- A famosa empresa de capital de risco desenvolveu uma reputação como o maior touro cripto do Vale do Silício
- A demanda por muitas empresas apoiadas pela Andreessen se evaporou quando os usuários abandonaram suas participações em criptomoedas
- Apesar do volume recorde de dinheiro, a Andreessen diminuiu drasticamente o ritmo de seus investimentos em criptomoedas este ano
Desde meados de janeiro, o bitcoin protagonizou uma queda de aproximadamente 60%, seja pelo inverno cripto, situação em que há um longo período de queda dos criptoativos, ou pela fuga dos investidores do mercado com medo de perderem dinheiro. Mas uma coisa é certa, quem acreditou na forte alta das moedas digitais se arrependeu ferozmente.
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E uma dessas companhias é a Andreessen Horowitz, famosa empresa de capital de risco norte-americana que desenvolveu uma reputação como o maior touro cripto do Vale do Silício. A gestora foi um dos investidores cripto mais ativos no ano passado e, em maio deste ano, anunciou um fundo cripto de US$ 4,5 bilhões, o maior de todos os tempos para esse mercado.
Segundo o jornal norte-americano The Wall Street Journal, a Andreessen Horowitz se tornou grandiosa por conta de seu sócio Chris Dixon, uma das primeiras pessoas a acreditar que a tecnologia blockchain impulsionaria as criptomoedas.
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Porém, com o derretimento do bitcoin e de outras altcoins, a companhia assistiu seus bilhões de dólares sumirem. O principal fundo de criptomoedas da Andreessen perdeu cerca de 40% de seu valor no primeiro semestre deste ano.
Esse declínio é muito maior do que as quedas de 10% a 20% registradas por outros fundos similares, que evitaram amplamente a prática arriscada de comprar criptomoedas voláteis, de acordo com investidores entrevistados pelo jornal estadunidense.
Convencer o mercado
Com isso, enquanto investidores afirmam que o valor do fundo lançado em maio era grande demais para um setor que passa por forte queda, Dixon precisa convencê-los de que Andreessen não exagerou no montante bilionário.
“Eles foram tão longe com criptomoedas que não tenho certeza se podem se reequilibrar”, declarou Ben Narasin, sócio geral da empresa de capital de risco Tenacity Venture Capital.
Em uma entrevista, Dixon afirmou que permanece fiel à visão criptocêntrica da internet chamada Web3, que sustenta a investida de Andreessen no setor. Essa visão é de que o blockchain irá remunerar os usuários do sistema com criptomoedas, o que poderia alavancar seu retorno.
Dixon declarou também que o setor ainda está nos estágios iniciais de aquisição de usuários e que ele não tem certeza de quando a adoção em massa de serviços blockchain ocorrerá. “Temos um horizonte de muito longo prazo”.
Trajetória com o sócio
A escolha da companhia por investir em criptomoedas é reflexo da trajetória de vida de Dixon. Ele gostava de programar desde criança. O sócio também fundou duas startups – uma de segurança cibernética e outra de comércio eletrônico – além de criar a empresa de capital de risco Founder Collective.
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Dixon entrou na Andreessen em 2012. Fundada três anos antes por Marc Andreessen e Ben Horowitz, a empresa vinha se tornando rapidamente uma das maiores e mais influentes investidoras em tecnologia, impulsionada pelo famoso mantra de Andreessen: “o software está devorando o mundo”.
Segundo o The Wall Street Journal, o apreço de Dixon pela área aumentou com o lançamento do Ethereum, em 2015. “Dixon comparou a chegada do sistema à criação da App Store do iPhone e afirmou que isso demonstrava que o universo de investimento em criptomoedas era maior que se imaginava”.
Ele disse então a Andreessen e Horowitz que queria abandonar o foco no investimento tradicional e iniciar um fundo de criptomoedas dedicado. Dessa forma, foi criado um fundo de US$ 350 milhões, lançado em 2018 – o primeiro a ser feito por uma empresa de risco tradicional.
A Andreessen permaneceu em alta naquele ano, pois o bitcoin e outras criptomoedas perderam a maior parte de seu valor, e levantou um segundo fundo de criptomoedas em 2020, totalizando US$ 515 milhões.
Mina de ouro
Dados levantados pelo jornal estadunidense apontarem que a Andreessen distribuiu mais de US$ 4 bilhões em ações a seus investidores nos dois meses após a Coinbase abrir o capital.
O terceiro fundo de risco da Andreessen, que apoiou a Coinbase em 2013, teve um ganho não realizado de 9,7 vezes após as taxas em 31 de dezembro, ficando atrás apenas do primeiro fundo de criptomoedas em termos de desempenho na época, mostraram os documentos.
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Estimulado pelos retornos, a Andreessen participou de uma campanha de arrecadação de fundos. Ela se propôs a arrecadar US$ 1 bilhão para seu terceiro fundo de criptomoedas, e acabou arrecadando US$ 2,2 bilhões em junho de 2021.
Dixon disse que a estratégia da equipe de criptomoedas era usar seu dinheiro para preencher grandes cheques em startups com a promessa de reinventar tudo, desde arte digital até jogos on-line, usando blockchain. Essa abordagem agressiva muitas vezes a impedia de realizar rodadas conjuntas com outros investidores e tornava a empresa uma acionista importante.
Impacto nos negócios
Ainda de acordo com artigo do WSJ, a Andreessen também está enfrentando um dos processos regulatórios mais rigorosos do universo das criptomoedas, o que ameaça pôr fim à era de fiscalização frouxa que permitiu a criação de milhares de criptomoedas.
A empresa está se reajustando e já reduziu o valor de seu segundo e terceiro fundos de cripto este ano, embora os declínios não sejam tão severos quanto o sofrido pelo primeiro fundo de cripto, disseram fontes próximas.
Enquanto isso, os investimentos da empresa em criptomoedas estão despencando. Solana, uma criptomoeda nova que a empresa comprou em junho de 2021, perdeu mais de 80% de seu valor desde o início do ano.
Nos primeiros seis meses deste ano, a Andreessen perdeu US$ 2,9 bilhões de sua participação restante na Coinbase, já que o preço das ações da corretora de criptomoedas caiu mais de 80%.
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