Criptomoedas

Empréstimo com bitcoin como garantia? Entenda os riscos

Uma fintech oferece linhas de crédito de até R$ 2 milhões com base na sua carteira de criptomoedas

Empréstimo com bitcoin como garantia? Entenda os riscos
Nova aplicação do bitcoin muda potencial da blockchain e permite incorporar NFTs. (Foto: Envato Elements)
  • A Rispar é responsável pela oferta de crédito tendo o saldo em criptomoedas como garantia
  • Segundo a fintech, autorizada pelo Banco Central para realizar esse tipo de operação, as taxas de juros ficam em torno de 1% a 2,9% ao mês
  • No Brasil, 70,7 milhões de brasileiros estão com nome restrito, segundo dados da Serasa referente ao mês de março deste ano

O número de brasileiros com o nome restrito por causa de dívidas atingiu 70,7 milhões de pessoas em março deste ano, segundo dados da Serasa Experian. As faturas do cartão de crédito são os grandes vilões ao responder por 31% das causas do endividamento.

Como as taxas de juros do rotativo dessa linha de crédito são as mais elevadas do mercado, o jeito é buscar outras opções para sair do endividamento. E uma das alternativas pode ser a contratação de empréstimos tendo o bitcoin como garantia de pagamento.

A fintech Rispar é a única instituição financeira, até o momento, a conceder aos seus clientes essa modalidade de empréstimo no Brasil. De acordo com Rafael Izidoro, CEO da empresa, como o risco da operação está associado à garantia e não à capacidade de pagamento do consumidor, os juros nesta linha de empréstimo variam de 1% a 2,9% ao mês, percentual bem abaixo do crédito pessoal que gira em torno de 6,2% a.m.

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“Emprestamos de R$ 500 a R$ 2 milhões. De R$ 500 a R$ 1,5 mil, os juros aplicados ficam no patamar de 2,9%, por exemplo”, cita Izidoro. Isso quer dizer que quanto maior for o valor do empréstimo menor será a taxa de juro aplicada na contratação.

No entanto, como o ativo possui alta volatilidade em comparação às outras classes de investimentos, o valor do crédito ofertado pela fintech deve corresponder até 60% do total do patrimônio do credor. Caso essa margem seja ultrapassada, devido às variações de preço do mercado, o sistema emite informações ao cliente sobre o risco do contrato ser liquidado automaticamente caso o empréstimo alcance o patamar de 80% da garantia.

Ou seja, para conseguir uma contratação de crédito no valor mínimo, o investidor precisa ter pelo menos 0,00556 BTCs na carteira, o que corresponde a R$ 833,3 Já no valor máximo, a garantia deve ser de 22 mil BTCs, equivalente a R$ 3,3 milhões, segundo a simulação da Rispar. Vale lembrar que os exemplos consideraram o preço de um bitcoin cotado a R$ 150 mil.

“O cliente não precisa pegar 60%. Pode pegar apenas um valor que corresponda a 30% porque o bitcoin precisaria cair muito de preço para atingir o teto máximo da garantia”, acrescenta Izidoro. As parcelas do pagamento do empréstimo podem ser feitas em até 60 vezes.

Vale a pena?

A linha de crédito com bitcoin como garantia de pagamento pode ser interessante ao comparar as taxas de juros com as outras opções de empréstimo disponíveis no mercado. Segundo dados do Banco Central, o cheque especial e o empréstimo pessoal cobram em média de 7% a 6,2% de juros ao mês.

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Parcelamento de cartão de crédito e rotativo são as modalidades com os juros mais elevados. Nestas linhas, as instituições financeiras costumam aplicar uma taxa em torno de 14,6% (a.m) para o rotativo e 9% (a.m) para os casos de parcelamento.

Veja a taxa média de juros cobrada pelos bancos em cinco opções de crédito:

Modalidade de empréstimo Média da taxa de juros
Rotativo de cartão de crédito 14,6% a.m
Parcelamento de cartão de crédito 9% a.m
Cheque especial 7% a.m
Empréstimo pessoal 6,2% a.m
Empréstimo com garantia de veículo 2,1% a.m
Fonte: Banco Central

No entanto, Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, acredita que, em casos de endividamento ou com o objetivo para comprar um carro ou reformar uma casa, o consumidor deve avaliar a possibilidade de vender a posição do ativo no lugar de fazer um empréstimo tendo o bitcoin como garantia.

“Há o risco do mercado cair bruscamente em torno de 50%, por exemplo, e ter o contrato liquidado ao ponto do investidor perder a sua posição nas criptomoedas. Pode ser um risco em cima de outro risco”, diz Medeiros. Por isso, ele avalia que o crédito consignado ou até antecipação do FGTS costumam ser as linhas de crédito mais vantajosas. “A pessoa pode se endividar ainda mais”, acrescenta.

Já João Zecchin, sócio da Fuse Capital, acredita que a opção pode ser uma alternativa do investidor aproveitar a liquidez do investimento sem perder a exposição para uma possível valorização do ativo. A outra possibilidade seria utilizar o valor do empréstimo para comprar mais bitcoins.

“O planejamento deve acontecer para os momentos de baixa, onde o ativo depositado em garantia perde valor e portanto o risco de liquidação aumenta”, afirma Zecchin. “Nesse caso, o consumidor deve ter reservado capital para reduzir seu empréstimo ou incluir mais garantias”, acrescentou.

Vale ressaltar que, no acumulado do ano, o bitcoin acumula uma alta de 65,42%, sendo cotado atualmente a R$ 145 mil ou US$ 29 mil. A performance deste ano é bem diferente em comparação ao desempenho de 2022, quando o ativo sofreu uma queda de 67% durante todo o período.

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