Os consumidores têm enfrentado mais dificuldades para conseguir um financiamento de imóvel pela Caixa Econômica Federal, enquanto o banco tem restringido o acesso ao crédito habitacional. Recentemente, a instituição anunciou mudanças nas regras de financiamento pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que utiliza recursos da caderneta de poupança.
Leia também
Relatos ouvidos nesta reportagem do Estadão mostram que clientes têm recebido negativas em negociações avançadas com a Caixa, com a justificativa de escassez de recursos. Em alguns casos, também notam aumento da exigência de contratação de serviços adicionais, como seguro residencial, para que o processo avance.
A partir de 1° de novembro, as novas regras da instituição para financiamento imobiliário começam a valer. Para quem optar pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), em que a prestação cai ao longo do tempo, a entrada subirá de 20% para 30% do valor do imóvel. Pelo sistema Price, que trabalha com parcelas fixas, o valor aumentará de 30% para 50%. Dessa forma, a pessoa precisará guardar mais dinheiro para conseguir acessar um financiamento.
Publicidade
Conteúdos e análises exclusivas para ajudar você a investir. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Além da exigência de um maior valor de entrada, a Caixa passará a financiar a compra ou a construção individual de imóveis que tenham valor de avaliação ou de compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão pelo SBPE. Antes, o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com juros mais baixos, estava restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão, mas as linhas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) não tinham teto de valor do imóvel.
Segundo a instituição, as novas regras não se aplicam às unidades habitacionais vinculadas a empreendimentos financiados pelo banco. As propriedades já adquiridas também não terão as suas regras de financiamento alteradas, e as mudanças só valerão para futuros contratos.
Ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa, Marcos Brasiliano Rosa, reconheceu haver uma falha de comunicação das agências da instituição que alegam não ter mais recursos disponíveis, mas defende a atuação do banco. “A Caixa não tem responsabilidade nem capacidade de absorver toda a demanda do País (no SBPE). As medidas que tomamos são para manter a taxa de juros, pelo menos até dezembro, e dividir o bolo com mais gente”, afirma.
Brasiliano também destaca que outros grandes bancos estão mais limitados na hora de conceder crédito. Por isso, é “normal” eles restringirem o acesso a financiamentos e essa demanda excedente ficar com a Caixa. “Temos, também, um aquecimento do mercado, sem dúvida nenhuma”, acrescenta.
O que fazer se seu financiamento imobiliário foi negado pela Caixa?
Para Luciana Ikedo, educadora financeira e autora do livro Vida Financeira – Descomplicando, economizando e investindo, a prerrogativa de concessão ou não do crédito é da instituição financeira, então insistir nas negociações, depois da negativa, fará com que o cliente sofra com uma maior lentidão do processo. No caso de já ter encontrado o imóvel para aquisição, ele corre ainda o risco de perdê-lo.
Por isso, o melhor caminho é buscar outras instituições financeiras, que podem oferecer taxas atrativas a depender do score de crédito do cliente (pontuação que reflete o quão confiável uma pessoa é para pagar suas dívidas), além do relacionamento dele com o próprio banco.
Publicidade
Na hora de tentar conseguir um financiamento de imóvel, certas práticas podem facilitar ou dificultar a conquista desse objetivo. Ikedo explica que comprovar a renda por meio de demonstrativos de pagamento de salários, extratos bancários ou Imposto de Renda (IR) é um passo essencial. O comprometimento com as parcelas de, no máximo 30% da renda, também facilita. “O histórico de pagamentos desse cliente e a ausência de negativações financeiras por inadimplência são outros fatores que ajudam nesse processo”, salienta.