- Segundo dados Pnad Contínua, a quantidade de brasileiros morando sozinhos durante a pandemia saltou e hoje são mais de 11,7 milhões de pessoas nessa condição
- A recomendação principal é conhecer e anotar os seus custos mensais e projetar os gastos futuros antes de fazer a mudança
- Os especialistas também reforçam a necessidade de fazer uma reserva de emergência para arcar com os imprevistos no dia a dia
Sair de casa é um dos momentos mais esperados pelos jovens. Contudo, morar sozinho exige muita disciplina e comprometimento para que a saída não traga complicações financeiras.
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Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, a quantidade de brasileiros morando sozinhos durante a pandemia aumentou. No total, são 11,7 milhões vivendo nessa condição, o que representa 16,2% dos lares no País – o maior número desde 2016.
Só para se ter uma ideia, os mesmo levantameno mostra que, em 2005, essa porcentagem era de 10,4% e de 14,6% dez anos depois, em 2015.
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O E-Investidor conversou com especialistas para saber como os jovens devem se preparar para essa mudança.
Os preparativos
Antes de sair de casa, o mais importante é deixar as finanças em ordem. É preciso saber ao certo quais serão os seus custos mensais. Afinal, não estamos falando apenas do aluguel: na sua lista precisa entrar o IPTU, condomínio, água, luz, gás, telefone, internet e uma verba extra para alimentação e lazer. Tudo isso vai integrar os seus custos mensais e devem ser colocados na ponta do lápis antes da decisão.
Para Saraí Molina, especialista da Ágora Investimentos, a primeira coisa que o jovem precisa ter em mente é não ter dívidas. “Caso tenha, não poderá montar uma reserva de emergência, o que é fundamental para arcar com os imprevistos de quando estiver morando sozinho”, diz.
Uma boa reserva pode dar conta de todos os seus gastos mensais por um período de até seis meses. Com esse montante, caso perca o emprego, por exemplo, há uma boa quantidade de dinheiro e tempo hábil para resolver a situação sem se afundar em dívidas.
Segundo a planejadora financeira CFP Elle Braude, ajudar nas despesas em casa é uma boa forma para o jovem se acostumar com o pagamento mensal de contas. “Se for possível, se ofereça para pagar as contas da casa dos pais, pois é um bom jeito de entender a dinâmica dos vencimentos e do débito automático, uma espécie de trainee para sair de casa”, diz.
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Outra dica importante para morar sozinho é começar a anotar e acompanhar todos os seus gastos. Desta forma, é possível ter uma visão geral sobre as suas finanças e fazer ajustes necessários nas contas – principalmente em fases de gastos extras ou sobras no orçamento.
Os especialistas também alertam sobre a falsa percepção de que morar sozinho é mais barato do que a realidade. Segundo Leandro Benincá, educador financeiro da Messem Investimentos, o jovem precisa ser mais pessimista em suas contas. “Se você acha que vai gastar um valor “x” por mês, considere esse valor +2, porque imprevistos vão acontecer e é sempre bom estar preparado”, diz.
Cuidado com as armadilhas
Ter o planejamento feito e os custos fixos devidamente anotados, não significa que o seu trabalho acabou. Para os especialistas, existem uma série de armadilhas que podem atrapalhar as pessoas na hora de sair de casa.
Uma das maiores emboscadas é sair de casa sem a reserva feita. “Quando você é novo, existem vários imprevistos que você não consegue projetar agora, mas que hora ou outra podem aoarecer”, diz Benincá.
Os contratos de aluguel têm um prazo médio de cerca de 30 meses, por exemplo. Ao sair de casa e firmar esse tipo de acordo é preciso entender que você está se comprometendo financeiramente por um longo tempo. Por isso, para não se afogar por não ter fluxo de caixaa, a disciplina tem que ser para a vida toda.
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“A reserva e o planejamento são fundamentais. Só com eles você terá mais condições de arcar com seus custos”, diz Braude.
Para não comprometer o orçamento, o ideal é separar os gastos em essenciais e supérfluos. Cerca de 50% do seu orçamento deve ser destinado ao primeiro tipo de gasto e o restante dividido entre as despesas superficiais e os objetivos financeiros, como uma viagem ou mesmo a aposentadoria.
Segundo Molina, uma das maiores vilãs das finanças são as compras on-line. Por conta da pandemia de covid-19, a forma de consumo das famílias mudou drasticamente. Por meio de diferentes canais digitais, as pessoas já conseguem evitar o contato humano – o que favorece as compras na internet.
“Por conta dessas mudanças, os e-commerces facilitaram a tentação por meio de diversos e-mails que enchem a nossa caixa de entrada. A internet é uma das principais culpadas por despertar o consumismo nas pessoas, fazendo o indivíduo ter o impulso de consumir sem necessidade”, conclui Molina.
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