Educação Financeira

Empréstimo com juro zero: como funciona?

Saiba mais da política de crédito a juro zero para pequenos empreendedores, como acessar e quando vale a pena

Empréstimo com juro zero: como funciona?
As chamadas políticas de microcrédito possibilitam contornar as dificuldades e seguir com o sonho do próprio negócio (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
  • Os empréstimos a juro zero são uma política de crédito organizada pelo poder público para gerar emprego e renda para pequenos empreendedores e movimentar a economia.
  • Uma série de prefeituras e Estados oferece linhas de crédito a juro zero, por isso vale a pena consultar a prefeitura e a secretaria estadual da região.
  • Apesar de terem vantagens, os empréstimos precisam ser calculados e planejados.

Abrir uma empresa no Brasil é uma tarefa árdua, especialmente por conta da burocracia e da dificuldade de crédito. Mas, ao menos em relação a esse último ponto, algumas medidas possibilitam contornar as dificuldades e seguir com o sonho do próprio negócio: são as chamadas políticas de microcrédito.

Por meio desse tipo de fomento, muitos empreendedores conseguem viabilizar um caminho profissional e até mesmo formalizar uma atividade que já ocorre. O melhor disso é que há linhas de crédito com juro zero.

Não basta ter crédito na praça, já que a taxa de juros faz toda a diferença entre conseguir ou não acessar um empréstimo, afinal é ela que define o montante a ser pago por mês. Por isso, as linhas de juro zero são ideais para pequenos empreendedores.

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Ficou interessado? Então veja algumas dicas de especialistas sobre empréstimos com juro zero.

Como funciona empréstimo com juro zero?

Crédito a juro zero ajuda a movimentar a economia, gerando emprego e renda na comunidade. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A ideia do empréstimo com juro zero é simples: quem cumpre os critérios definidos pelo proponente pode acessar um limite de crédito e devolver em parcelas fixas o mesmo valor retirado.

Esse modelo de fomento é bom para quem precisa de crédito acessível, mas também é interessante para os cofres públicos.

Segundo Luciana Maia Campos Machado, superintendente acadêmica da Faculdade de Pesquisas Contábeis (FIPECAFI), a injeção de recursos ajuda a movimentar a economia em um período econômico difícil. Assim, é possível girar uma cadeia que vai além do negócio apoiado diretamente.

“Muitos empreendedores enfrentam dificuldade para obter empréstimos porque não têm histórico de pagamento. São considerados credores de risco. Com a elevação da taxa básica de juros (Selic), o crédito fica ainda mais caro”, comenta a professora.

Muitas empresas não são viabilizadas por conta desse tipo de problema, e muitas das que conseguem nascer são fechadas precocemente.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 88% dos empreendedores usam recursos pessoais para viabilizar os negócios, e apenas 12% conseguem contar com empréstimos em bancos.

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A entidade aponta ainda que a maioria dos pequenos empreendimentos precisa de aportes pequenos: 58% dos novos negócios demandam investimentos fixos de até R$ 10 mil e, para capital de giro, 65% contam com menos de R$ 5 mil.

Onde encontrar empréstimo com juro zero?

O BRDE é uma das instituições que operacionalizam programas de crédito a juro zero. (Fonte: Governo Estadual do Rio Grande do Sul/Reprodução)

vários municípios no País que têm essa política de empréstimo com juro zero, como Florianópolis (SC), Maringá (PR), Blumenau (SC) e Poços de Caldas (MG).

Também há Estados que apostam na ideia. Em Santa Catarina, por exemplo, o governo disponibiliza empréstimos a juro zero para microempreendedores individuais (MEI).

Nos últimos 10 anos, foram injetados mais de R$ 400 milhões na geração de renda para mais de 125 mil empreendedores que puderam contar com até R$ 5 mil para iniciar seus planos.

Hoje, o Rio Grande do Sul é um dos estados com a política de microcrédito mais relevante. Por meio do Programa Juro Zero RS, o governo gaúcho auxilia microempresas e empresas de pequeno porte com empréstimos sem cobrança de juros.

Uma das instituições financeiras autorizadas a operar o programa é o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que tem a missão de fomentar o desenvolvimento econômico da região.

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Em apenas dois meses, no início deste ano, o BRDE disponibilizou cerca de R$ 180 milhões em mais de 5,7 mil operações de crédito no Rio Grande do Sul. Em nota ao Estadão E-Investidor, a instituição informou que 70% dos empregos gerados no Brasil vêm de micros, pequenas e médias empresas, as quais foram muito fragilizadas pela pandemia.

Como saber se minha região tem empréstimo com juro zero?

Para saber se sua região tem políticas de juro zero, você deve procurar as secretarias de Finanças do Estado e do município. Cada uma delas apresenta políticas específicas, com critérios particulares.

Caso o poder público não tenha políticas de juro zero em sua região, é interessante ficar de olho em outras políticas de crédito. Mas cuidado: nem todo empréstimo público de fomento a microempresas tem juro zero.

O Banco do Povo, do governo paulista, por exemplo, tem linhas de crédito para diversas categorias de empresa a partir de 0,35% ao mês, além de uma tarifa de sustentabilidade do fundo.

O que considerar ao acessar empréstimos a juro zero?

Empréstimos a juro zero são uma política ainda mais importante diante da crise econômica que acompanha a questão sanitária atual. O Brasil se recupera lentamente dos impactos da covid-19 e de outros problemas sociais, mas fechou 2021 com 12% de desempregados.

Machado considera que a medida é ótima para quem está identificando oportunidades de crescimento, deseja investir no negócio e precisa de um incentivo para isso. Mas, apesar de se tratar de um financiamento com taxas facilitadas, também exige planejamento.

“Mesmo não tendo juros, é um empréstimo que precisa ser retornado ao credor. O empreendedor deve analisar cuidadosamente as oportunidades do negócio e quais são os riscos de insucesso”, avalia a especialista.

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A professora ressalta que, ao contratar o crédito, é interessante avaliar qual é a prioridade de alocação do recurso, se há carência e quais são os prazos para o pagamento das parcelas. “Planejamento é essencial para manter os pagamentos em dia, controlando o fluxo de caixa e o impacto dos investimentos realizados”, ela sugere.

Para isso, estar preparado para a gestão é fundamental. Segundo o Sebrae, apenas 24% dos empresários que fecharam as portas fizeram algum curso durante a atividade. Por isso, tão importante quanto contar com crédito é ter um bom plano de negócios e tomar boas decisões ao longo da gestão do empreendimento. É isso que vai garantir a saúde financeira.

Fonte: Sebrae; governo do Estado do Rio Grande do Sul; governo do Estado de Santa Catarina; Fecomércio; prefeitura de Florianópolis; prefeitura de Maringá; prefeitura de Blumenau; prefeitura de Poços de Caldas; Banco do Povo; Luciana Maia Campos Machado, superintendente acadêmica da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).

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