Housel observa que o maior desafio não é apenas reconhecer esses padrões cíclicos que passam pelas gerações, mas entender os riscos para os investimentos ao ignorá-los. (Foto: Adobe Stock)
O autor best-sellerMorgan Housel compartilhou sua visão sobre a importância das novas gerações aprenderem com as tragédias econômicas do passado. Em uma entrevista à reportagem, ele destacou o impacto dos ciclos históricos de medo, ganância e protecionismo na economia global, sublinhando a necessidade de entender o que aconteceu antes para evitar os mesmos erros – que podem , inclusive, impactar nos investimentos.
Autor dos livros “Psicologia Financeira” e “Mesmo de Sempre”, Housel apontou que, após grandes crises, como guerra comercial e recessões, as lições do passado costumam ser esquecidas.
“Quando a sociedade enfrenta uma guerra, recessão ou guerra comercial, as pessoas afetadas dizem ‘nunca mais faremos isso’. Mas essas pessoas eventualmente morrem e uma nova geração, que não viveu aquela experiência, pensa: ‘vamos tentar de novo’”, explicou em entrevista ao E-Investidor no evento Expert XP 2025, realizado em São Paulo no fim de julho.
Esse padrão é especialmente visível durante períodos de incertezas, como nos conflitos econômicos.
Embora a medida tenha gerado pânico, a inclusão de exceções, trouxe algum alívio, mas ainda assim, a ação reflete um padrão de políticas que, no passado, prolongaram crises como a Grande Depressão dos anos 1930.
Por que ignorar riscos é perigoso para os investimentos?
Esses ciclos de medo, ganância e protecionismo têm impactos diretos sobre os investimentos. O medo, como visto durante a crise de 2008, leva a reações excessivas no mercado.
A ganância, por sua vez, inflaciona ativos, como na bolha imobiliária que antecedeu a crise financeira, enquanto o protecionismo gera incertezas que prejudicam o comércio global e afetam economias locais.
Ignorar esses ciclos coloca os investidores em risco, pois as lições do passado mostram que os efeitos dessas políticas podem ser duradouros e difíceis de reverter.
Housel observa que o maior desafio para governos e investidores não é apenas reconhecer esses padrões cíclicos, mas entender os riscos de ignorá-los. Segundo ele, aprender sobre esses ciclos é fundamental tanto para quem toma decisões políticas quanto para os investidores.
Para Housel, as guerras comerciais e conflitos econômicos representam bem esses comportamentos recorrentes. “Os países só encerram essas disputas comerciais dessa natureza quando percebem que ninguém está se beneficiando”, conclui.