Veja anuidade, spread e sistema de pontos de mais de 80 cartões de crédito internacionais. Foto: Adobe Stock
À medida que o ano chega ao fim, as tão esperadas viagens de férias ficam mais próximas. Para quem pretende cruzar fronteiras, a preparação financeira se torna tão importante quanto o roteiro e é nesse momento que os cartões de crédito internacionais ganham relevância. Entender quais opções oferecem as melhores condições pode fazer toda a diferença no bolso e na experiência do viajante.
Segundo os últimos dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), no terceiro trimestre de 2025, os gastos de brasileiros no exterior, utilizando cartões como meio de pagamento, totalizaram US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 26,3 bilhões), uma expansão de 16,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para viajantes, não faltam opções de cartões de crédito internacionais. Na hora de escolher um, especialistas recomendam atenção a quatro pontos principais: custos, benefícios oferecidos, suporte internacional e experiência digital.
No que se refere aos custos, vale comparar a anuidade dos cartões e o spread, a diferença entre o preço pelo qual a instituição compra a moeda e o valor pelo qual a vende ao cliente – isto é, a margem cobrada para realizar a operação de câmbio.
“Ainda que o cartão ofereça isenção da anuidade perante o cumprimento de metas de gastos ou de manutenção de recursos investidos, deve-se considerar a anuidade como um custo”, sinaliza Clay Gonçalves, planejadora financeira CFP pela Planejar.
Segundo ela, o viajante precisa avaliar o custo em relação aos próprios hábitos de consumo, já que a tentação da “fatura mínima” muitas vezes o leva a focar apenas no benefício de não pagar a anuidade, sem considerar o impacto real no bolso.
Na parte de benefícios, programas de pontos e cashback devem ficar no radar, assim como o acesso a salas VIP e clubes de descontos. Já no quesito usabilidade e experiência, é importante verificar se o cartão oferece versão virtual, um aplicativo eficiente e serviços de concierge, que pode auxiliar em reservas e em outras demandas da viagem.
Cartão de crédito x cartão de débito x conta global: qual escolher?
Para José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, o cartão de crédito é melhor em termos de benefícios e flexibilidade, enquanto o de débito costuma ser mais barato em relação aos custos.
“No débito, fica mais fácil controlar gastos. Por outro lado, o cartão de crédito é mais aceito em hotéis e na locação de veículos, por conta de reservas, além de possuir maiores garantias contra possíveis fraudes”, destaca.
No caso das contas globais, o professor ressalta que elas também tendem a ter um custo menor em comparação ao cartão de crédito. Nesta matéria, consultamos doze instituições que oferecem esse tipo de conta: os spreads não passavam de 2,3%, enquanto no cartão podem chegar a 6% em alguns bancos.
“Uma estratégia interessante seria a utilização da conta global para os gastos do dia a dia e o cartão para compras, locação de veículos e como back-up para emergências”, orienta Filho.
Para quem viaja com frequência, ele recomenda ter mais de um cartão. Caso algum apresente problema, contar com uma ou duas alternativas pode funcionar como uma garantia extra para situações de emergência.
Gonçalves, da Planejar, pondera, porém, que essa estratégia exige cautela. Quanto mais meios de pagamento entram na rotina, mais complexo se torna o planejamento financeiro. E, segundo ela, a consequência mais comum dessa complexidade é justamente o aumento dos gastos.
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Ela reforça ainda a importância de acompanhar de perto o uso do cartão. “O crédito torna as pessoas mais permissivas. Isso pode fazer com que os gastos nas férias ultrapassem o limite estabelecido e, no momento de pagar a fatura, a alegria vira amargura”, alerta.
Qual o melhor cartão internacional? Compare opções de 16 instituições
O E-Investidor consultou 16 instituições, entre bancos, cooperativas de crédito e fintechs, que oferecem cartões de crédito internacionais. A tabela a seguir mostra os custos e o sistema de pontuação de mais de 80 opções:
Já o gráfico abaixo reúne os principais benefícios oferecidos por esses cartões, como seguros, acessos a salas VIP e clubes de descontos. Clique sobre o nome de cada instituição para conferir as vantagens:
Além dele, a maioria das cooperativas de crédito também apresenta isenção desse custo, como Cresol, Sicoob e Unicred. Já o Sicredi trabalha com um spread de 1%, bem abaixo da taxa aplicada por grandes bancos, que chega a 6%.
Cartões emitidos no exterior
O cartão de crédito em dólar da Global Account do Inter tem duas vantagens em termos de custos: spread e IOF zerado. O produto fica livre do imposto por ser emitido no exterior. Também tem anuidade isenta.
O Karta Visa Infinite, da fintech Karta, um cartão americano voltado para brasileiros, é outro que fica de fora da cobrança de IOF. A instituição aplica um spread de 0,69%, que pode ser zerado caso o cliente utilize uma conta bancária nos Estados Unidos. O cartão tem anuidade de US$ 300 (cerca de R$ 1.631 por ano) e oferece 1 ponto por dólar gasto.
Camila Velzi, gerente da Karta no Brasil, avalia que a pontuação não deve ser o fator decisivo na escolha de um cartão. “Se a instituição cobra um spread elevado para oferecer uma grande quantidade de pontos, o cliente precisa entender qual uso real poderá fazer deles. O valor não está apenas na pontuação, mas no benefício concreto que ela entrega em relação aos custos”, diz.
O cartão da Karta é voltado para clientes de alta renda. Segundo Velzi, os parceiros da fintech incluem instituições financeiras, family offices e assessores de investimento que recomendam o produto a seus clientes. Entre os parceiros atuais, está a XP.
Cartões com IOF zerado
No rol de bancos digitais, Nubank e Porto Bank devolvem o valor cobrado de IOF aos clientes. O primeiro garante o estorno automático em até 7 dias, enquanto o segundo faz a devolução via cashback na fatura. O PicPay, por outro lado, aplica o imposto de 3,5%, sem restituição.
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Entre os grandes bancos, o BTG Pactual mantém uma campanha por tempo indeterminado que oferta IOF zero em todas as compras internacionais realizadas com os seus cartões. A instituição, porém, trabalha com um spread de 6%.
Já o Banco do Brasil aplica um IOF reduzido, de 1,1%, para três cartões: Ourocard Visa Infinite, Ourocard Elo Nanquim e Ourocard Mastercard Black. Quanto ao spread, a instituição afirma que a taxa deriva de um cálculo composto por diversas variáveis e pode flutuar em função do cenário macroeconômico.
Cartões de grandes instituições
Bancos como Santander, Bradesco e Itaú oferecem uma ampla gama de opções de cartões de crédito internacionais. O primeiro trabalha com spread de 6%, enquanto os dois últimos não informam a taxa aplicada.
A XP é outra instituição que atua com spread de 6%. Dois de seus cartões apresentam anuidade zerada: o XP One e o XP Infinite. O XP Legacy, por sua vez, tem anuidade de R$ 4,2 mil. Há isenção por 3 meses para novos clientes e isenção total para quem tem patrimônio líquido acima de R$ 3 milhões investidos na XP ou gasto mínimo de R$ 40 mil por fatura mensal. Para gastos superiores a R$ 20 mil por fatura mensal, há um desconto de 50% na parcela da anuidade.
Outra opção disponível é o XP Visa Infinite Privilege, voltado para o público de altíssima renda, que não tem sua anuidade divulgada. Os pontos, por outro lado, são informados: 7% de investback ou 13 pontos por dólar em compras internacionais e até 2,5% de investback ou até 5 pontos por dólar em compras nacionais.