O primeiro mês do ano pareceu interminável, mas já se despede nesta terça-feira (31) e traz um alívio para o bolso dos consumidores. Embora todos saibam que janeiro possui 31 dias, o salário pareceu inferior diante do seu “tamanho”. Na prática, o que mudou foi o surgimento de novos boletos a serem pagos – típicos do início de ano – e o início dos festejos de pré-carnaval em algumas cidades brasileiras.
Na internet, diversos memes viralizaram ao retratar a dificuldade de chegar até o fim do mês com saldo na conta bancária. Ou seja, não foi um mês fácil para os brasileiros.
O “combo” foi o suficiente para que a renda de muitos brasileiros ficasse pequena diante das despesas. Essa foi a sensação da enfermeira Roberta Nobre, de 26 anos, ao longo de janeiro. Além das despesas essenciais como a alimentação e gastos com transporte, Nobre precisou arcar com os custos relacionados ao licenciamento do seu carro, IPVA e ao pagamento da anuidade do registro profissional do Conselho Regional de Enfermagem.
Além disso, precisou se organizar para poder curtir os eventos de pré-carnaval de Fortaleza, cidade onde mora. “Escolhi ir mais para os blocos de rua e levar bebida de casa. No dia a dia, estou evitando comer fora de casa e evitar fazer deslocamentos desnecessários”, diz Nobre, que agora vai ajustar o orçamento para arcar os custos do Carnaval em fevereiro.
O problema é que a chegada de fevereiro não significa que essa “luta” chegou ao fim. Os brasileiros irão enfrentar outros seis meses com 31 dias – março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro – ainda neste ano.
No entanto, nem tudo está perdido. A “solução” pode ser encontrada em um planejamento financeiro anual. Segundo Fernando Bueno, especialista em investimentos da Ágora, é importante que todas as pessoas se organizem para prever com antecedência os períodos de maiores gastos, como os de janeiro.
“O ideal é que as pessoas deixem 50% da sua renda para os gastos fixos, como moradia, alimentação e transporte, e 30% para os gastos variáveis, como diversão. Nesse tipo de gasto, a pessoa precisa ser mais regrada”, afirma. O restante deve ser destinado para investimentos seja para a construção de reserva de emergência ou para outras finalidades financeiras. “É importante que seja fiel a esse planejamento”, acrescenta.
O comportamento de fidelidade deve ser expressa nos hábitos de consumo. De acordo com Ana Flávia Chaves, diretora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (IBEF-CE), em momentos de períodos festivos ou de feriados prolongados, o interessante é que os consumidores economizem nos meses anteriores para que tenham maior poder de compra em meses com maior demanda. “Ou tenho uma reserva para cobrir esse consumo ou inicio o mês sabendo que tenho que gastar menos”, ressalta.
Quando essa postura não é adotada, o resultado costuma ser o endividamento. “As pessoas caem na cilada de comprar no cartão de crédito, sendo que no mês seguinte vai ter que pagar. Ou então, utilizam o cheque especial e ficam endividadas”, acrescenta Chaves.