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Criptomoedas

Hong Kong quer reanimar setor de criptomoedas após derrocada da FTX

Território quer criar nova regulação para atrair exchanges e se tornar referência para ativos digitais

Hong Kong quer reanimar setor de criptomoedas após derrocada da FTX
Exchanges analisam movimento de Hong Kong com cautela e aguardam as medidas regulatórias tomadas pelo território. (Foto: Pixabay)
O que este conteúdo fez por você?
  • O território afirma que aprenderá as lições com a debacle no mercado de criptomoedas para criar uma estrutura regulatória que possa proteger os investidores e incentivar o crescimento do setor
  • O plano de Hong Kong para as criptomoedas inclui um regime de concessão de licenças obrigatórias previsto para a partir de junho e uma reunião para discutir a permissão da negociação no varejo
  • Nesse contexto, muitas empresas estão em ritmo de espera enquanto aguardam uma recuperação e a versão final das regras reformuladas para ativos digitais de Hong Kong

Hong Kong está firme no plano de se tornar a capital asiática dos ativos digitais. Apesar da reputação prejudicada do setor, é uma postura que atrai o interesse tímido das empresas de criptomoedas abaladas, mas em busca de caminhos para a recuperação.

O território afirma que aprenderá as lições com a derrocada no mercado de criptomoedas, causando prejuízos de US$ 2 trilhões e uma onda de falências pelo mundo, como a da exchange FTX, para criar uma estrutura regulatória que possa proteger os investidores e incentivar o crescimento do setor.

A estratégia para fomentar o setor de criptomoedas faz parte de uma iniciativa maior para recuperar as credenciais de Hong Kong como um centro financeiro, depois que as restrições iniciais relacionadas à covid e a agitação política provocaram uma fuga de cérebros. Mas as empresas de ativos digitais têm se contido ultimamente, o que representa um obstáculo ao esforço da cidade.

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A Matrixport Technologies, credora de criptomoedas com cerca de 300 funcionários, é uma das empresas que estão avaliando o livro de regras em desenvolvimento de Hong Kong. O lar de sua sede, Cingapura, atualmente está tão cauteloso com as moedas virtuais que talvez proíba completamente os empréstimos de tokens no varejo.

A Matrixport já está considerando a possibilidade de se instalar em Hong Kong mesmo enquanto aguarda o resultado de um pedido de licença de ativos virtuais de Cingapura, de acordo com pessoas familiarizadas com o tema.

Avaliar o provável retorno do investimento necessário é difícil porque as regras de Hong Kong ainda estão em desenvolvimento, acrescentaram as fontes, pedindo para não serem identificadas porque as deliberações são privadas. Um porta-voz da Matrixport não quis se pronunciar.

O plano de Hong Kong para as criptomoedas inclui um regime de concessão de licenças obrigatórias previsto para a partir de junho e uma reunião para discutir a permissão da negociação no varejo. As autoridades também autorizaram os fundos negociados em exchanges a investir em futuros de Bitcoin e de Ether no CME Group. Três desses ETFs lançados desde meados de dezembro arrecadaram mais de US$ 80 milhões.

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“As empresas estão interessadas na futura regulamentação das criptomoedas, mas também hesitantes, aguardando mais informações”, disse Rebecca Sin, analista de ETF da Bloomberg Intelligence.

Ela chamou a atenção para o potencial de longo prazo para as gestoras de ativos caso um programa atualmente limitado que permite aos investidores chineses comprar alguns ETFs de ações em Hong Kong seja um dia ampliado para abranger as criptomoedas. A Bloomberg Intelligence estima que o total de fundos sob gestão em ETFs de Hong Kong pode passar de US$ 50 bilhões até o fim do ano.

Rebecca espera que as agências reguladoras permitam ETFs de negociação spot de Bitcoins já no segundo trimestre. A Samsung Asset Management, que lançou o ETF Samsung Bitcoin Futures Active em Hong Kong em janeiro, revelou que poderia considerar a possibilidade de iniciar um fundo spot se a cidade der o sinal verde.

