Criptomoedas

Efeitos da falência da FTX continuam. O mercado cripto pode desmoronar?

A falência do império das criptos fez com que os mercados despencassem para a menor mínima em dois anos

Efeitos da falência da FTX continuam. O mercado cripto pode desmoronar?
Crise na FTX trouxe prejuízos para as ações de empresas expostas a criptomoedas | REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo
  • A falência da FTX.com fez com que os mercados de criptomoedas instáveis despencassem para a menor mínima em dois anos
  • A situação suscitou a perspectiva de que bilhões de dólares de clientes estarão sujeitos a uma batalha judicial prolongada de resolução incerta
  • O pedido da FTX pelo Capítulo 11 menciona que aproximadamente 130 empresas afiliadas iniciaram processos voluntários de insolvência

A falência da FTX.com fez com que os mercados de criptomoedas instáveis despencassem para a menor mínima em dois anos, com os investidores se preparando para os pormenores dos efeitos colaterais do fracasso de uma instituição cuja influência afetava todo o setor.

O bitcoin, o token com maior valor de mercado, caiu mais de 8% em um determinado momento na última sexta-feira, sendo negociado a US$ 16.375. E caiu para cerca de US$ 15.500 no início da semana passada. Outras criptomoedas também despencaram, e o token FTT da FTX sofreu uma queda de 50% em seu pior momento.

O pedido de falência suscitou a perspectiva de que bilhões de dólares em depósitos de clientes estarão sujeitos a uma batalha judicial prolongada de resolução incerta. O próprio saldo devedor da FTX atinge a casa dos bilhões, como é possível ver em detalhes nessa reportagem.

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Os prejuízos para as ações de empresas expostas a criptomoedas também se intensificaram, com as da Riot Blockchain e da MicroStrategy caindo 3%, e as da Marathon Digital Holdings cerca de 6% durante a tarde, em Nova Iorque.

“Isso vai abalar bastante a confiança dos investidores”, disse Emily Roland, coestrategista-chefe de investimentos da John Hancock Investment Management, em entrevista à Bloomberg TV. “Provavelmente vamos ver mais baixas por aqui. É um cenário muito, muito desafiador.”

A falência do império das criptomoedas de Sam Bankman-Fried – há uma semana, sem dúvidas, a empresa de maior destaque e mais respeitada do setor – está estremecendo os alicerces da criptosfera. As questões urgentes incluem quais empresas estão expostas à FTX e à sua empresa irmã, a Alameda Trading, seja por meio de empréstimos, investimentos, depósitos ou outras ligações.

O pedido de falência da FTX pelo Capítulo 11 menciona que aproximadamente 130 empresas afiliadas iniciaram processos voluntários de insolvência. Mas a crise enredou muitos outros fora de seu círculo imediato, como o credor BlockFi, um financiador problemático de ativos digitais que já chegou a ser avaliado em US$ 3 bilhões, mas que agora limitou a atividade em sua plataforma. A empresa suspendeu os saques de clientes na quinta-feira, citando “falta de transparência” em relação à situação da FTX US, assim como a incerteza que assola a FTX.com e a Alameda Research.

“Acho que isso ainda não acabou. Claramente, esse excesso de criptomoedas não é vantajoso”, disse Mike Wilson, do Morgan Stanley, durante entrevista para a Bloomberg TV.

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A FTX e suas subsidiárias foram por um tempo consideradas a nata do setor. Tanto os investidores de varejo como as instituições usavam a plataforma. Afinal, foi Bankman-Fried que interveio há pouco tempo para ajudar quando outros estavam em apuros. Antes de tudo isso, ele havia sido comparado a John Pierpont Morgan. Ele saía com Tom Brady e Gisele Bündchen. Sua empresa exibiu anúncios durante o Super Bowl e comprou os direitos para dar nome à arena onde o time de basquete Miami Heat joga. Mas agora a confiança nele acabou, com todo um setor exigindo respostas para o que aconteceu.

“Vocês estão vendo essa destruição de patrimônio”, disse Peter Tchir, diretor de estratégia macro da Academy Securities. “Ela está afetando todos os investidores diretos e, depois, está atingindo de verdade as pessoas que estão envolvidas nisso completamente. É preciso mesmo questionar onde você está colocando seu dinheiro, de que modo são transparentes, onde estão sediados.”

A empresa de negociação de criptomoedas Genesis está recebendo uma injeção de capital de US$ 140 milhões de sua empresa controladora, Digital Currency Group, depois de divulgar que seu negócio de derivativos tem US$ 175 milhões em fundos bloqueados em uma conta na FTX. E Anthony Scaramucci disse que sua empresa, a SkyBridge Capital, está tentando comprar novamente os 30% dela que a FTX adquiriu meses antes do colapso da exchange.

Enquanto isso, a Sequoia Capital apontou o valor total de seu investimento na FTX em US$ 214 milhões, e a derrocada também apanhou alguns dos maiores nomes das finanças. Tiger Global Management, Third Point e a Altimeter Capital Management estão entre os fundos de hedge que recentemente participaram de rodadas de financiamento para a outrora bem-sucedida exchange de criptomoedas.

A dimensão total das consequências levará semanas, se não meses, para se revelar. Uma quantidade enorme de investidores de varejo que tinham dinheiro na plataforma também foi afetada. A FTX teve seus ativos congelados nas Bahamas, onde a exchange de criptomoedas está sediada. O pedido de falência significa, no mínimo, que os seus credores serão identificados em breve.

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“O colapso e a falência da FTX são um momento decisivo para o setor das criptomoedas”, disse Craig Johnson, CMT da Piper Sandler. “A falência da FTX levará a mais normas e regulamentações em todo o mundo. No fundo, essas novas regras serão um catalisador positivo para a adoção das criptomoedas e trarão um pouco da supervisão adulta da qual tanto precisamos no setor.”

* Tradução de Romina Cácia

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