- Para fazer a comparação entre as duas opções, é necessário levar em consideração a quilometragem média que você precisa percorrer mensalmente e calcular os custos médios dos aplicativos
- É preciso atualizar frequentemente a comparação no contexto de altas dos combustíveis, já que as plataformas de aplicativos podem repassar o aumento para o valor da quilometragem das viagens
- Além do fator financeiro, também é preciso considerar as questões de conveniência oferecidas por cada opção, como a disponibilidade do carro e a burocracia envolvida
O dilema entre ter um carro próprio ou utilizar aplicativos de viagem tem ganhado ainda mais fôlego com a alta no preço dos combustíveis. Após um período de desoneração, o que favoreceu a economia dos motoristas, agora é hora de reavaliar, já considerando o aumento e a possibilidade de novos reajustes.
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A escolha do que pesa mais no bolso pode ser mais simples que parece, desde que se tenha parâmetros claros. Entre eles, um principal: a quilometragem média que você precisa percorrer mensalmente. Além do fator financeiro, também é preciso relembrar as questões de conveniência oferecidas por cada opção, analisando a partir da sua realidade o que é imprescindível se tratando de comodidades.
Carro próprio
O primeiro passo, antes mesmo dos critérios para comparação, é relembrar quais os custos de se ter um carro próprio. Ao montar uma simulação das despesas com o veículo de R$ 70 mil, o planejador financeiro CFP Carlos Castro detalha que os custos de licenciamento, seguro, IPVA e manutenção giram em torno de R$ 9 mil anualmente ou R$ 800 mensais.
É importante destacar que a comparação não considera o valor gasto com a aquisição, seja ela à vista ou financiada. Dentro desse item é necessário ainda avaliar o custo de oportunidade de não investir o valor, que pode representar um montante significativo no momento de fazer os cálculos.
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Os custos variáveis de se ter um carro próprio vão incluir o combustível, estacionamento e limpeza. “O carro por aplicativo não tem os custos fixos, apenas os variáveis, que são as tarifas. No entanto, o custo variável dos aplicativos é cerca de 12 vezes maior que o custo variável com o carro próprio”, diz Castro ao indicar o caminho para o início da tomada de decisão.
Não existe uma fórmula para todos, destaca o planejador. Mas, para a comparação, é possível utilizar como base o custo fixo de cada possibilidade. “Se o valor do aplicativo for inferior ao custo fixo do carro, então é interessante financeiramente. Já se o custo mensal de se usar o aplicativo for maior que o fixo do carro, pode ser interessante ter o carro”, resume.
Aplicativo de transporte
A planejadora financeira CFP Rejane Tamoto explica como calcular os custos médios com os aplicativos. De forma simples, é possível simular os valores das corridas nos horários de deslocamento e multiplicar pelos dias do mês para então chegar a um valor mensal. “No entanto, esse valor pode sofrer alterações em razão da tarifa dinâmica. Em momentos de chuva, o preço será maior”, exemplifica.
Comparação
No cenário do planejador Castro, de um carro com custo fixo de R$ 800, caso o motorista viaje em média mil quilômetros, ele terá um custo de R$ 500 com combustível, assumindo que o carro faça uma média de 10 quilômetros por litro.
“Estamos falando de R$ 1,3 mil. No aplicativo, que atualmente custa uma média de R$ 6 por quilômetro, essa pessoa teria que pagar R$ 6 mil por mês. A distância percorrida faz total diferença no calculo”, diz Castro.
Vale ressaltar que essa comparação precisa ser atualizada de forma frequente no contexto de altas dos combustíveis. No curtíssimo prazo pode acontecer de as plataformas segurarem as taxas. Em poucos meses, porém, o aumento é repassado para o valor da quilometragem das viagens. Em março de 2022, por exemplo, o Uber reajustou o preço das viagens em 6,5% em reflexo da alta no preço da gasolina.
Conveniência
A despeito da análise financeira, existem as questões de conveniência que devem entrar na balança. “São prós e contras dos dois lados. Usar aplicativo tem a conveniência de não ter que se preocupar com os custos fixos, burocracias e depreciação”, diz Tamoto. “Por outro lado, nem sempre você tem o carro à disposição a depender do destino e horário. Já ter o carro próprio você tem a conveniência de tê-lo a plena disposição, mas com os custos acessórios de manter esse ativo que vai ter que cuidar.”
Como economizar com os apps?
As considerações podem ser diferentes caso haja disposição e possibilidade de adotar estratégias para economizar com os aplicativos. Tamoto diz que além de comparar os valores de diferentes aplicativos ao solicitar uma viagem, o usuário pode dividir trechos ou mesmo planejar uma divisão com outras modalidades de transporte.
“Será que é necessário ir de carro a todos os destinos? Ou é possível usar o aplicativo junto com o metrô em algum trecho? Ou ainda fazer o percurso de ida de transporte público e voltar de aplicativo?”, questiona a planejadora para explicar que essas decisões podem ajudar a fazer viagens mais eficientes, com menos trânsito e melhor custo.
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Além disso, orienta que ao fazer uma viagem, é importante aproveitá-la ao máximo. “Por exemplo, se for preciso ir em alguma região para resolver algo, seria interessante já tentar fazer outras coisas no mesmo local, porque assim o uso de outro transporte poderá ser evitado”, diz Tamoto.