O bitcoin é a maior criptomoeda em valor de mercado (Foto: Adobe Stock)
O bitcoin encerrou setembro com ganhos de 5,35% no acumulado mensal. O desempenho contrariou parte do histórico da criptomoeda para esse período, que costuma ser de perdas para os investidores que aproveitam o período para realizar mudanças no portfólio. O desempenho foi sustentado, principalmente, pela entrada líquida de US$ 3,1 bilhões nos ETFs de BTC à vista. Desde o seu lançamento na bolsa de valores dos EUA, em janeiro do ano passado, o fluxo de capital desses fundos garantiu à criptomoeda novos recordes históricos e resiliência para manter as cotações do ativo digital em níveis elevados.
“O desempenho positivo reforça a visão de que o Bitcoin é uma classe de ativos em amadurecimento, capaz de transformar o que era visto como risco em oportunidade”, diz Julián Colombo, diretor sênior de políticas públicas e estratégia para a América do Sul na Bitso.
Em paralelo, as companhias listas em bolsa, como a Strategy, alcançaram o volume histórico de 1 milhão de bitcoins. O montante equivale mais de US$ 111 bilhões, segundo dados da Bitcoin Treasuries.NET.
Os ganhos só não foram maiores devido ao tom cauteloso do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) na reunião de setembro. Embora tenha reduzido em 0,25 ponto percentual os juros americanos, a postura do Fed reduziu o otimismo excessivo dos investidores que liquidaram parte das suas posições compradas em BTC. No entanto, o comportamento pode viabilizar ganhos relevantes para o ativo digital em outubro.
“Esse movimento de “limpeza” no mercado de futuros é bastante relevante, pois costuma anteceder ciclos de alta”, diz Rony Szuster, head de research do Mercado Bitcoin (MB).
O otimismo não se resume apenas a esse evento. O mercado aguarda a aprovação de ETFs de diversas altcoins no início do mês nos Estados Unidos, reforçando um ambiente regulatório mais favorável para o setor. Litecoin, XRP e Solana devem ser os ativos beneficiadas com a aprovação. Além disso, assim como as bolsas internacionais, o mercado cripto acompanha o shutdown (paralisação da máquina pública) nos EUA que foi confirmado nesta terça-feira (30). Sem a aprovação do orçamento de 2026 no Congresso americano, os serviços públicos da maior economia do mundo pafetados pela falta de recursos.
Como explicou o Estadão, a paralisação implica a suspensão de trabalhos não essenciais, enquanto funcionários públicos ficarão sem salário até que o impasse orçamentário seja solucionado. A situação obrigou o Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA, responsável pelos dados do payroll, a comunicar a possibilidade de suspender a divulgação do relatório, previsto para esta sexta-feira (3). Os números correspondem a principal métrica do país para avaliar o cenário econômico americano, além de ajudar o Fed a definir os próximos passos da política monetária.
O cenário, por sua vez, trouxe efeitos positivos para o bitcoin nesta quarta-feira (1). Nas primeiras horas de outubro, o BTC subiu 6,8% no acumulado das últimas 24h, segundo dados do CoinMarketCap. Os ganhos refletem que as incertezas fiscais e política dos EUA reforçam a rese de reserva de valor do bitcoin por expor a fragilidade do sistema fiduciário. “O avanço do ouro para máximas históricas, o aumento da probabilidade de corte de juros pelo Fed e o enfraquecimento da narrativa de dólar forte criam um ambiente favorável para ativos escassos e alternativos como o BTC”, André Franco , analista de investimentos cripto e CEO da Boost Research.
Criptos para manter no radar
Setembro não foi positivo apenas para o bitcoin. Outros ativos digitais conquistaram ganhos relevantes nos últimos 30 dias. Dados do MB, enviados ao E-Investidor, mostram que MYX Finance (MYX), um protocolo de derivativos descentralizado, subiu 1.170% no acumulado mensal. A alta reflete uma combinação de fatores que favoreceu o criptoativo durante o período.
O principal deles é o valor total travado (VTL), que mensura o volume de ativos depositados em uma plataforma específica, subiu de US$ 5 milhões no fim de agosto para US$ 50 milhões em setembro. “O sucesso de uma iniciativa de airdrop, aliado à listagem em três grandes exchanges internacionais, consolidou o mês como um eríodo excepcionalmente positivo para o ativo”, destaca Szuster. MemeCore (M), Zcash (ZEC) e Pump.fun (PUMP) também avançaram 255,8%; 84,17% e 77,23%, respectivamente.
As maiores altas do mercado cripto em setembro
Criptomoeda
Valorização mensal
MYX Finance (MYX)
1.170%
MemeCore (M)
255,80%
Zcash (ZEC)
84,17%
Pump.fun (PUMP)
77,23%
Mantle Network (MNT)
50,29%
Fonte: Mercado Bitcoin/*Apenas os ativos com mais de US$ 1 bilhão em valor de mercado foram considerados na análise
Os ganhos, no entanto, não foram suficientes para convencer o MB a classificá-lo como bons ativos para se ter na carteira durante o mês de outubro. Além do bitcoin, a exchange recomenda criptos mais consolidadas no mercado e com melhores teses de investimentos. Hyperliquid (HYPE), Solana (SOL),Pendle e a Ondo Finance (ONDO) fazem parte da lista das recomendações.
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O grupo também não está presente nos relatórios das casas que elencam os ativos com potencial de surpreender o mercado nas próximas semanas. A Foxbit, por exemplo, acredita que o ethereum (ETH) é um deles. Embora tenha registrado uma queda de 5% em setembro, o ativo tem espaço para alcançar valorizações expressivas devido à maior integração institucional e ao acúmulo de ETHs nas carteiras de longo prazo. Já a Bitso cita a XRP devido às expectativas do mercado em torno da aprovação do seu ETF à vista. “Diversos pedidos de ETFs spot de XRP estão sob análise, e espera-se que haja decisões em outubro”, diz Colombo.
Veja as criptomoedas para manter no radar em outubro