O bitcoin é a maior criptomoeda em valor de mercado (Foto: Adobe Stock)
Assim como as bolsas internacionais, o mercado cripto acompanha os riscos dos Estados Unidos sofrerem um shutdown (paralisação da máquina pública), caso o orçamento de 2026 não seja aprovado até o fim desta terça-feira (30). Se isso acontecer, os serviços públicos dos EUA poderão afetados pela falta de recursos.
O impasse obrigou o Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA, responsável pelos dados do payroll, a comunicar a possibilidade de suspender a divulgação do relatório, previsto para esta sexta-feira (3), se o probloema orçamentário não for solucionado. Os números correspondem a principal métrica do país para avaliar o cenário econômico americano, além de ajudar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a definir os próximos passos da política monetária.
O cenário ainda em definição, por sua vez, tem limitado o fôlego do bitcoin. De acordo com os dados da CoinMarketCap, por volta das 12h (de Brasília), o maior ativo digital em valor de mercado recua 0,61% no acumulado das últimas 24h, sendo cotado a US$ 113,5 mil. Para Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, o desempenho reflete o aumento da aversão ao risco dos investidores com a incerteza fiscal e política da maior economia do mundo.
Esse sentimento estimula a liquidação de ativos mais voláteis, como as ações de tecnologia e criptomoedas. Dados da Bitget já mostram esse cenário. Desde o dia 18 de setembro, o setor perdeu mais de US$ 300 bilhões em valor de mercado.
Na outra ponta, quando se observa os efeitos no médio e longo prazo, o episódio reforça o bitcoin como ativo para se proteger da volatilidade do cenário macroeconômico. “Ainda que movimentos imediatos possam ser pressionados pela busca por liquidez, no médio e longo prazo o shutdown evidencia a importância de ativos que funcionam fora da estrutura tradicional do sistema financeiro”, afirma Prado.
Agora, caso o governo americano consigar evitar uma eventual paralisação da máquina pública, os ventos voltam a ser favoráveis para o bitcoin. André Franco, analista de investimentos cripto e CEO da Boost Research, acredita que o BTC busque resistências próximas de US$ 116 mil neste cenário, especialmente se vier acompanhada por sinalizações de novos cortes dos juros americanos. “Sinal dovish (queda de juros) em discursos dos dirigentes do Fed pode reverter o viés negativo de forma rápida”, diz Franco.
Em setembro, o bitcoin acumula uma valorização em torno de 4%, segundo dados da CoinMarketCap. Os ganhos, segundo especialistas, refletem ao fluxo de capital institucional em direção aos ETFs de bitcoin à vista e à percepção de maior estabilidade do ativo após os recordes de agosto. Como mostramos nesta reportagem, em agosto, a variação de preços do maior ativo digital atingiu, pela primeira vez desde janeiro de 2015, o patamar abaixo dos 40 pontos. Já nos anos anteriores, a variação dos preços ficou entre 90 pontos a 40 pontos.
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“Para outubro, o mercado acompanha com otimismo o movimento conhecido como Uptober, mês que historicamente registra desempenho positivo para o bitcoin e demais criptoativos”, diz Ricardo Dantas, CEO da Foxbit .