Criptomoedas

Raul Sena: “O uso do real é baseado na crença, assim como o bitcoin”

Na Gramado Summit, o Investidor Sardinha, questiona cobranças em relação à criptomoeda

Raul Sena (à esq.) defendeu o ideal de liberdade das criptomoedas - Foto: Cássio Brezolla
  • “O bitcoin tem que responder várias perguntas às quais o real não é submetido. Só que é a mesma coisa, o uso do real é baseado na crença”, afirma
  • No contraponto, Dolle questionou a atual falta de uso do bitcoin. “Você tem esse dinheiro e não consegue fazer nada com ele. Hoje é uma liberdade meio utópica. As pessoas compram para um dia, quem sabe, vir a usar”, afirma Camilla Dolle, da XP Inc.
  • “Acho que as criptos fazem parte do kit colapso, aquilo que você coloca uma pequena parte do portfólio pensando em um desastre: É aquilo, está o mundo acabando, você guarda ouro, token e um revólver”, diz Luiz Fernando Roxo, da Zeneconomics

A Gramado Summit promoveu um debate que colocou em lados opostos três nomes do mercado financeiro: Camilla Dolle, sócia-fundadora da XP e especialista em renda fixa, Luiz Fernando Roxo, sócio-fundador da Zeneconomics e conhecido crítico do bitcoin, e Raul Sena, fundador do Investidor Sardinha e entusiasta da criptomoeda.

O painel ocorreu nesta sexta-feira (8), terceiro e último dia da conferência de inovação, tecnologia e finanças. No palco ‘Um a Menos na Poupança”, Sena questionou as cobranças em torno do ativo digital que, segundo ele, tem uma concepção semelhante a das moedas tradicionais.

“O bitcoin tem que responder várias perguntas às quais o real não é submetido. Só que é a mesma coisa, o uso do real é baseado na crença”, afirma o criador do Investidor Sardinha. “Entre acreditar em sistemas altamente centralizados por uma instituição, prefiro acreditar em uma moeda que é descentralizada, que tem várias pessoas acreditando naquilo”, diz.

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Sena ressalta que todo sistema financeiro possui alguma insegurança e que quando governos caem em descrédito, as moedas daquelas nações podem perder quase todo o valor. O mesmo ocorre quando os líderes das nações produzem inflação por irresponsabilidade fiscal e o poder de compra da população diminui.

“E ninguém sai por aí falando que o real é uma porcaria (como fazem com o bitcoin)”, explica Sena. “Acredito que o bitcoin realmente é um ideal de liberdade. É uma maneira de deixarmos de ser dependentes do estado que sacaneia a gente. Eu acho que o governo é incompetente.”

No contraponto, Dolle questionou a atual falta de uso do bitcoin. “Você tem esse dinheiro e não consegue fazer nada com ele. Hoje é uma liberdade meio utópica. As pessoas compram para um dia, quem sabe, vir a usar”, afirma a sócia da XP Inc.

Roxo também possui a mesma visão e ressaltou que, além de não ser um investimento, o bitcoin também não é uma reserva de valor.

“Se não tiver alguma estabilidade, ela não é uma moeda de uso, porque oscila mais que as coisas que ela compra”, afirma o sócio-fundador da Zeneconomics. “Acho que as criptos fazem parte do kit colapso, aquilo que você coloca uma pequena parte do portfólio pensando em um desastre”, completa.