Educação Financeira

Farmácias vendem remédio com diferença de preço de até 969%, diz Procon-SP

Pesquisa que compara os preços dos medicamentos foi realizada de 5 a 7 de junho em todo o Estado de São Paulo

Farmácias vendem remédio com diferença de preço de até 969%, diz Procon-SP
Medicamentos (Foto: Envato Elements)

Medicamentos podem apresentar diferenças expressivas de preço apenas por serem comercializados em estabelecimentos diferentes. É o que revela a pesquisa anual de preços realizada pelo Procon-SP. Entre os genéricos, a discrepância chegou a 969%: em Presidente Prudente, interior paulista, a Nimesulida de 100mg e 12 comprimidos pode ser encontrada a R$ 31,96 em uma farmácia e a R$ 2,99 em outra, no dia em que os preços foram colhidos.

Na comparação entre medicamentos de referência, a maior variação foi de 166%, na cidade de Guaíra. O Lasix (Furosemida), do fabricante Sanofi-Aventis, 40 mg com 20 comprimidos, foi de R$ 23,94 em um local para R$ 9,00 em outro. Os preços foram considerados com pagamento à vista anunciado no dia, sem adicionar descontos na finalização da compra ou frete.

O estudo foi realizado nos dias 5 a 7 de junho e levou em conta os valores de venda em 126 lojas físicas do interior e litoral do Estado de São Paulo, além de pesquisar preços em seis portais on-line – para estes, usou endereços da região central da Capital paulista como local de referência. O objetivo do levantamento é oferecer valores de referência para os consumidores e reforçar a importância da pesquisa de preços entre estabelecimentos antes de se efetuar a compra.

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A equipe do núcleo de pesquisas da Capital foi a responsável pelos sites e os especialistas dos Núcleos Regionais do Procon-SP, pelos estabelecimentos em cidades como Santos, São José dos Campos, Ribeirão Preto, entre outras. Nos municípios de Araçatuba, Araraquara, Bebedouro, Campinas, Guaíra, Jundiaí, Marília, Ourinhos e São José do Rio Preto, equipes do Procon municipal participaram do levantamento.

Genéricos e Referência

A pesquisa comparou preços médios de medicamentos genéricos e de referência que atendiam às mesmas especificações (dosagem, número de comprimidos, entre outros itens). Em todos os estabelecimentos, os preços médios dos genéricos foram mais baixos do que os de referência. A maior diferença ocorreu em Praia Grande (65,64%).

Nos dados levantados nos sites pela equipe da Capital foram comparados 23 itens comuns às pesquisas deste ano e de 2022. O órgão constatou uma variação positiva de 9,84% no preço médio, acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apresentou variação de 3,94% no período. O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e serve como índice oficial de inflação do País.

A pesquisa

Neste ano, o Procon-SP retomou a pesquisa em cidades do interior e litoral do Estado, que havia sido suspensa em razão da pandemia. Considerando que para cada medicamento de referência pode haver a oferta de um ou mais genéricos, fabricado por diferentes laboratórios, foi preciso definir um critério que viabilizasse a coleta e comparação.

A pesquisa optou por coletar o genérico de menor preço (com a mesma apresentação do de referência), independente do laboratório, encontrado no mesmo momento da coleta de preço do seu equivalente de referência.

Orientações ao consumidor

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que as farmácias e drogarias não podem ultrapassar o preço máximo permitido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) – a lista de preços máximos está disponível no site da Anvisa.

As variações encontradas no mercado podem ocorrer em razão de descontos estabelecidos a critério dos fornecedores, condições locais de mercado e outros fatores comerciais que influenciam na formação dos preços.

Além disso, algumas drogarias de rede estabelecem políticas comerciais diferentes para cada canal de venda (site, loja física, telefone) e sistemas de franquia nem sempre adotam uma política única de preço entre os próprios franqueados, o que pode resultar em ofertas diferentes.

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Medicamentos controlados (tarjas-preta, antibióticos e outros definidos pela Anvisa) não podem ser vendidos sem apresentação e retenção da receita médica original. Os sites podem oferecer o remédio, informar o seu preço, mas não podem fornecê-los sem a prévia apresentação e devida retenção da receita.