- O rápido crescimento do ecossistema de criptoativos representa uma ameaça à estabilidade do sistema financeiro mundial, diz o Comitê de Estabilidade Financeira (FBS, em inglês)
- Alerta ocorre em meio ao colapso de várias plataformas de criptomoedas como a FTX
- Não é de hoje que o Comitê demonstra preocupação com o crescimento acelerado do universo de criptoativos
O rápido crescimento do ecossistema de criptoativos representa uma ameaça à estabilidade do sistema financeiro mundial. O mais novo alerta é do Comitê de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) e ocorre em meio ao colapso de várias plataformas de criptomoedas como a FTX, que manipulou bilhões de dólares de investidores e ruiu.
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O organismo, com sede em Basileia, na Suíça, afirma que, dentro do ecossistema de criptoativos, as chamadas finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) surgiram como um segmento em rápida expansão e devem continuar a crescer no futuro, em relatório publicado hoje. Ao se expandirem, esse universo amplia a conexão com a economia real e o sistema financeiro tradicional, o que reforça a necessidade de um “monitoramento cuidadoso” do setor.
“Os mercados de criptoativos estão evoluindo rapidamente e podem chegar a um ponto em que representam uma ameaça à estabilidade financeira global devido à sua escala, vulnerabilidades estruturais e crescente interconexão com o sistema financeiro tradicional”, alerta o FSB, no relatório.
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Não é de hoje que o Comitê demonstra preocupação com o crescimento acelerado do universo de criptoativos. Há um ano, em estudo sobre o tema, o Comitê fazia o mesmo alerta, evidenciando o fato de que o acelerado crescimento dos mercados de criptoativos pode torná-los uma ameaça ao funcionamento equilibrado do setor financeiro global.
Na visão do FSB, ao desempenhar funções que são intrínsecas ao dia a dia do sistema tradicional, o setor de finanças descentralizadas não só herda como amplifica vulnerabilidades. Dentre as principais preocupações, cita fragilidades operacionais, incompatibilidades de liquidez e maturidade, alavancagem e interconectividade.
“A turbulência nos mercados de criptoativos em maio e junho de 2022 expôs uma série de recursos de aplicativos que se tornaram vulnerabilidades no setor de finanças descentralizadas e nos mercados de criptoativos de forma mais ampla”, avalia o FSB.
O Conselho cita especificamente o colapso da FTX, mas pondera que nenhum dos casos gerou consequência para além do universo de criptoativos. “O colapso da FTX também expôs vulnerabilidades relacionadas a intermediários multifuncionais de criptoativos”, diz.
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Apesar disso, o FSB sugere uma abordagem prospectiva para as implicações de estabilidade financeira do segmento diante do seu rápido crescimento, o que poderia, consequentemente, ampliar o potencial de contágio para além do ecossistema de criptoativos. Alerta ainda para a necessidade de autoridades regulatórias atuarem preventivamente, com monitoramento e obtenção de informações sobre o segmento para que estejam prontos para intervir caso os riscos à estabilidade financeira global cresçam.
Criado no auge da crise internacional de 2008, o FSB é uma iniciativa das 20 maiores economias do mundo, o G20, incluindo o Brasil. O FSB, presidido pelo dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Klaas Knot, coordena o trabalho de autoridades e estabelece políticas de regulação e supervisão como foco na estabilidade do sistema financeiro global.