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Educação Financeira

Renato Breia: ‘O prognóstico macro ainda é desafiador em ano eleitoral’

Sócio-fundador da Nord fala sobre as perspectivas para o mercado em 2022 e importância do perfil de risco

Renato Breia: ‘O prognóstico macro ainda é desafiador em ano eleitoral’
Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research. (Foto: Nord Research)

O mercado financeiro brasileiro sempre sofreu com grandes solavancos, mas nada parecido com o que houve nos últimos dois anos. Para dar fôlego à economia frente à paralisação trazida pela crise do coronavírus, o Banco Central baixou os juros para a mínima histórica de 2% em 2020, o que minou os ganhos na renda fixa.

Em busca de maiores retornos, os investidores saíram de aplicações conservadoras e migraram para a Bolsa. Hoje, a B3 conta com 4,2 milhões de CPFs, mas o cenário que moveu boa parte dessas pessoas para ativos de risco já não existe mais.

A inflação se mostrou mais forte e persistente que o esperado e a Selic saiu rápido das mínimas para os atuais 9,25%. O Ibovespa caiu 11,9% em 2021, na contramão dos pares estrangeiros, e pegou muitos investidores (até os mais experientes) de surpresa. Dada essa situação, a importância de se respeitar o perfil de risco é cada vez mais notória – principalmente em um ano eleitoral, como 2022.

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Para entender melhor esse assunto e os rumos do mercado financeiro brasileiro, Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research, participou nesta terça-feira da live ‘Renda fixa e renda variável – qual o seu perfil?’.

O bate-papo faz parte da ‘Maratona das Finanças 2022’, programação especial promovida pelo E-Investidor, que inclui entrevistas, lives e reportagens com grandes especialistas em investimentos e finanças. Ricardo França, especialista da Ágora Investimentos, também participou da conversa.

A inscrição para participar da Maratona pode ser feita por meio deste formulário.

Na visão de Breia, por exemplo, a receita perfeita para perder dinheiro nos últimos anos foi ‘dançar conforme a música’ em vez de respeitar as próprias características e seguir uma estratégia consistente. Isto é, sair da Bolsa quando ela estava em queda e voltar quando o Ibovespa estava em alta. De mesma forma, sair da Bolsa só porque os juros voltaram a subir.

“Precisamos lembrar que passamos por ciclos de mercado que nunca tínhamos visto na história. O juro muito baixo, de 2%, acabou levando pessoas para a renda variável que não tinham perfil para isso. O perigo é a pessoa sair de uma classe de ativos no pior momento”, afirma Breia.

Ativos defensivos e diversificação

Uma questão importante levantada pelo especialista é a importância de construir uma carteira que, mesmo em momentos de baixa da Bolsa, consiga ter um bom desempenho. Dessa forma, evita-se o efeito manada de vender na baixa e comprar na alta.

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“A maior parte dos nossos portfólios está focado em exportadoras, que são empresas que se tudo continuar bem, elas vão bem. E se tudo continuar mal, elas têm uma defesa muito grande”, explica Breia. “As pessoas sempre pensam quanto podem ganhar com os investimentos, mas não colocam na conta quanto que podem perder. É importante saber o quanto pode perder se você estiver errado sobre aquele ativo.”

Uma ferramenta essencial de proteção ao investidor é a diversificação. Breia, por exemplo, tem em seu portfólio pessoal alocações no exterior e naBolsa brasileira, uma parcela em renda fixa para reserva de emergência e uma fatia menor em criptomoedas.

França, da Ágora, investe com visão de longo prazo e empresas de valor. “Tenho um percentual maior da minha carteira em ação, tanto aqui no Brasil como fora. O mercado evoluiu muito nos últimos anos e o investidor tem muitas opções acessíveis de investimento no exterior”, explica.

Entre os ativos preferidos de Breia estão as instituições financeiras BTG e XP, a petroleira PetroRio e as locadoras de automóveis Unidas e Movida. Já França vê um cenário positivo para bancos tradicionais, que costumam ser resilientes em momentos de crise, além de companhias ligadas a commodities, como Vale, e siderúrgicas como Gerdau e Usiminas.

Eleições

O ambiente político instável deve provocar alguma volatilidade no mercado. Em situações como esta, é preciso suportar as oscilações dos ativos.

“O prognóstico macro ainda é desafiador em ano eleitoral”, afirma Breia. “O importante é não entrar em pânico se o cenário começar a se deteriorar. Acho arriscado as pessoas esperarem as eleições passarem para tomar alguma decisão de investimento. Para quem não quer correr risco de eleições, você tem uma renda fixa pagando 1% ao mês.”

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Essa também é a visão de França. “Caímos de novo no assunto de diversificação a setores diferentes, construir um portfólio saudável, que vai valer para ano de eleições e para daqui quatro anos”, explica.

 

 

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