Webull, grande nos EUA, chega no Brasil para surfar boom de investimentos no exterior em 2025 com cashback em dólar, reembolso e conta remunerada
Corretora lançou campanha promocional agressiva para atrair novos investidores e ganhar fatia de concorrentes já estabelecidos no mercado doméstico; conheça a empresa
Fabio Trevisan, diretor de marketing, e Fabio Macedo, COO da Webull no Brasil. (Foto: arte de Victoria Fuoco / imagem de divulgação)
Incertezas no mercado local, busca por oportunidades globais, facilidade no acesso a mercados do exterior. Seja qual for o motivo, brasileiros estão investindo lá fora como nunca. E tem muita gente querendo ser a ponte que leva esse dinheiro ao exterior, inclusive players gringos, como a Webull, agora no Brasil.
A Webull foi lançada em 2018 nos Estados Unidos, onde é regulada e está até listada na bolsa de valores. Desde então, se expandiu para Ásia-Pacífico, Europa e América Latina até conquistar 24 milhões de usuários em 14 países diferentes.
Este ano, a revista Forbes elegeu a Webull como a terceira melhor plataforma de investimentos dos EUA.
Agora, quer fazer o mesmo no Brasil, onde as operações chegaram só em 2024, com a plataforma da Webull e os serviços de corretora da H.H Picchioni.
O volume de negociação disparou nos últimos meses em meio à alta demanda dos brasileiros por investimentos internacionais. Para manter o ritmo e conquistar mais espaço no mercado brasileiro, que já tem concorrentes consolidados como Avenue e Nomad, a empresa está lançando uma campanha para atrair novos investidores. E, por que não, até tentar “roubar” um pouco do share (fatia de mercado) dos rivais.
Webull chega ao Brasil com ofertas: cashback, reembolso e rendimento da Selic
Desde a segunda-feira (1º), a corretora passou a oferecer a oferecer 2% de cashbackem dólares para clientes que depositarem ou transferirem valores acima de US$ 2 mil. Se o investidor já tiver conta em plataformas no exterior, mas quiser transferir os recursos para a Webull, ganha ainda um reembolso de US$ 75 das taxas de transferências internacionais que geralmente são cobradas.
Para novos clientes, aquele brasileiro que ainda não começou a trajetória internacional, o primeiro depósito entre US$ 500 e US$ 2 mil dá acesso a um rendimento de 15% ao ano, em dólares, nos primeiros 30 dias. É um “retorno de Selic“, mas em uma moeda forte, que pode funcionar como uma porta de entrada na plataforma, espera a companhia.
“Há uma demanda clara por alternativas fora do Brasil, tanto para proteção cambial quanto para acesso a uma gama mais ampla de produtos de investimento. Estamos simplificando esse caminho com benefícios agressivos e uma plataforma robusta já consolidada no mercado americano”, diz Ruben Guerrero, CEO da Webull Brasil.
Lá fora, a Webull é bastante popular entre investidores de day trade, pois não cobra corretagem sobre negociações de ativos. A plataforma também atrai muitos entusiastas no mundo das criptomoedas, com uma parceria para facilitar investimentos nessa classe com a Coinbase, a principal corretora de ativos digitais dos EUA e a primeira empresa do setor a integrar o S&P 500.
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Mas, para se destacar no Brasil, a Webull sabe que vai precisar ir além da oferta de ativos. Por isso aposta em outro diferencial, um que já caiu nas graças do público brasileiro e tem muita adesão em diversas instituições bancárias, especialmente as digitais: a conta remunerada.
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Fora das condições promocionais, o dinheiro parado na Webull rende 3,75% ao ano em dólar, com liquidez diária e em reais. Aplicações até US$ 250 mil são seguradas pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o “FGC dos EUA“, em referência ao Fundo Garantidor de Crédito brasileiro.
Isso já se tornou um dos produtos mais buscados na plataforma. Por esse motivo, é por onde a companhia aposta na nova campanha para crescer.
“Desde quando chegamos no Brasil vemos que há uma tendência. A pessoa vem pela conta remunerada e aos poucos vai diversificando e investindo em outros ativos”, afirma Fabio Trevisan, diretor de marketing.
Potencial do mercado brasileiro
O executivo reconhece que o mercado brasileiro é bastante competitivo, mas aposta na experiência internacional da corretora para crescer por aqui. “Conseguir se destacar em um mercado como os EUA é um mérito gigantesco. Acreditamos que dá para fazer o mesmo no Brasil.”
Com a demanda por investimentos internacionais super em alta, a concorrência entre players locais não preocupa tanto. O entendimento é que a diversificação internacional dos portfólios brasileiros está apenas começando. E, se realmente chegar a representar 15% de todas as carteiras de investimento do País, como muitos especialistas passaram a recomendar recentemente, vai dar espaço para muitos outros nomes se consolidarem.
“Essa é uma das nossas grandes apostas, que esse movimento está apenas começando. É um oceano azul”, destaca Fabio Macedo, chief operating officer (COO, ou chefe operacional) da Webull no Brasil.
Tarifaço aumenta fluxo de investimentos fora do Brasil
Presidente dos EUA, Donald Trump, justificou o “tarifaço” com pautas, em sua maioria, políticas. Entre elas, anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro. (Imagem: Alan Santos/PR em Agência Brasil)
Diversificar parte da carteira de investimentos em mercados fora do Brasil é uma estratégia muito recomendada por especialistas para proteger o patrimônio contra os riscos da economia brasileira, ter recursos atrelados a uma moeda forte como o dólar e ampliar o acesso a oportunidades globais.
Isso não é uma história nova. Mas parece que, no lado do investidor, a recomendação começou a sair do papel com mais apelo.
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A Webull notou isso. O volume de negociações na plataforma saltou 300% em agosto, um movimentação que os executivos atribuem às incertezas causadas pela retaliação via tarifas que o Brasil sofreu dos EUA em julho. A plataforma também teve um crescimento de 45% na média dos valores depositados nos últimos quatro meses, reflexo das mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), propostas pelo governo federal em maio.
“Notamos que é um movimento muito mais por medo do que por estratégia”, destaca Trevisan.
O investidor por trás dessas movimentações já tem certa familiaridade com o tema e olha para os EUA como uma porta de entrada para a internacionalização do portfólio. “Não é o ‘super rico’, mas alguém que tem capacidade financeira para buscar crescimento no exterior'”, diz a Webull.
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A incerteza no cenário local contribuiu como motor, mas a vontade de diversificar a carteira com ativos que não estão disponíveis no Brasil também está presente. Os dados da plataforma mostram que investidores brasileiros têm buscado ETFs(fundo negociado em bolsa como se fosse uma ação e que busca um retorno semelhante a um índice de referência) temáticos, focados em robótica e da indústria aeroespacial, ou de gestão ativa, coisa que ainda não é permitida no mercado doméstico.
Ações de tecnologia seguem como as queridinhas, mas os investidores também têm olhado para REITs – ativos semelhantes a fundos imobiliários brasileiros, os “FIIs americanos”. A busca por criptomoedas foi outra que subiu.
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