A Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou nesta terça-feira (16) que vai substituir a atual política de reajuste de preços dos combustíveis, chamada de Preço de Paridade de Importação (PPI). A medida foi criada ainda durante o governo de Michel Temer e leva em consideração as cotações do petróleo no mercado internacional. Pela nova estratégia, porém, a ideia é que os custos do mercado local também sejam considerados.
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O anúncio realizado presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não leva em consideração repasses diretos aos consumidores. Veja detalhes do que foi comunicado pela empresa.
O preço final abrange diversos fatores, como a dinâmica internacional do petróleo, as políticas da Petrobras, o preço do etanol e o valor dos impostos federais e estaduais.
Como o preço do combustível é calculado
O preço internacional do petróleo é o principal vilão da gasolina e da inflação dos combustíveis. Quanto mais caro for o barril, que é negociado em dólar, maior se mostra a flutuação dos preços.
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Em paralelo, a política de preços da Petrobras torna esse problema ainda mais sensível no Brasil. Desde 2016, o critério de precificação tem sido a Política de Paridade Internacional (PPI), que incorpora os custos do produto importado e ofertado em diferentes pontos do País.
Stelmo Carneiro, diretor de operações da Dover Fueling Solution na América Latina, aponta que apesar de garantir a viabilidade da indústria petrolífera nacional a curto prazo, a política anterior acentuava a disparidade social da energia elétrica e desestimulava a busca por independência no refino.
Carneiro destaca que o Brasil é autossuficiente na extração do petróleo, mas que o refino continua sendo um gargalo, mesmo com a estatal conduzindo essa atividade no País. “Temos que importar combustível para atender à demanda local por falta de capacidade produtiva de refino no volume que a demanda brasileira exige”, diz. Portanto, a distribuição e a revenda também são relevantes para a composição de preços da gasolina e dos demais combustíveis.
Além disso, o preço do etanol também entra nessa conta e afeta o valor da gasolina, já que há cerca de 18% a 27% de etanol a cada litro de gasolina vendida nos postos. Isso significa que se o preço do açúcar aumenta, os custos também são elevados na ponta final.
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Por fim, os impostos também são pontos sensíveis no preço da gasolina. São eles: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE); o PIS/PASEP e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Ou seja, há uma somatória de fatores que contribuem para o preço final da gasolina nas bombas. Em função da complexidade, é importante monitorar não só as mudanças na política de preços, mas o cenário macro ao redor da indústria.