O investidor brasileiro tem se destacado quando o assunto é a proporção investida em bitcoin dentro do próprio portfólio. No País, a criptomoeda mais famosa do mercado representa 60% da carteira de criptoativos dos investidores – a maior adoção dentro da América Latina. A alta porcentagem mostra a percepção do bitcoin como reserva de valor consolidada.
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É o que indica a segunda edição do relatório “Panorama Cripto na América Latina”, da Bitso, com dados do primeiro semestre deste ano. Mais detalhes sobre a pesquisa podem ser conferidos nesta reportagem do Bora Investir, portal da B3, que também explica os motivos por trás do crescimento na procura por criptoativos no Brasil.
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O estudo analisou o comportamento da base com mais de 8 milhões de usuários da plataforma da Bitso. O foco esteve nos lugares onde a empresa opera: Argentina, Brasil, Colômbia e México.
Em sua análise, o relatório observou que os investidores dos países citados estão cada vez integrando mais as criptomoedas em suas estratégias financeiras, antecipando a data de compra dos ativos para o período de recebimento do salário, já que o maior volume de aquisição acontece na primeira semana de cada mês.
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Na visão de Thales Freitas, CEO da Bitso Brasil, essa mudança de postura reflete um afastamento da visão especulativa sobre as criptomoedas, que havia no passado, em direção a uma mentalidade mais estratégica. “A inclusão de criptoativos no portfólio já não é vista como uma simples aposta de risco, mas sim como uma oportunidade de diversificação e potencialização dos retornos”, afirma.
No Brasil, é possível observar uma alta concentração de bitcoin e altcoins (moedas que surgiram a partir de bifurcações do código-fonte do bitcoin) nas carteiras dos investidores, o que sinaliza uma estratégia patrimonial voltada a ganhos maiores no longo prazo, segundo Freitas. A Solana – um exemplo de altcoin – ganhou popularidade tanto para realizar operações (devido à sua rapidez e baixas comissões) quanto para investimentos.
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Outros resultados chamam atenção, como o aumento da procura por memecoins. Como o próprio nome sugere, essas criptomoedas são originadas a partir de memes que viralizaram na internet em algum período. Um dos exemplos é o Pepe, conhecido por sua alta volatilidade, o que o torna especialmente atraente para operações de trading.
Em todos os países, o Pepe avançou nos rankings da Bitso, posicionando-se entre os três ou quatro primeiros lugares em termos de compra pela comunidade cripto. No Brasil, o token não apareceu na listagem do segundo semestre de 2023, mas alcançou a segunda posição em preferências no primeiro semestre deste ano.
Os motivos por trás da procura por criptomoedas
Um dos motivos para o crescimento da procura por criptoativos em 2024 está relacionado ao halving do bitcoin. De acordo com Bernardo Srur, presidente da ABCprito, o halving acontece a cada quatro anos e limita a emissão da criptomoeda, o que impacta de forma positiva o valor de mercado. O último halving aconteceu em abril deste ano.
Outro fator que deu um impulso para o mercado cripto em 2024 foi a aprovação de ETFs (fundos de índice) de bitcoin e Ethereum pela Securities and Exchange Commission (SEC) – a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) americana.
Já no Brasil, Srur cita mais alguns fatores que contribuíram para esse crescimento. Entre eles, estão os avanços do Drex, projeto de moeda digital de Banco Central, e a expectativa da revisão normativa da CVM que, hoje, rege o mercado de tokenização.
A discussão em torno da regulação do bitcoin e dos ativos digitais no Brasil também contribui para atrair o interesse dos investidores, conforme as regras vão ficando cada vez mais claras. Para Srur, o País está avançando nos principais pilares: ter uma regulamentação transparente, oferecer educação financeira e infraestrutura tecnológica robusta.
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“No caso da regulamentação, o Brasil necessitava de um ambiente regulatório que oferecesse segurança jurídica sem sufocar a inovação – e avançamos muito desde 2023, com a aprovação do decreto que regulamentou o Marco Legal dos Criptoativos”, diz o presidente da ABCprito.
Para os interessados no mundo cripto, esta reportagem do Bora Investir, portal da B3, traz mais informações sobre a adoção do bitcoin nas carteiras de criptoativos dos brasileiros.