O que este conteúdo fez por você?
- Os discursos dos candidatos à presidência dos Estados Unidos durante campanha eleitoral devem adicionar volatilidade ao mercado de criptos que já definidiu o seu voto
- Os indicadores econômicos caso mostrem um recuo da inflação podem consolidar as expectativas dos investidores para o início de queda dos juros já em setembro
- Caso esse movimento se concretize, a tendência é que o bitcoin, assim como outras criptos, se beneficiem com a volta do apetite a risco dos investidores
O bitcoin (BTC) termina julho com uma alta de 3,18%, cotado a US$ 64,6 mil, após se transformar em uma pauta importante na corrida eleitoral rumo à Casa Branca dos Estados Unidos. Com as eleições marcadas para novembro, os candidatos à presidência têm acelerado as promessas favoráveis à indústria de criptomoedas a fim de ampliar o eleitorado.
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Paralelo a esse movimento, o preço da maior moeda digital em valor de mercado também pode ser influenciado pelos sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a trajetória da política monetária no país. Na quarta-feira (31), o Fed decidiu manter a taxa de juros no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, mas não sinalizou ao mercado que o início do ciclo de afrouxamento monetário poderia ocorrer em setembro, como as expectativas dos investidores estavam direcionadas.
Segundo Jerome Powell, presidente do Fed, a possibilidade de realizar o promeiro corte no próximo encontro pode ganhar mais força caso a inflação continue a recuar em linha com as projeções. “Se a inflação ajudar, o corte estaria em análise em setembro. Olharemos o balanço de risco”, disse Powel em coletiva de imprensa. Dado esse posicionamento, se os dados de econômicos dos EUA viabilizarem a primeira redução dos juros, há chantes do BTC alcançar a cotação dos US$ 73 mil em agosto, de acordo com analistas.
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Isso acontece porque a flexibilização dos juros no país aumenta o apetite a risco dos investidores visto que os retornos dos títulos de renda fixa não se mostrarão mais tão atrativos, como permanecem hoje. Já as criptomoedas que são classificadas pelo mercado como investimentos de alto risco podem se transformar em um dos destinos de alocação dos investidores para conseguir retornos elevados.
Veja as projeções das corretoras para o BTC em agosto
Corretora | Projeção de preço para agosto |
Mercado Bitcoin | US$ 71 mil |
Foxbit | US$ 58 mil a US$ 73 mil |
Bitybank | US$ 73mil |
“As apostas para um corte de juros nos Estados Unidos em setembro estão bem altas. Isso pode criar aquele efeito de compra no boato e vende no fato. Ou seja, se o mercado estiver convencido da flexibilização monetária, é possível que isso seja precificado já em agosto, antes do anúncio oficial”, diz Beto Fernandes, analista da Foxbit. Os ETFs de criptomoedas devem ajudar a catalisar essa busca por ativos de riscos e sustentar um movimento de valorização do bitcoin nas próximas semanas.
Eleições nos EUA e o impacto no bitcoin
A disputa eleitoral nos EUA foi o assunto que mais afetou o criptoativo e tudo indica que esse fator deve fazer preço nos próximos meses até o resultado final das eleições. Com as recentes falas de Trump alinhadas aos interesses do mercado de criptomoedas, o BTC ganhou fôlego e ficou mais próximo da faixa dos US$ 70 mil. O episódio mais recente aconteceu no último sábado (27), durante a Bitcoin Conference, em que o candidato republicano prometeu proteger a indústria de bitcoin caso fosse eleito.
“O ex-presidente prometeu criar uma reserva estratégica de bitcoin e parar de vender os ativos acumulados pelo governo, o que fortaleceria o preço, e proteger a indústria, mudando o tratamento regulatório negativo do governo Biden”, afirmou Fernando Szterling, chefe da plataforma Bipa Premium, que esteve presente no evento.
