Bitcoin é a maior criptomoeda em valor de mercado (Foto: Adobe Stock)
O Deutsche Bank ainda permanece cético quanto à uma recuperação efetiva do bitcoin. Na manhã desta quinta-feira (27), o maior e principal ativo digital do mercado ganhou fôlego e avançou 5% nas últimas 24 horas, segundo dados da CoinMarketCap. Os ganhos viabilizaram ao BTC voltar a ser negociado acima dos US$ 90 mil. Ainda assim, a conjuntura econômica e regulatória continua desfavorável à criptomoeda por cinco motivos, segundo o banco alemão.
A principal causa tem sido a queda no apetite a risco dos investidores. Segundo o site especializado em cripto Decrypt, os analistas da instituição financeira avaliam que a queda acentuada das últimas semanas acompanhou as ações de tecnologia e outros ativos de risco devido às preocupações macroeconômicas e tensões comerciais que foram desencadeadas por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
A imprevisibilidade quanto ao terceiro corte de juros na reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) também impede uma recuperação efetiva dos preços.
“Ainda não se sabe se o bitcoin se estabilizará após essa correção. Ao contrário de quedas anteriores, impulsionadas principalmente pela especulação de investidores individuais, a retração deste ano ocorreu em meio a uma participação institucional substancial, mudanças nas políticas públicas e tendências macroeconômicas globais”, escreveram os analistas do Deutsche Bank ao Decrypt, site especializado em cripto.
O ambiente regulatório também pesa sobre o desempenho do bitcoin. Após a aprovação da lei GENIUS Act, responsável por regulamentar o mercado de stablecoins nos EUA, a tramitação do projeto de lei CLARITY Atc permanece estagnada no Congresso americano. A proposta estabelece diretrizes ao tratamento regulatório de criptomoedas e ativos digitais nos Estados Unidos. Para o Deutsche Bank, essa indefinição regulatória impacta na adoção das criptos.
Em paralelo, houve uma queda substancial na participação dos investidores institucionais no mercado cripto que ajuda a pressionar os preços do BTC e a reduzir a liquidez do setor. Esse comportamento é observado no fluxo de capital dos fundos de índice negociados nas bolsas de valores dos EUA. Dados da SosoValue, plataforma de informações sobre o mercado cripto, mostram que os ETFs de bitcoin à vista registram uma saída de líquida de US$ 3,55 bilhões em novembro.
Além disso, os investidores de longo prazo aproveitaram a recente máxima histórica do bitcoin que atingiu a marca dos US$ 126 mil em outubro para vender suas reservas e realizar lucro. Segundo o Deutsche Bank, esse movimento foi responsável por despejar 800 mil BTCs no último mês.
De acordo com o relatório, a combinação desses elementos reduziu em 24% a capitalização do mercado de criptomoedas desde o recorde de outubro. Para os analistas do banco, o comportamento demonstra que o desempenho do bitcoin se assemelha mais com as ações de tecnologia do que com ativos de proteção, como ouro ou títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
“Desde outubro, o bitcoin tem se comportado mais como uma ação de tecnologia de alto crescimento do que como uma reserva de valor não correlacionada. A correlação média diária entre o Bitcoin e o índice Nasdaq 100 no acumulado do ano de 2025 é de 46%, e a correlação com o S&P 500 subiu para 42%”, escreveram os analistas em uma nota compartilhada com o Decrypt.