- O halving é responsável por reduzir pela metade as recompensas dadas aos mineradores de criptomoedas - os responsáveis pelos registros das transações
- O ajuste acontece uma vez a cada quatro anos e costuma pressionar o preço do bitcoin ao passo de garantir uma valorização exponencial para o ativo
- No entanto, desde a realização do evento até o fim de junho, a maior criptomoeda em valor de mercado apresentou uma desvalorização de 3%
Os investidores de criptomoedas ainda aguardam os efeitos da quarta edição do halving – realizada em abril deste ano – na cotação do bitcoin. O evento acontece uma vez a cada quatro anos e é responsável por reduzir pela metade a recompensa dos mineradores de criptomoedas que atuam nos registros das transações. Com base nas experiências anteriores, esse ajuste pressiona o preço do BTC e garante uma valorização exponencial. O problema é que a alta tão aguardada com a atualização deste ano ainda não aconteceu.
Leia também
Desde a finalização do halving que aconteceu no dia 20 de abril até o fim de junho, a moeda digital não teve fôlego para conquistar novos patamares de preços e subiu apenas 0,9%. Ao olhar para o acumulado de 2024, o desempenho se mostra diferente com uma valorização de 59,15%. A maior parte dessa “força” do ativo veio do fluxo de capital institucional que entrou para o mercado de criptomoedas com a aprovação dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos em janeiro deste ano.
A participação desse perfil de investidor permitiu que o bitcoin renovasse a sua máxima histórica ao atingir a cotação de US$ 73,7 mil no dia 14 de março. “Entre o momento em que a SEC (a Securities and Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) deu luz verde aos ETFs e o quarto halving do BTC, passaram exatamente 100 dias que marcaram um dos momentos mais quentes em seus 15 anos de história”, diz Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, empresa de tecnologia blockchain.
Os dias agitados do primeiro trimestre de 2024 não impedem a continuidade de altas ao longo do segundo semestre. A baixa performance do BTC vista nos últimos dias responde a dois comportamentos. O primeiro é a aversão dos investidores ao risco com o cenário macroeconômico que segue resiliente. Com os juros dos EUA em patamares acima de 5%, a tendência dos investidores é de migrar seu capital em direção aos títulos públicos norte-americanos em função do retorno elevado e o baixo risco.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já comportamento refere-se a uma realização de lucro dos investidores aproveitando o atual patamar do ativo digital. “A não sustentação acima dos US$ 70 mil pode ser vista como uma correção natural dentro de um mercado de alta”, diz Julio Andreoni, especialista em criptoativos do Bitybank.
O que esperar para julho?
A performance do bitcoin em julho pode ser diferente em comparação ao dos últimos dois meses com a possibilidade do início das negociações dos ETFs de ether, aprovados pela SEC em maio. Apesar do aval, o segundo maior ativo ainda aguarda seu lançamento no mercado.
Como mostramos nesta reportagem, as gestoras VanEck, Ark Invest/21 iShares, Invesco, Fidelity, BlackRock, Franklin Templeton, Grayscale e Bitwise estão na expectativa da avaliação do Registro S-1, um passo necessário antes de uma oferta pública inicial (IPO) no país.
“Pode trazer um fluxo de capital na casa de bilhões de dólares não só para o Ethereum, mas também para o Bitcoin. Então, há perspectivas de alta no mês”, afirma Andreoni. A trajetória não será uniforme. A moeda deve sofrer volatilidade devido aos cenário macroeconômico e também há outros eventos do mercado de criptos.
Na primeira semana de julho, a Mt.Gox, bolsa de valores de criptomoedas extinta há 10 anos, informou ao mercado que os credores vão ser reembolsados após terem os seus bitcoins roubados durante um ataque de hackers. As estimativas dos analistas apontam para uma devolução de 141.686 BTCs, avaliados em US$ 9,6 bilhões, aos mais de 127 mil clientes.
Caso o pagamento aconteça no prazo informado pela Mt.Gox, a tendência é de que esse volume de ativos possa trazer volatilidade para o mercado. “Muitos desses BTCs foram comprados em 2014, quando o BTC valia cerca de US$ 500. Ou seja, é possível realizar um lucro bastante expressivo nessa recuperação”, diz Beto Fernandes, analista da Foxbit.
Os efeitos do halving chegam quando?
Os efeitos do halving não devem chegar no curto prazo. Apesar das expectativas dos investidores, os analistas explicam que o corte na recompensa dos mineradores costuma fazer preço em um intervalo de 12 a 18 meses após o evento. A boa notícia é que esse momento deve coincidir com o início do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos. “O Bitcoin pode ultrapassar os US$ 100mil ou chegar próximo desse valor, renovando novas suas máximas históricas”, acredita Andreoni.
Com base nos halvings anteriores, o bitcoin apresentou uma valorização exponencial no mercado. No dia do primeiro halving, em 2012, o preço era de US$ 12 e seis meses depois atingiu US$ 130. O avanço consistente seguiu nos eventos seguintes. Em 2016, no segundo halving, o preço do BTC era de US$ 660 e seis meses depois alcançou o patamar de US$ 900.
Publicidade