O território está, de certa forma, completando um ciclo, já que costumava ser um centro de criptomoedas nos primeiros anos dos ativos digitais, graças à sua reputação laissez-faire. As desacreditadas e agora falidas FTX e a Alameda Research, do antigo magnata das criptomoedas, Sam Bankman-Fried, têm raízes em Hong Kong que datam de 2019. A Binance, a maior exchange de ativos digitais, já teve uma sede lá.

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Mas os sinais ao longo dos anos de que as autoridades estavam adotando práticas de regulamentação mais rígidas, como limitar as exchanges de criptomoedas a clientes com carteiras de pelo menos HK$8 milhões (US$ 1 milhão), levaram a uma reconsideração entre as empresas do setor. Então, em 2021, a China proibiu as criptomoedas, enfraquecendo o apelo da cidade como um canal para o dinheiro do continente. Bankman-Fried e a FTX fugiram para as Bahamas naquele mesmo ano.

Os Estados Unidos agora acusam Bankman-Fried de uma das maiores fraudes financeiras enquanto estava no comando do falido grupo FTX. O contágio da falência ainda está se espalhando, de forma mais recente com o pedido de falência via Capítulo 11 da credora de criptomoedas Genesis, que pode dever aos credores mais de US$ 3 bilhões.

As agências reguladoras em todo o mundo estão tentando entender os perigos revelados por esses e outros fracassos recentes das criptomoedas. Mesmo assim, o secretário de Finanças de Hong Kong, Paul Chan, disse que a cidade continua comprometida em se tornar um hub da criptoeconomia na região.

Uma reunião para discutir as proteções e os tokens permitidos para compradores de varejo está prevista para este trimestre. As autoridades também estão dispostas a rever os direitos de propriedade para ativos tokenizados e a legalidade de protocolos autoexecutáveis, contratos inteligentes que têm como base softwares que são fundamentais para muitos serviços financeiros que usam blockchain.

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A Autoridade Monetária de Hong Kong disse que planeja um regime de concessão de licenças obrigatórias para as stablecoins até 2023-2024. Elas são tokens planejados para manter um valor constante. A estrutura proposta exigiria que elas fossem totalmente apoiadas por reservas líquidas de alta qualidade. As variantes que dependem de arbitragem ou de algoritmos seriam proibidas.

Um grande desafio para as ambições de Hong Kong é que o setor de ativos virtuais continua numa forte desaceleração depois que uma bolha deflacionou os preços dos tokens no ano passado e os investidores sumiram. As exchanges Coinbase, Crypto.com e a Huobi estão entre uma série de empresas que cortaram mais de 1.600 empregos no setor em janeiro.

Outro risco é a percepção de que Pequim está aos poucos exercendo controle sobre o centro financeiro. A China continua proibindo a maior parte das atividades relacionadas com criptomoedas devido a preocupações com especulações irresponsáveis e a grande quantidade de energia consumida pelos computadores que mineram tokens e protegem as redes de blockchain.

O volume de transações de tokens digitais em Hong Kong cresceu menos de 10% nos 12 meses até junho em relação ao ano anterior, o menor registrado na Ásia Oriental, com exceção da China, de acordo com a especialista em blockchain Chainalysis. O mercado com tendência de baixa das criptomoedas apenas piorou no segundo semestre de 2022.

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Nesse contexto, muitas empresas estão em ritmo de espera enquanto aguardam uma recuperação e a versão final das regras reformuladas para ativos digitais de Hong Kong.

“Estamos prontos para expandir nossas operações locais e criar empregos assim que o plano de ação do governo estiver mais claro quanto ao que é permitido e encorajado”, disse Justin Sun, que define a estratégia para a exchange Huobi. Ele defendeu que Hong Kong está “se tornando a principal influenciadora da adoção de regulamentações para as criptomoedas” na região Ásia-Pacífico.

Os repórteres da Bloomberg Kiuyan Wong e Zheping Huang contribuíram com esta reportagem.

TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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