Profissionais da indústria de ETFs veem importância da educação para crescimento do mercado. Foto: Adobe Stock
Conforme a indústria espera um crescimento do mercado de ETFs (fundos de índice) no Brasil, a educação sobre o produto ganha maior importância, na visão de especialistas que participaram do Encontro Anual Sobre Índices e ETFs no Brasil, evento organizado pela S&P Dow Jones Indices (S&P DJI), em parceria com a B3, nesta quinta-feira (30).
Para Bruno Stein, head global de ETFs da Galapagos Capital, não existe uma “bala de prata” que vai possibilitar a evolução desse mercado, mas sim um conjunto de fatores. Um dos pontos que ajuda é a consolidação do modelo fee based. Nesse formato, a remuneração de assessores e consultores acontece por valor fixo mensal sobre os serviços cobrados e não via taxa de comissão pelo produto vendido.
“O modelo de fee based é um fator determinante para a evolução dos ETFs ao longo dos anos, mas não é suficiente. Eu diria que precisamos trabalhar principalmente com a educação dos investidores e da indústria como um todo”, afirma Stein.
Ele percebe uma “grande ansiedade” de consultores para tentar aprender sobre ETFs, com pedidos, inclusive, de cursos internos sobre o produto. “É importante estimular a educação, porque, quando as taxas de juros caírem no Brasil, os investimentos vão fluir de muitos lugares diferentes antes de irem para ETFs”, acrescenta.
Bruno Barino, country manager da BlackRock no Brasil, também vê a educação como um pilar importante para o desenvolvimento do mercado de ETFs. “Temos recebido um alto volume de pedidos para fornecer treinamentos sobre os fundos”. diz. “A indústria de ETFs brasileira está crescendo e precisamos entender como adicionar valor para um segmento nesse nicho”, completa.
Existem ainda dificuldades relacionadas ao próprio funcionamento dos fundos de índice, como problemas de liquidez e infraestrutura. Rafael Daher, especialista sênior de produtos indexados da DWS, também vê no Brasil uma forte concorrência com os produtos de renda fixa.
“O maior concorrente é o CDI do País, que ajuda o investidor a ‘dormir tranquilo’ em vez de ir em busca de outras alternativas. No próximo ano, a Selic deve cair e isso pode ser um desencadeador para o crescimento dos ETFs”, diz Daher, acrescentando que também é importante pensar nos índices por trás dos fundos.
Na hora de pensar em novos produtos para o mercado, Stein, da Galapagos, destaca que os fundos precisam partir de um ponto fundamental: entender qual problema pretendem resolver. Para ele, é essencial traduzir a realidade ao investidor e oferecer soluções que realmente façam sentido e entreguem valor.
“Não podemos jogar uma ideia sem estudá-la antes. Devemos trazer soluções que as pessoas entendam. A indústria de ETFs é muito nova no Brasil. Temos que discutir cada vez mais e nunca perder de vista que o mercado americano tem muito a nos ensinar”, conclui.