- Com Selic em alta, produtos atrelados ao CDI tornam-se mais vantajosos
- CDI paga hoje uma taxa acumulada de 10,97% ao ano
- CDBs são os principais títulos atrelados ao CDI, cujo rendimento tem desconto de Imposto de Renda. É possível aplicar em outros produtos isentos
O Banco Central iniciou recentemente um ciclo de alta da taxa Selic, que atualmente está em 11,25% ao ano. Essa medida tem o objetivo de controlar a inflação, e o mercado já precifica uma Selic em 11,75% para o final de 2024. Com isso, os produtos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que acompanham as variações da Selic, tornam-se mais vantajosos, oferecendo rendimentos atrativos em um cenário de juros altos.
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Alternativas como CDBs e fundos DI, que utilizam a taxa DI como referência, podem proporcionar retornos melhores em comparação com a poupança, tornando-se opções para quem busca rendimento com segurança. Mas quanto rendem?
Ao investir R$ 10 mil num produto que pague 100% do CDI, o investidor obteria um rendimento bruto de R$ 11.097,00 em um ano, considerando a atual taxa de 10,97% em 12 meses.
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É necessário, no entanto, calcular o desconto do imposto de renda. Neste período de 12 meses, a alíquota incidente é de 17,5% sobre o rendimento (e não sobre o valor total). Com isso, o valor final líquido seria de R$ 10.905,03.
O cálculo foi feito por Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital, a pedido do E-Investidor. “O CDI é uma taxa de referência no mercado financeiro brasileiro, que representa a média das taxas de empréstimos de curtíssimo prazo entre instituições financeiras. Muito próxima à taxa Selic, o CDI é amplamente utilizado como indicador para diversos investimentos de renda fixa”, explica.
Na prática, o CDI é um título emitido para empréstimos entre instituições financeiras, criado pelo Banco Central nos anos 80 para garantir estabilidade no sistema financeiro. Ele funciona como um mecanismo para que bancos com excesso de capital emprestem para outros em déficit, permitindo que finalizem o dia com saldo positivo. Essas transações geram uma taxa de juros, que é calculada diariamente.
A variação do CDI, representada pela taxa DI, é influenciada pela Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. Quando a Selic aumenta, o CDI também tende a subir, e vice-versa, já que ambas caminham de forma alinhada devido ao papel da Selic como índice regulador das demais taxas de juros, inclusive as praticadas nas operações de CDI entre bancos.
O investidor pessoa física não investe diretamente no CDI, o que ele faz é comprar produtos atrelados ao CDI, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Esse títulos estão sujeitos ao imposto de renda, cuja alíquota decresce conforme o tempo de aplicação. Ela varia entre 22,5% para prazos de até 180 dias e 15% para investimentos com mais de 720 dias, sendo retida na fonte.
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No caso do exemplo do investimento de R$ 10 mi foi aplicada a alíquota de 17,5%, para o um investimento de até 365 dias. Comparando com a poupança, uma aplicação isenta de IR, que tem um rendimento atual de 8,18% ao ano, o investidor teria de volta no período R$ 10.818. A diferença de menos de R$ 100 entre os dois rendimentos, reforça a ideia de que, quanto mais tempo o dinheiro permanecer investido no CDB, melhor será o seu rendimento, pois as taxas são maiores e o desconto é regressivo ao longo do tempo.
Mas também é possível aplicar em produtos atrelados ao CDI que são isentos de IR. É o caso das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), assim como os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs), além de debêntures incentivadas. Esses produtos geralmente pagam retornos abaixo dos 100% do CDI, justamente porque têm essa vantagem tributária.
Cada um desses produtos tem seus riscos, mas os CDBs, LCIs e LCAs são considerados mais seguros porque contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante até R$ 250 mil por CPF em caso de falência ou liquidação de instituições financeiras associadas.