- O mercado de milheiros, como são chamados aqueles investidores que compram e vendem milhas aéreas para conseguir uma renda extra, passou por um chacoalhão desde que a 123milhas anunciou a recuperação judicial
- O grupo societário da 123milhas é dono da Hotmilhas e da Maxmilhas, as principais plataformas do nicho no País
- Mas especialistas não veem fim das negociações em milhas, apenas uma tendência que deve priorizar as vendas "no particular"; entenda como funciona
A recuperação judicial da 123milhas pegou muita gente de surpresa e não foi apenas quem tinha pacotes de viagens comprados com a companhia. O mercado de milheiros, como são chamados aqueles investidores que compram e vendem milhas aéreas para conseguir uma renda extra, também passou por um chacoalhão. O grupo societário da 123milhas é dono da Hotmilhas e da Maxmilhas, as principais plataformas do nicho no País e que interromperam seus pagamentos desde que os problemas na empresa foram comunicados.
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Como contamos aqui, há investidores esperando para receber milhares de reais pela emissão de passagens aéreas com milhas; e que podem não ver esse dinheiro por algum tempo. Mas especialistas desse mercado destacam que a saída dos maiores compradores de milhas não vai inviabilizar o investimento, apenas transformá-lo.
Se antes as operações de compra e venda eram intermediadas principalmente por essas empresas, agora, a tendência é que investidores passem a emitir passagens aéreas diretamente para terceiros. Uma modalidade conhecida entre os milheiros como “particular”, que já existia e agora tende a se fortalecer.
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“É a nova era das milhas”, diz David Oliveira, advogado no Oliveira, Valente e Crisostemo Advogados Associados e criador do perfil Dr. Milhas Pro. “O mercado perde um player importante, mas não acaba nem se fragiliza. Os programas de fidelidade continuam a todo vigor e o investidor agora vai precisar estar atento a novas estratégias.”
Na prática, a venda no particular elimina a necessidade de intermediários. É como se uma pessoa comprasse os bilhetes emitidos por um terceiro via milhas, negociando diretamente entre si a operação e os valores. Um exemplo: João está interessado em uma passagem aérea cujo valor é R$ 1 mil, mas que, se emitida por milhas, custaria R$ 780. Alberto tem a quantidade de milhas necessárias e emite o bilhete para João, negociando a um preço de R$ 850.
“Exige um pouco mais de trabalho, porque é você quem vai atrás do cliente, quem fica responsável pela emissão, mas em contrapartida o lucro se torna maior”, destaca Rodrigo Góes, educador financeiro em milhas e criador da Fábrica de Milhas.
Relação de confiança
Mas é preciso tomar alguns cuidados. Como não há intermediários, as operações ainda são, na maioria dos casos, baseadas na confiança – ou seja, existe um risco de calote. Góes reconhece que a venda no particular pode ser mais trabalhosa para quem estava acostumado a vender apenas para empresas como a Hotmilhas. Por isso, dá algumas dicas para quem não quer desistir da renda extra com milhas, agora que o mercado mudou.
A primeira delas consiste em começar as vendas apenas para um círculo de relacionamento próximo, amigos, família ou pessoas de dentro de uma mesma comunidade de milheiros. É muito comum nesse mercado que, após cursos onlines, professores criem comunidades com ex-alunos para que eles possam negociar os pontos. Um ambiente um pouco mais controlado, ainda que continue fundamentalmente na base da confiança.
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“Você sempre vai ter alguém perto que queira viajar e não conheça as milhas. Esses já são potenciais clientes”, diz o educador financeiro. “Na hora de emitir as passagens, busque as tarifas do voo em milhas, para comparar em dinheiro e saber quanto você pode oferecer de desconto”, orienta.