Após as falas, a moeda digital subiu mais de 2% e passou a ser negociada a US$ 69,4 mil na última segunda-feira (29). A escolha de J.D Vance, investidor de criptomoedas, como seu vice-presidente na campanha eleitoral, também reforça a preferência dos investidores pela vitória de Trump. Isso porque, além de ter experiência com venture capital de cripto, Vance também é investidor de bitcoin, o que fortalece o voto de confiança do mercado à candidatura de Trump.
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Na outra ponta, a relação dos democratas não é das mais amigáveis diante de algumas resistências do governo Biden com o avanço regulatório em prol dos ativos digitais. Um dos atritos envolve o consumo de energia para a mineração de bitcoins. A administração do atual presidente dos EUA, Joe Biden, já lançou uma repressão às criptos ao citar riscos à segurança nacional e preocupações ambientais com a atividade.
Em janeiro deste ano, o Departamento de Energia e a Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês) ordenou que as mineradoras enviassem dados sobre seu uso de energia, por meio de uma Pesquisa Emergencial de Instalações de Mineração de Criptomoedas. Segundo o departamento, as operações de mineração de cripto podem consumir até 2,3% da eletricidade do país, como detalhamos nesta reportagem. Apesar do histórico, o mercado de criptos ainda aguarda as promessas dos democratas para a indústria. “Esperamos que venha alguma coisa boa do lado dos democratas porque esse é um público que não pode ser ignorado”, diz André Franco, chefe de pesquisa do Mercado Bitcoin.
Vale lembrar que, no atual governo, a indústria presenciou avanços importantes que permitiram ao bitcoin renovar a sua cotação histórica máxima de US$ 73 mil. Em janeiro, a Securities and Exchange Commission (SEC, sigla em inglês – Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) aprovou o lançamento de ETFs de Bitcoin à vista. O início das negociaçõe permitiu a entrada de capital institucional nesse mercado.
Já em julho, deu início às negociações dos ETF de ether à vista após novos produtos terem recebido o aval da SEC em maio. “Podemos esperar um movimento de alta para agosto, com a entrada de mais capital institucional nos ETFs de BTC, refletindo uma credibilidade maior do mercado após a listagem dos ETFs de Ethereum”, diz Julio Andreoni, especialista em criptomoedas do Bitybank.
E o halving do BTC?
Os investidores também aguardam os efeitos da quarta edição do halving – realizada em abril deste ano – na cotação do bitcoin. Após três meses da última atualização, a valorização bastante esperada ainda não aconteceu e pode não se materializar em agosto. Segundo os analistas de cripto, os efeitos desse evento – que acontece em quatro em quatro anos – não ocorrem no curto prazo e costuma aparecer em um intervalo de 12 a 18 meses. Ou seja, deve fazer preço apenas no próximo ano.
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Apesar da espera, esse momento deve coincidir com o início do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos. “O Bitcoin pode ultrapassar os US$ 100mil ou chegar próximo desse valor, renovando novas suas máximas históricas”, acredita Andreoni. Desde a finalização do halving que aconteceu no dia 20 de abril até o fim de junho, a moeda digital não teve fôlego para conquistar novos patamares de preços e subiu apenas 3,5%, a maior parte ancorada pela repercussão das eleições nos EUA.
Ao olhar para o acumulado de 2024, o desempenho se mostra diferente com uma valorização de 52,20%. A maior parte dessa “força” do ativo veio do fluxo de capital institucional que entrou para o mercado de criptomoedas com a aprovação dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos em janeiro deste ano.
Com base nos halvings anteriores, o bitcoin apresentou uma valorização exponencial no mercado. No dia do primeiro halving, em 2012, o preço era de US$ 12 e seis meses depois atingiu US$ 130. O avanço consistente seguiu nos eventos seguintes. Em 2016, no segundo halving, o preço do BTC era de US$ 660 e seis meses depois alcançou o patamar de US$ 900.