionar nas criptomoedas. Os criptoativos são uma nova tecnologia com conceitos disruptivos, com produto global e transfronteiriço. É interessante que não haja regras rígidas a ponto de inibir a inovação.

E quais seriam essas regras rígidas que podem atrapalhar?

Existem mercados que acabaram fechando o cerco, como o fato de a criptomoeda ser negociada somente entre os residentes do país. E qual o impacto disso? Se você restringe as negociações locais, você cria uma diferença de preços do bitcoin. Cerca de 90% dos criptoativos negociados só localmente se desviam e ficam mais caros do que o preço global. Esse é um exemplo, mas é claro que, através das nossas colaborações para o Banco Central, vamos buscar apontar essas divergências, mas também soluções e formas diferentes para sanar essa mesma solução. Ainda não posso revelar quais serão todos os pontos que vamos propor de mudanças, mas a partir de 7 de fevereiro vamos deixar tudo na consulta pública.

Quais são as expectativas para o mercado cripto com um novo governo de Donald Trump em 2025?

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Existe um otimismo do mercado com o presidente eleito pelo fato de ele trazer uma pessoa favorável às criptomoedas para a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês). Existe também o interesse dele em fazer uma reserva de bitcoin, como se fosse uma reserva de ouro ou cambial. E essa questão da reserva de bitcoin não é só nos EUA. No Brasil, nós também temos um projeto de lei para tornar 5% das nossas reservas em bitcoin. É difícil projetar quando ele vai começar, ou por onde ele vai começar. Se terá fácil aprovação no Congresso ou se vai implementar no primeiro ou segundo ano de mandato. No entanto, esse tom amigável de Trump com o bitcoin deve manter o tom otimista do mercado, por dar continuidade sobre todos os fatos positivos que aconteceram no mercado cripto em 2024, como a aprovação dos Exchange Traded Funds (ETFs) de bitcoin. Vale lembrar que, com todo esse otimismo do ano com o bitcoin, algumas pessoas estimaram que a criptomoeda poderia chegar ao preço da barra de ouro.

E você concorda com essa previsão? 

Prefiro não fazer precificação. Não falamos para onde vai o bitcoin no médio e longo prazos. Claro que, se a criptomoeda chegar no preço da barra de ouro, olhamos com bons olhos. No entanto, não falamos sobre o preço. Ainda assim, quando olhamos para o preço de centavos do bitcoin por volta de 2011 e hoje olhamos para ele na faixa dos US$ 100 mil, vemos o potencial da criptomoeda. E acreditamos que ele tem muito mais pela frente.

Quais são os planos da Binance para 2025?

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Vamos continuar focando em liderar os esforços em conformidade regulatória e também queremos garantir que somos uma das plataformas mais seguras no mercado global. Também vamos manter nosso foco em conteúdos educativos com foco nos esforços de educação financeira. Afinal, se cada vez mais pessoas estão com o conhecimento mínimo do mundo cripto, mais pessoas serão participantes da indústria.