O que este conteúdo fez por você?
- A consolidação da queda de juros dos Estados Unidos em semtembro, como tem sido sinalizado pelo Federal Reserve (Fed), pode trazer fôlego para o bitcoin em setembro
- Os discursos dos candidatos à presidência dos Estados Unidos durante campanha eleitoral devem adicionar volatilidade ao mercado de criptos que já definidiu o seu voto
A sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) em reduzir os juros norte-americanos em setembro ainda não foi suficiente para recuperar os ânimos dos investidores de criptomoedas. Ao contrário do que se imaginava no início do ano, o bitcoin (BTC) caminha para encerrar agosto – que tem sido um mês bastante volátil para os mercados globais – com uma queda de 10,7% no acumulado mensal, segundo dados da Coindesk. Com esse fraco desempenho, a moeda digital mais relevante do mercado fica ainda mais distante da sua máxima histórica, de US$ 73 mil, alcançada em março deste ano.
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A performance do BTC traz dúvidas dos investidores sobre a capacidade de a criptomoeda alcançar cotações ainda mais elevadas nos próximos meses. A expectativa é de que a queda dos juros dos Estados Unidos aumente o apetite dos investidores por ativos de risco, como as criptomoedas, diante da queda da rentabilidade dos títulos públicos norte-americanos. No entanto, desde quando Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou há uma semana que o momento de rever a política monetária dos EUA chegou, o bitcoin disparou com os investidores reagindo ao novo posicionamento, mas logo seguiu em ritmo de queda ao passo de permanecer abaixo dos US$ 60 mil nesta sexta-feira (30).
Beto Fernandes, analista da Foxbit, avalia que o comportamento dos investidores de BTC reflete a busca pela realização de lucros após a alta de 3,3% no último dia 23, quando Powell declarou que há espaço para o primeiro recuo dos juros. Ou seja, a correção do preço da moeda digital nos últimos sete dias não significa que os investidores perderam o interesse pela criptomoeda. “Cada vez mais bitcoins estão deixando as exchanges. Este é um sinal de que os investidores estão comprando para guardar, e não vender no curto prazo. Ou seja, quanto menor o volume da criptomoeda nas plataformas, a pressão vendedora tende a ser menor”, diz Fernandes.
Além disso, há um sentimento de cautela do mercado sobre o ritmo da flexibilização e a magnitude dos primeiros cortes. Os dirigentes do Fed não deram detalhes sobre como ocorrerá esse processo, mas sinalizaram que, se houver uma desaceleração da economia capaz de indicar uma recessão econômica no país, irão adotar uma postura mais agressiva. Vale lembrar que esse risco ocasionou um pânico global no início do mês, como mostramos nesta reportagem.
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Mas a narrativa perdeu força no mercado com a divulgação dos dados dos pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos que vieram dentro do esperado. Segundo o relatório do Departamento de Trabalho dos EUA, o número de solicitações sofreu uma leve queda na semana encerrada em 3 de agosto, somando 233 mil, o que representa uma redução de 17 mil em comparação com a semana anterior.
Eleições nos EUA e Oriente Médio
A política monetária, embora seja determinante nos rumos do bitcoin e de outras criptomoedas, não é a única a influenciar no desempenho da moeda digital nos próximos meses, especialmente em setembro. Em julho, a disputa eleitoral nos EUA foi o assunto que mais afetou o criptoativo e, à medida que as eleições vão se aproximando, a tendência é de que a moeda digital fique mais sensível às propostas dos candidatos à presidência.
Fernando Szterling, head da Bipa Premium, explica que a expectativa se baseia no comportamento do bitcoin nas duas últimas eleições presidenciais, que sofreu perdas significativas durante o período eleitoral, o que pode explicar a ausência de força do ativo nas últimas semanas. “O bitcoin caiu aproximadamente 16% em setembro-outubro de 2020 e 30% em setembro-outubro de 2016”, afirma Szterling. Mas as promessas feitas por Donald Trump, candidato à presidência pelo partido Republicano, podem reduzir a possibilidade de perdas significativas durante os meses de setembro e outubro.
No fim de julho, o ex-presidente dos EUA prometeu proteger a indústria de bitcoin caso fosse eleito ao criar uma reserva estratégica com a moeda norte-americana e parar de vender os ativos digitais acumulados pelo governo. A escolha de J.D Vance, investidor de criptomoedas, como seu vice-presidente na campanha eleitoral, também reforça a preferência dos investidores de criptos pela vitória de Trump. Além de ter experiência com venture capital de cripto, Vance também é investidor de bitcoin, o que fortalece o voto de confiança do mercado à candidatura de Trump.
Já em relação aos conflitos no Oriente Médio, a influência na performance dos ativos se deve ao aumento das incertezas geopolíticas que reduzem o apetite a risco dos investidores. Na última semana de agosto, Israel e a milícia xiita Hezbollah intensificaram seus ataques com o bombardeio realizado por Israel no sul do Líbano, enquanto o grupo Hexbollah disparou drones e centenas de foguetes em direção às instalações militares israelenses.
Segundo João Zecchin, sócio fundador da Fuse Capital, durante essas tensões políticas, os investidores migram para ativos mais consolidados e defensivos. “O ouro se beneficia bastante. O bitcoin trabalha nessa narrativa em ser um novo ouro digital, mas eu acho que a moeda ainda não é adotada amplamente por todos investidores institucionais”, afirma Zecchin.
O que esperar do bitcoin em setembro?
Dado o cenário atual, os analistas não enxergam avanços tão significativos do bitcoin ao longo de setembro e um ambiente mais volátil para o mercado de criptos. Fernandes, da Foxbit, afirma que uma valorização acentuada pode ocorrer caso haja um corte de juros acima de 0,25 pontos-base, o que poderia abrir espaço para os investidores migrarem os seus recursos para ativos de risco.
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“Vemos um mercado acionário tradicional aquecido há praticamente um ano. Em algum momento os investidores devem realizar lucros e reduzir a euforia. Isso também pode ser uma oportunidade interessante para o Bitcoin voltar a ser prioridade”, reforça o analista da Foxbit. Já Szterling acredita que a criptomoeda deve permanecer ainda no intervalo de US$ 50 mil a US$ 70 mil durante o mês de setembro, enquanto o mercado aguarda a decisão do Fed sobre os juros e o resultado das eleições presidenciais dos EUA, previsto para acontecer em novembro.
Com informações do broadcast