No Bradesco, são cobradas 12 parcelas de R$ 2.083, totalizando R$ 25 mil; no Santander, o valor da anuidade é de R$ 10 mil. Com essa quantia, o Centurion do Santander mais que dobra o preço do terceiro colocado no ranking de cartões mais caros do Brasil. A diferença no valor não altera a exclusividade do produto, pois em ambas as instituições o cartão é exclusivo para clientes de categoria Private, isto é, que possuam ao menos alguns milhões de reais investidos em ativos financeiros. Para aderir ao Centurion, como se não bastassem as restrições, ainda é necessário receber um convite do próprio banco.
Cartão black da American Express, o Centurion Card é emitido em solo americano desde 1999. No Brasil, chegou primeiro pelo Santander, em 2021; em outubro de 2023, foi a vez do Bradesco. O valor das anuidades é distinto pois, apesar de serem produtos correspondentes, o programa de benefícios pode variar em cada instituição.
Perfil discreto
O Centurion Card é para poucos e há pouca informação disponível quanto ao seu regulamento, limite e benefícios. Esse posicionamento discreto é uma opção das próprias instituições financeiras. O Bradesco, em nota, não detalhou informações a respeito dos benefícios disponíveis aos clientes do cartão. “Como o cartão é emitido após convite, mantemos a reserva dos benefícios”, afirmou a assessoria do banco.
Rogério Panca, diretor de Cartões e Pagamentos Digitais do Santander Brasil, também foi sucinto ao responder à reportagem do E-Investidor. “Os benefícios deste produto são comunicados apenas aos clientes do cartão”, disse Panca. O diretor afirma que os critérios para um convite de admissão não são divulgados pelo banco, mas pontua que o Centurion é para poucos clientes do segmento Private e Select.
O programa de vantagens do Centurion Card está muito mais associado à exclusividade dos produtos oferecidos. O Santander dispõe de um endereço eletrônico no qual é possível encontrar alguns dos seus benefícios. Nem todas as vantagens estão listadas por lá, mas já é possível ter uma ideia do que espera um cliente com esse cartão.
Há, por exemplo, um serviço exclusivo de atendimento ao cliente, disponível 24 horas por dia, acesso a salas VIP nos lounges de alguns aeroportos pelo mundo – uma sala VIP dentro da própria área VIP -, descontos em iates e cruzeiros e upgrades para hospedagens em hotéis de luxo. Alguns benefícios, no entanto, chegam a ser prosaicos, como descontos em clubes de golfe e assinaturas de jornal.
Como turbinar os benefícios do seu cartão
“Ter a anuidade cara não significa ser o melhor cartão”, afirma Leandro Vieira, formado em Administração pelo Centro Universitário Internacional (Uninter) de Curitiba (PR) e criador de conteúdo para o blog Alta Renda. Esse nome, segundo Vieira, reflete apenas o enfoque inicial do projeto, que atualmente abrange os mais variados tipos de perfis financeiros e de público.
Só no YouTube, mais de 700 mil pessoas acompanham a produção de conteúdo do empresário. Vieira afirma que busca enveredar o conteúdo “para o lado da educação financeira”. O empresário diz “ter praticamente todos os cartões do mundo”, coleção que reuniu com o próprio ofício para as mídias sociais, que envolve a emissão e teste de cartões em variados bancos.
Segundo Vieira, conhecer o regulamento de cada produto financeiro, como cartão e conta bancária, é essencial para aproveitar ao máximo seus benefícios. E cada qual, diz Leandro, com sua estrutura de gastos e perfil de finanças.
“Muitas vezes, sem o conhecimento, o cliente abre uma conta num banco em que o gerente vai oferecer para ele um cartão com mais de R$ 1 mil em anuidade, mas que não rende grandes benefícios. Temos muitos cartões no Brasil hoje em dia que cobram R$ 1.200 [na anuidade] e não entregam bons benefícios”, afirma o empresário.
A vantagem de um cartão de crédito está na usabilidade. O cartão de uma loja de departamentos pode ser uma boa pedida aos seus clientes assíduos. Essa lógica ajuda a explicar por que os cartões black, no geral, desenvolvem seus benefícios calcados em vantagens relativas à viagens, tais como salas VIP em aeroportos, distintivos para prioridade no embarque e milhas turbinadas.
Esses cartões, de acordo com Leandro, são “para aquele grupo de pessoas de renda muito alta, que viaja frequentemente, talvez até de jatinho particular. Imagine o cliente que faz, por ano, 10, 15 viagens internacionais. Aí ele pega um avião de parceria com o cartão”, diz o consultor financeiro.
Os cartões black costumam ser os queridinhos dos acumuladores de milhas, mas o Centurion Card, apesar de pontuar bem mais do que a média para cada dólar gasto, não é o soberano nesse quesito. Além disso, segundo Leandro Vieira, isso nem corresponde ao perfil de cliente do produto. “Estrategicamente, não vejo uma pessoa que tem um cartão como esse, de R$ 25 mil, montando um planejamento para juntar milhas”, destaca o empresário.
