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Educação Financeira

Vilã da inflação: preço da laranja dispara no ano. Qual o impacto no bolso do consumidor?

Preço da fruta saltou 10,02% no último IPCA, sendo o alimento que mais subiu no mês; entenda o que está acontecendo

Vilã da inflação: preço da laranja dispara no ano. Qual o impacto no bolso do consumidor?
Laranja foi a vilão dos alimentos na inflação de setembro. Foto: Adobe Stock
O que este conteúdo fez por você?
  • Eventos climáticos extremos afetam a produção e colheita da safra de laranja, afetando na oferta da fruta e aumento de custos
  • Desde o ano passado, secas e queimadas têm crescido entre as regiões com produção da laranja
  • Outros fatores para além do clima também afetam no custo de produção, que tem o valor repassado para o consumidor

A laranja foi a grande vilã entre os alimentos na inflação de setembro. No último mês, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,44%, sendo que o valor da fruta disparou 10,02% no período. Vale dizer que a tendência de alta no preço da laranja não reflete apenas os últimos 30 dias e, para os especialistas, esse cenário pode perdurar – o que implica em pressão no orçamento do brasileiro que consome o produto regularmente.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Matheus Dias, explica que eventos climáticos extremos, como secas ou chuvas intensas, observados nos últimos anos, prejudicaram as safras de laranja. “São alimentos que demandam um ciclo de maturação e colheita que pode ser afetado por climas extremos. Nesses casos, o produtor repassa esse aumento do custo para o consumidor — isso se não houver redução da oferta, que também faz o preço subir”, diz.

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Conforme o Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC – DI), elaborado pela FGV, considerando a variação no acumulado dos últimos 12 meses, mostra que a inflação no preço da laranja-pêra tem escalado no último ano. Veja mais detalhes no gráfico acima. De julho para cá, inclusive, a valorização mensal acumulada tem sido acima de 50%.

Dias lembra que desde o ano passado ocorrem secas e queimadas em São Paulo, que é o Estado com maior produção de laranja no País. Esse cenário não apenas persistiu em 2024, como no segundo semestre disparou. Nos meses de agosto e setembro, a alta no número de incêndios foi de 926% e 572%, respectivamente, na comparação com os mesmos meses em 2023, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Preço da laranja está alto?

Olhando para os preços praticados pelos produtores de laranja, a rota de alta se confirma. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que a caixa de 48 quilos já mantinha uma tendência de valorização, com um salto maior no segundo semestre — período que coincide com o crescimento das queimadas. Em um ano, o valor que é vendido pelo produtor subiu 130%. Confira os detalhes abaixo:

Como aliviar a alta da laranja no orçamento de casa

Para os especialistas ouvidos pelo E-Investidor, essa situação pode mudar dependendo das condições climáticas vigentes. No entanto, existem outros fatores que influenciam no preço da laranja. Fabrício Tonegutti, especialista em tributação para varejo e sócio da Mix Fiscal, frisa que nos últimos anos tem havido um aumento no custo dos insumos, especialmente os fertilizantes. “A ureia, um dos principais fertilizantes utilizados na agricultura, teve um aumento de 15%, enquanto outros componentes subiram cerca de 5%.”

Ele destaca também que pragas e outras infestações podem ser favorecidas em um cenário adverso, de mais chuva ou tempo seco, o que demanda o uso de produtos e técnicas do produtor de laranja. Junto a isso, o preço da logística aumentou com a alta do diesel e da gasolina. “Todos esses custos acabam sendo repassados para o consumidor final”, reforça.

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Para quem está buscando formas de continuar consumindo o alimento, mas sem pesar demais no bolso, a educadora financeira Aline Soaper lembra que nas feiras livres é possível encontrar alimentos em natura, caso da laranja, com preços reduzidos. “Principalmente na hora da ‘xepa’, quando os feirante não querem ficar com aquele produto para o dia seguinte. Além disso, trata-se de uma fruta mais ‘fresca’ do que a vendida nos mercados, que pode estar há dias ou semanas na gôndola”, explica.