Consumidores aproveitam o 13º salário para quitar dívidas e regularizar o nome antes do início do próximo ano (Foto: Adobe Stock)
O 13º salário foi criado para reforçar a renda de trabalhadores com carteira assinada, aposentados, pensionistas e outros beneficiários. Para muitos brasileiros, o pagamento funciona como um alívio no orçamento de fim de ano – uma oportunidade de equilibrar as contas, quitar dívidas e organizar a vida financeira.
Um levantamento dos Cartórios de Protesto do Estado de São Paulo, realizado entre 2021 e 2024, mostra que a chegada do 13º salário é o principal momento escolhido pelos consumidores para quitar dívidas e começar o ano com o nome limpo.
De acordo com o estudo, o fim de ano dos últimos quatro anos registrou, em média, 662.170 cancelamentos de dívidas registradas em cartório. Esse número é 16,3% superior ao observado em março (569.213 quitações) e 16,6% maior que o registrado em agosto (567.769 cancelamentos).
Os dados reforçam, segundo a pesquisa, um padrão de comportamento: com o dinheiro extra do 13º, o consumidor prioriza o pagamento das pendências e formaliza o cancelamento nos cartórios logo no mês seguinte.
O beneficiado pode usar o 13º salário tanto para quitar a dívida protestada (mecanismo legal utilizado para oficializar a inadimplência) diretamente com o credor, assim como solicitar o cancelamento do protesto. Essa etapa final é essencial para que o consumidor volte a ter o nome limpo.
“Aproveitar o 13º salário é como um ’empurrão’ no orçamento, uma chance de fazer escolhas conscientes que trarão tanto satisfação imediata quanto um futuro mais seguro”, afirma Thaísa Durso, educadora financeira da Rico.
Dicas de como aproveitar o 13º salário para quitar dívidas
Usar o 13º para reduzir dívidas é uma estratégia poderosa, especialmente se começar pelas de maiores juros, como cartões de crédito e cheque especial.
Para Daniele Cardoso, especialista em investimentos e sócia da Forum Investimentos, o primeiro passo na hora de usar o décimo terceiro é avaliar quais são as dívidas que estão em dia e quais estão em atraso. Em seguida, cabem algumas reflexões:
Quais dívidas estão em atraso e quais os juros envolvidos? No caso de limite especial ou cartão de crédito, por exemplo, os juros estão entre os mais altos do mercado;
Quais são os gastos previstos para as datas festivas? Ter uma estimativa antecipada ajuda a evitar excessos;
Quais despesas obrigatórias chegam em janeiro? É importante considerar a primeira parcela do IPVA, o IPTU e, para quem tem filhos, os gastos com material escolar e uniformes.
A especialista também reforça a importância de poupar e construir uma reserva de emergência. “O ideal é se planejar e separar uma parte do valor para essas contas, garantindo um janeiro no azul”, acrescenta.
O recebimento do benefício coincide com o período de festas e com despesas sazonais — como impostos e material escolar — que costumam pressionar o orçamento no início do ano. “O melhor é tentar pagar tudo à vista e evitar parcelamentos, para usar o 13º de forma consciente e não carregar dívidas para 2026”, orienta Cardoso.
Como consultar e regularizar dívidas em cartório
A consulta de dívidas em cartório pode ser feita gratuitamente neste site, digitando o CPF ou CNPJ. Caso exista pendência, o pagamento é realizado diretamente ao credor, que emite a Carta de Anuência para cancelamento. Todo o processo pode ser feito digitalmente, com possibilidade de parcelamento das taxas em até 12 vezes.
No mesmo site também se encontra disponível a plataforma Fácil de Quitar, que permite ao usuário consultar seu CPF ou CNPJ, verificar se existem oportunidades de quitação de dívidas e selecionar os títulos que deseja regularizar em um único portal.
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O pagamento da dívida existente em cartório pode ser feito por Pix, boleto bancário ou parcelamento no cartão de crédito em até 12 vezes. Após a confirmação, a regularização do protesto é realizada automaticamente.
Com a injeção da parcela do 13º salário, a expectativa — segundo os Cartórios de Protesto do Estado de São Paulo — é de que o Estado repita o padrão dos últimos anos: alta na quitação de dívidas no fim do ano e um forte movimento de cancelamentos de protestos em janeiro.